A morte trágica de Diogo Jota continua a ecoar no coração dos portugueses e do mundo do futebol. O jovem futebolista, que perdeu a vida no dia 3 de julho, juntamente com o irmão André Silva, num acidente de viação em Espanha, tornou-se recentemente alvo de um esquema fraudulento que está a indignar a opinião pública e a gerar revolta entre especialistas e comentadores.
Segundo revelou o diário britânico The Telegraph, surgiu uma alegada “Fundação Diogo Jota”, criada apenas dias após a morte do atleta. A organização, que entretanto já terá angariado mais de 54 mil euros, funcionava através de um site onde era possível doar exclusivamente em criptomoedas – uma estratégia que, segundo especialistas, facilita o desaparecimento do dinheiro sem deixar rasto.
Indignação em direto na televisão
No programa V+ Fama, transmitido na manhã desta sexta-feira, dia 22, pelo canal V+, a notícia foi analisada com emoção e perplexidade.
Adriano Silva Martins deu voz à revolta que esta burla está a causar:
“Mais uma burla em nome de Diogo Jota. O diário britânico The Telegraph dá conta de que existe uma fundação com o seu nome, criada poucos dias após a morte, que já arrecadou milhares de euros. Isto é grave, é um aproveitamento da imagem de um homem que morreu de forma inesperada. Não tenho palavras.”
Também Guilherme Castelo Branco não escondeu a indignação, sublinhando a natureza duvidosa do esquema:
“Isto é execrável. Nunca tinha visto um site em que só é possível doar em criptomoedas. Para quem não sabe, é para o dinheiro entrar e não deixar rasto. E, curiosamente, se tentarem aceder ao site agora, já desapareceu.”
A atriz e apresentadora Isabel Figueira juntou-se ao coro de críticas, apelando à consciência de quem lucra com a dor alheia:
“Isto é nojento. Não se faz. Estamos a falar de fraude, mas sobretudo de uma família destroçada que ainda está a tentar lidar com a perda.”
Fraudes digitais em nome de figuras públicas
O caso da alegada “Fundação Diogo Jota” expõe um fenómeno cada vez mais comum: o aproveitamento do nome de personalidades públicas, sobretudo em situações de tragédia, para enganar fãs e simpatizantes. Especialistas em cibersegurança sublinham que os criminosos exploram a comoção coletiva e a vontade genuína das pessoas em ajudar. A rapidez com que o site foi criado, logo após a tragédia, demonstra um planeamento frio e oportunista, que visou atingir o público quando este se encontrava mais vulnerável emocionalmente.
A escolha das criptomoedas como única forma de doação não foi acidental: trata-se de uma estratégia usada frequentemente por redes fraudulentas, uma vez que dificulta a rastreabilidade das transações e permite o desaparecimento quase imediato dos fundos.
A dor da família e a memória de um atleta
Para a família de Diogo Jota, que ainda se encontra em luto profundo, este episódio representa uma segunda agressão: depois da perda irreparável, vê agora o nome do filho e irmão ser manipulado por burlões sem escrúpulos.
Diogo Jota era mais do que um futebolista talentoso; era um jovem com um futuro promissor, admirado pela sua dedicação, pela humildade fora de campo e pela paixão que colocava em cada jogo. A sua morte deixou uma ferida no desporto português e internacional. Que o seu nome seja agora associado a uma fraude é não só uma injustiça, mas também uma falta de respeito pela sua memória e legado.
Como identificar e evitar este tipo de burla
A tragédia serve também de alerta para todos os cidadãos. As burlas digitais estão cada vez mais sofisticadas, mas existem sinais que devem levantar desconfiança:
- Criação repentina de sites logo após acontecimentos mediáticos.
- Donativos apenas em criptomoedas ou métodos de pagamento sem proteção legal.
- Ausência de contactos oficiais verificáveis, como sede, telefone ou e-mail institucional.
- Falta de certificação ou transparência quanto à finalidade das doações.
- Pressão emocional exagerada em mensagens de angariação.
Em caso de dúvida, é recomendável verificar junto de órgãos de comunicação social fidedignos ou entidades oficiais se a campanha é legítima. Sempre que houver suspeita de fraude, deve ser feita denúncia imediata às autoridades, como a Polícia Judiciária ou a ASAE.
Um apelo à responsabilidade coletiva
O caso da falsa “Fundação Diogo Jota” é um triste reflexo da era digital: a rapidez com que a informação se propaga pode ser usada para unir pessoas em solidariedade, mas também para explorar a dor coletiva. Cabe às autoridades investigar e punir os responsáveis, mas também à sociedade manter-se vigilante.
Mais do que nunca, é essencial proteger a memória de quem partiu e a dignidade das famílias que sofrem. O nome de Diogo Jota deve ser recordado pela sua entrega ao futebol, pelo sorriso dentro e fora de campo e pelo impacto positivo que deixou em milhares de pessoas – não como bandeira de um esquema fraudulento.
Stock images by Depositphotos