Existem diversos motivos para visitar a Ilha do Corvo, a sua beleza deslumbrante, os seus habitantes e a sua história, pelo papel que teve no combate aos piratas.
A ilha do Corvo tem características peculiares. Esta é a ilha mais pequena das nove ilhas dos Açores, sendo também a ilha que se situa mais a norte do arquipélago. Nesta ilha apenas existem 400 habitantes. A ilha tem apenas 17 quilómetros quadrados (cerca de 6km de comprimento e 4km de largura).
É uma ilha com uma beleza incomum e que tem na sua história uma das suas grandes qualidades. Pois, a ilha que tem a icónica Lagoa do Caldeirão, serviu como um dos refúgios preferidos dos corsários.
Corvo: a ilha dos Açores que venceu os piratas
A ilha do Corvo
Tem a ilha das Flores como vizinha, encontram-se a uma distância de 24 km. Assim, numa lancha rápida chega-se à outra ilha numa viagem de 1 hora. Esta pequena ilha, que se encontra cercada por águas muito profundas e ruidosas, foi originada por um vulcão há cerca de 700 mil anos, um vulcão que se encontra inativo.
A montanha escarpada que se faz notar do mar, revela-se mais alta de um lado do que do outro, sendo o chamado Monte Gordo. Nele está presente um dos postais turísticos da ilha, o Caldeirão, uma ampla cratera vulcânica que se encontra abrigada pelo Monte Gordo.
A vila
A pequena comunidade local vive toda no mesmo município, na Vila do Corvo, encontrando-se quase que incrustada nas pedras, na ala mais plana do território. Visitar a ilha do Corvo pode revelar-se uma experiência bem singular para quem está habituado a uma realidade cosmopolita.
A população local vive da agricultura, pesca e pecuária, tem carroças puxadas por animais. A tranquilidade é uma qualidade do quotidiano na ilha do Corvo, um espaço onde a natureza selvagem é respeitada e onde o silêncio só é interrompido pelo barulho das ondas do mar.
A História
A descoberta da ilha do Corvo remonta ao século XV, em 1450, sensivelmente. Por essa altura, a ilha das Flores também foi avistada e explorada pela primeira vez por Diogo de Teive, navegador português.
Contudo, o pequeno território não despertou grande interesse aos lusitanos, pelo menos no imediato, por via do isolamento e da falta de um porto seguro.
Assim, só começaram a ser enviados colonos (que visavam explorar o cultivo da terra e a criação de gado) em meados do século XVI, alguns vindos das Flores.
Refúgio
Era um local pouco apetecível para a maioria dos navegadores devido à sua posição geográfica. A Ilha do Corvo serviu como refúgio para pessoas menos recomendáveis, sendo o espaço preferido para piratas, saqueadores e corsários. Assim, ficou famosa por ser um refúgio para estas pessoas que encontravam na ilha um abrigo nas respetivas encostas, fazendo reféns depois de saquear as casas dos habitantes do Corvo.
A experiência a lidar constantemente com os intrusos endureceu o povo local, os corvinos, habitantes da ilha do Corvo, passaram a ficar conhecidos pela sua valentia e a serem mais respeitados.
Com o passar do tempo, estas pessoas passaram a negociar com os que apareciam na ilha, fornecendo água, alimentos e homens em troca de proteção e dinheiro, podendo ainda oferecer outro tipo de serviços, como reparação dos danos dos navios e tratamento dos doentes.
O ano 1632
Neste ano, a ilha do Corvo sofreu duas tentativas de desembarque de piratas, mas revelaram a verdadeira resistência corvina! Os piratas eram oriundos da Barbária, no norte de África.
Eles pilhavam, saqueavam e incendiavam povoações no ocidente europeu, contudo, neste ano os intrusos foram “convidados” a dar meia-volta e seguir caminho, pois, a população desta ilha uniu esforços com o arremesso de pedras e conseguiu demover a tentativa de invasão.
A lenda
De acordo com a lenda local, a padroeira da Ilha do Corvo ajudou a população de forma incansável. Diz-se que a Nossa Senhora do Rosário foi mesmo responsável por desviar todos os tiros disparados pelos piratas, fazendo com que os tiros voltassem ao ponto de partida, multiplicando-os.
Ou seja, milagrosamente os tiros estavam a derrotar os invasores. Foi dessa forma que a santa foi rebatizada para Nossa Senhora dos Milagres. A sua memória repousa numa igreja inteiramente dedicada a esta santa, a igreja está presente numa das artérias da Vila do Corvo.
No século XIX
Neste ano a bravura singular dos corvinos voltou a ser comprovada. De acordo com os historiadores, um grupo de habitantes desta ilha pretendia aliviar o tributo pago ao donatário da ilha e à coroa portuguesa, pois era considerado demasiado pesado.
Assim, determinados, os habitantes do Corvo foram até à Terceira (uma das nove ilhas do arquipélago dos Açores). Mouzinho da Silveira era o ministro do rei D. Pedro IV, sendo o responsável que se encontrava a organizar a luta liberal a partir de Angra (Terceira, Açores).
Mouzinho da Silveira ficou verdadeiramente impressionado com aqueles homens, pela coragem que demonstraram por procurá-lo e por superarem tantas suportadas dificuldades. O respeito pelos homens do Corvo ficou demonstrado pela consequência, pois Mouzinho da Silveira propôs a anulação do imposto em dinheiro, tendo ainda reduzido para metade o pagamento em trigo.
A povoação do Corvo foi elevada a vila e sede de concelho pouco tempo depois, passando assim a denominar-se Vila do Corvo. Este nome histórico manteve-se até ao presente, sendo considerado o local habitado mais isolado de Portugal.
Fotos muito bonitas do Caldeirão.
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