A Ordem do Templo, mais conhecida pelos seus membros como Templários, foi uma das mais influentes e misteriosas ordens militares e religiosas da Idade Média. Contudo, o seu legado foi abruptamente interrompido no início do século XIV, através de um processo político e religioso que culminou na sua extinção oficial em 1314. Liderado por Filipe, o Belo, rei de França, com o apoio do Papa Clemente V, este processo ficou marcado pela brutal perseguição, tortura e morte de muitos cavaleiros, incluindo o Grão-Mestre Jacques de Molay, queimado na fogueira em Paris.
O início do fim
Tudo começou em 1308, com uma bula papal que iniciava um processo de investigação sobre as atividades dos Templários. Esta bula abriu caminho para acusações de heresia e para a confiscação dos seus vastos bens.
Em 1309, uma nova bula foi emitida, desta vez ordenando a prisão dos Freires de Cristo, um reflexo das crescentes tensões entre a Coroa francesa e a Igreja. Finalmente, em 1312, o Papa Clemente V decretou oficialmente a extinção da Ordem do Templo, transferindo todos os seus bens para a Ordem do Hospital.
A dispersão dos Templários
Apesar das perseguições, nem todos os cavaleiros foram capturados. Muitos conseguiram escapar para outras regiões da Europa, como a Escócia, Suíça e Portugal.
Em vários desses locais, mudaram de identidade e fundaram novas organizações, preservando parte do seu conhecimento e tradições. Um dos grandes mistérios associados à extinção da Ordem é o desaparecimento da sua poderosa esquadra naval.
Pouco depois das primeiras prisões em França, toda a esquadra zarpou durante a noite, nunca mais sendo vista. Este desaparecimento deu origem a inúmeras teorias sobre a sobrevivência secreta da Ordem.
A Ordem de Cristo: um novo começo em Portugal
Em Portugal, o rei D. Dinis mostrou resistência à perseguição aos Templários. Em vez de entregar os bens da Ordem à Igreja ou à Coroa francesa, criou em 1318 uma nova organização: a Ordem dos Cavaleiros de Cristo.
Esta ordem herdou todas as propriedades e fortalezas dos Templários em Portugal, preservando a sua influência e simbolismo. Muitos antigos Templários juntaram-se à nova ordem, protegidos pelo rei e mantendo a sua honra intacta.
Contudo, não há consenso entre os historiadores sobre se a Ordem de Cristo era uma continuação direta da Ordem do Templo ou uma organização completamente nova.
A Ordem de Cristo e a expansão marítima portuguesa
Com o tempo, a Ordem de Cristo desempenhou um papel central na expansão marítima de Portugal. Sob a liderança do Infante D. Henrique, também conhecido como o Navegador, a Ordem financiou explorações, construiu estaleiros e escolas náuticas, e desenvolveu mapas costeiros que permitiram a navegação segura para territórios desconhecidos. O seu emblema, a cruz orbicular, adornava as velas dos navios que descobriram o Brasil e alcançaram a Índia.
Entre os séculos XV e XVI, a Ordem de Cristo foi crucial na criação do primeiro império global, com postos avançados desde a África à Ásia e América.
Estes territórios não só garantiram riquezas materiais como também permitiram a difusão do Cristianismo, um objetivo caro à Ordem. A diocese do Funchal, criada em 1514, tornou-se a maior do mundo na época, abrangendo todos os territórios ultramarinos portugueses.
A herança dos Templários
Ao longo dos séculos, a Ordem de Cristo evoluiu, adaptando-se às necessidades e contextos de cada época, explica a VortexMag. Apesar disso, o seu legado está profundamente enraizado na história e identidade de Portugal.
Desde os primeiros descobrimentos até à globalização moderna, os ideais e conhecimentos herdados dos Templários moldaram o destino do país e do mundo.
A história da Ordem do Templo e da Ordem de Cristo continua a fascinar historiadores e entusiastas, representando um período de transição e resistência, onde o conhecimento e a coragem foram ferramentas essenciais para a sobrevivência e o progresso.