A partir de 12 de outubro, viajar do Reino Unido para Portugal — ou para qualquer outro país pertencente ao espaço Schengen — deixará de ser exatamente como antes. O Governo britânico publicou um aviso oficial no portal GOV.UK, confirmando a entrada em vigor do Entry Exit System (EES), o novo sistema europeu de controlo de fronteiras que promete transformar a forma como os viajantes de países terceiros entram e saem da Europa.
O EES representa uma das maiores mudanças nos procedimentos fronteiriços das últimas décadas. O tradicional carimbo no passaporte deixará de existir, sendo substituído por um registo eletrónico automatizado que recolherá e armazenará dados sobre cada entrada e saída do espaço Schengen. O objetivo é reforçar a segurança, reduzir o risco de permanências ilegais e garantir o cumprimento rigoroso da regra dos 90 dias de estadia em cada período de 180 dias.
Recolha biométrica à chegada: impressões digitais e fotografia facial
De acordo com o aviso oficial do GOV.UK, os viajantes provenientes do Reino Unido deverão, à chegada, fornecer dados biométricos, como impressões digitais e uma fotografia facial, através de quiosques automáticos ou postos de controlo instalados nas fronteiras. O processo é gratuito, não requer qualquer registo prévio e será conduzido no momento da chegada ao espaço Schengen.
No momento da saída, as autoridades poderão repetir a recolha de dados para confirmar que o viajante deixou o território europeu dentro do prazo permitido. As crianças com menos de 12 anos estão dispensadas de fornecer impressões digitais, mas poderão ainda ser fotografadas para completar o registo.
Este sistema permitirá às autoridades saber, com total precisão, quando e por onde cada viajante entrou e saiu da Europa, eliminando lacunas no controlo de permanências e contribuindo para um maior rigor na gestão de fronteiras.
Possíveis atrasos e filas mais longas nas fronteiras
O Governo britânico adverte que, durante os primeiros meses de funcionamento do EES, poderão ocorrer atrasos nos controlos fronteiriços. A recolha biométrica é um processo mais detalhado do que o simples carimbo no passaporte, e a transição exigirá tempo e adaptação por parte dos viajantes e das autoridades.
As filas nos aeroportos e fronteiras terrestres poderão aumentar, sobretudo em períodos de maior afluência turística, como o Natal ou o verão. Por isso, as autoridades recomendam que os viajantes cheguem com antecedência e contem com tempos de espera superiores aos habituais.
O EES será implementado de forma gradual, o que significa que nem todos os pontos de entrada adotarão o sistema no mesmo dia. Em alguns aeroportos e portos marítimos, o processo poderá demorar até seis meses a estar totalmente operacional. Durante esta fase de transição, os passaportes continuarão a ser carimbados manualmente, mesmo que o viajante já tenha realizado o registo biométrico.
Um sistema pensado para reforçar a segurança e simplificar o controlo
A União Europeia apresenta o Entry Exit System como um avanço tecnológico essencial para modernizar o controlo de fronteiras e combater abusos de permanência. O sistema vai permitir identificar automaticamente quem ultrapassa o tempo máximo de estadia no espaço Schengen, um problema que afeta milhares de viajantes todos os anos.
Além disso, o EES pretende aumentar a segurança coletiva, tornando mais fácil detetar entradas irregulares e fortalecer a cooperação entre os Estados-Membros. O objetivo é que o processo se torne, a médio prazo, mais rápido, eficiente e fiável, reduzindo a necessidade de controlo manual e os riscos de erro humano.
Impacto direto para quem viaja entre o Reino Unido e Portugal
Os cidadãos britânicos, que após o Brexit passaram a ser considerados viajantes de países terceiros, serão dos principais afetados por esta mudança. Quem viajar para Portugal ou outros destinos europeus terá de passar pelo novo sistema, mesmo em viagens curtas.
No caso português, os aeroportos de Lisboa, Porto, Faro e Funchal já estão a preparar-se para instalar quiosques e equipamentos dedicados à recolha de dados biométricos, acompanhando a implementação progressiva do sistema em todo o espaço Schengen.
Tal como referido pelo GOV.UK e apesar dos eventuais constrangimentos iniciais, as autoridades europeias garantem que o EES trará benefícios duradouros, tornando o controlo fronteiriço mais seguro e transparente, tanto para os viajantes como para os países de destino.
Em suma, a partir de outubro, viajar para Portugal a partir do Reino Unido exigirá um pouco mais de paciência e adaptação — mas também marcará o início de uma nova era no controlo de fronteiras europeias, explica o Postal. Um passo decisivo rumo a uma Europa mais conectada, segura e tecnologicamente avançada.
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