As pensões mais baixas deverão voltar a registar um aumento real acima da inflação em 2026, trazendo um novo alívio financeiro e um reforço do poder de compra para milhares de reformados portugueses. A boa notícia resulta da fórmula legal de atualização das pensões, que combina o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) com a evolução dos preços, e que, segundo as previsões, voltará a favorecer os pensionistas de rendimentos mais modestos.
De acordo com o portal Executive Digest, os indicadores económicos mais recentes apontam para um cenário de crescimento sustentado e uma valorização significativa das pensões no próximo ano — prolongando a tendência positiva dos três anos anteriores, durante os quais os reformados com pensões mais baixas foram os principais beneficiados.
Crescimento económico impulsiona atualização das pensões
A fórmula de atualização em vigor estabelece que as pensões sobem de forma mais expressiva sempre que a média de variação real do PIB a dois anos seja igual ou superior a 2%.
Quando essa condição se confirma, as pensões até 1.045 euros recebem um acréscimo adicional até 0,5 pontos percentuais acima da inflação, garantindo um aumento real de rendimento.
Já as pensões entre 1.045 e 3.135 euros acompanham a inflação, assegurando a manutenção do poder de compra, enquanto as mais elevadas tendem a registar subidas mais modestas.
Segundo o mesmo portal, se o crescimento médio ultrapassar os 3%, todas as pensões abrangidas pela atualização anual acompanham, no mínimo, a taxa de inflação.
Os cálculos finais dependem de dois indicadores-chave:
- a inflação média dos últimos 12 meses, sem habitação, divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) em novembro;
- e a média de crescimento do PIB até ao terceiro trimestre, publicada a 30 de outubro.
Subidas previstas para 2026: o que esperar
De acordo com o Jornal de Negócios, citado pela Executive Digest, o Banco de Portugal estima uma variação em cadeia de 0,7% no terceiro trimestre, colocando o PIB médio dos últimos dois anos em 2,11%. Mesmo com um eventual abrandamento da economia, é pouco provável que o valor desça abaixo dos 2%, o que garante um aumento adicional para o escalão mais baixo de pensões.
Com base nestas estimativas:
- As pensões até 1.045 euros deverão ter uma atualização de 2,70%;
- As pensões entre 1.045 e 3.135 euros deverão subir 2,11%;
- As pensões acima de 3.135 euros deverão aumentar 1,86%, o que poderá traduzir-se numa ligeira perda de poder de compra.
Estes valores poderão ainda ser ajustados consoante a evolução dos dados macroeconómicos e eventuais medidas complementares do Governo.
O efeito acumulado das medidas extraordinárias
Nos últimos anos, os pensionistas de rendimentos mais baixos foram também os principais beneficiados com medidas extraordinárias de apoio.
Segundo a Executive Digest, entre 2016 e 2024, as pensões mínimas e intermédias registaram um aumento real acumulado de 0,7%, enquanto as mais elevadas perderam poder de compra.
No entanto, a soma dos aumentos extraordinários, dos bónus anuais (em 2022, 2024 e 2025) e do fim da contribuição extraordinária de solidariedade resultou num ganho real médio de 9,8% ao longo da última década.
Em 2025, por exemplo, as pensões até 1.527 euros receberam um reforço adicional de 1,25 pontos percentuais acima da fórmula legal. Fontes próximas do Executivo de Luís Montenegro admitem que, caso exista folga orçamental, poderá haver novo bónus extraordinário em 2026, reforçando ainda mais os rendimentos dos reformados.
2026: um novo ano de esperança para os reformados
Com o atual cenário económico e a tendência de crescimento moderado do PIB, 2026 deverá consolidar-se como mais um ano de ganhos reais para os pensionistas de rendimentos mais baixos.
De acordo com o Postal, a conjugação entre o crescimento económico, a estabilidade dos preços e a fórmula automática de atualização deverá assegurar que o poder de compra se mantém — ou até se reforça — num contexto de inflação controlada.
Contudo, os próximos meses serão decisivos. O Parlamento irá debater se o aumento das pensões ficará limitado à fórmula legal ou se o Governo avançará com medidas extraordinárias de valorização.
A decisão final poderá ditar se o novo ano trará apenas uma atualização técnica ou um verdadeiro reforço de dignidade para quem trabalhou toda uma vida e espera agora um pouco mais de justiça social.