O azeite, um dos pilares da dieta mediterrânica, tem sido um tema quente nos últimos anos devido ao aumento significativo dos preços. O apelidado “ouro líquido” tornou-se uma preocupação para os consumidores portugueses, especialmente para os que dependem dele diariamente. Contudo, surgem agora sinais de alívio: os preços, que atingiram máximos históricos, estão finalmente a recuar.
De acordo com dados da Infaoliva, citados pela publicação espanhola El Economista, o preço do azeite registou uma descida de cerca de 37% face aos máximos observados em janeiro de 2024. Pela primeira vez desde 2023, o custo por litro regressa à marca dos cinco euros. As projeções da Deoleo, a maior produtora de azeite do mundo, apontam para a possibilidade de uma redução ainda mais acentuada, com os preços a caírem até 50% face aos valores mais altos.
O futuro: descida gradual e recuperação lenta
Miguel Ángel Guzmán, diretor de vendas da Deoleo, comentou recentemente em entrevista à CNBC que, apesar das notícias encorajadoras, o caminho para a normalização será gradual. Guzmán destaca:
“As perspetivas são positivas, mas não devemos esperar uma descida abrupta. Continuamos numa fase de tensão nos preços, especialmente no caso dos azeites de maior qualidade, como o Extra Virgem.”
A previsão é que a descida gradual se prolongue até ao início de 2024, dependendo das condições climáticas e da colheita. Se tudo correr bem, os preços poderão estabilizar em torno dos cinco euros por litro, um valor considerado “razoável” para aliviar a pressão no mercado.
A crise climática e o impacto na produção
A principal causa da crise dos últimos anos foi a sucessão de condições climáticas adversas na região do Mediterrâneo, especialmente em Espanha, o maior produtor mundial. Secas severas e calor extremo limitaram significativamente a produção, reduzindo o volume disponível no mercado e impulsionando os preços.
No entanto, as perspetivas para a colheita de 2024/2025 são otimistas. Segundo o Ministério da Agricultura, Pesca e Alimentação de Espanha (MAPA), a produção poderá atingir 1.262 mil toneladas, um aumento de 48% em relação ao ano anterior e 4% acima da média desde 2018. Este aumento reflete a recuperação gradual das condições climáticas favoráveis.
O que esperar nos supermercados?
Apesar das boas notícias, ainda há questões pendentes. Um dos grandes desafios será compreender como a descida de preços se traduzirá nas prateleiras dos supermercados.
A cadeia de produção e distribuição do azeite é complexa, e os consumidores nem sempre veem de imediato as descidas nos custos refletidas no preço final.
Além disso, o impacto será diferente dependendo da qualidade do azeite. Os azeites Extra Virgem, frequentemente mais caros, poderão manter preços relativamente elevados devido à sua maior procura e ao cuidado necessário na produção.
Uma nova fase para a indústria do azeite
Especialistas concordam que estamos a entrar numa nova fase para a indústria do azeite, explica a Executive Digest. Depois de anos de dificuldades, os sinais de recuperação oferecem um alívio tanto para os consumidores como para os produtores. Contudo, a sombra das alterações climáticas continua a pairar sobre o setor, lembrando-nos de que futuras crises podem surgir se as condições meteorológicas se agravarem.
O impacto no orçamento das famílias portuguesas
Em Portugal, onde o azeite é um elemento essencial da culinária tradicional, o impacto destes aumentos foi profundamente sentido. Muitos consumidores foram forçados a racionar o consumo ou a optar por marcas mais económicas.
Com a esperada estabilização dos preços, há esperança de que as famílias possam retomar o uso regular deste ingrediente vital.
Enquanto aguardamos que as descidas se consolidem, fica claro que a crise do azeite trouxe importantes lições sobre a necessidade de diversificar as fontes de produção e de investir em práticas agrícolas mais resilientes. Por agora, a luz no fim do túnel é um motivo de celebração para todos os que valorizam o sabor único do azeite.