Descubra um pouco da vida de uma mulher invulgar. Antónia Pusich tornou-se na primeira jornalista em Portugal. Foi proprietária e diretora de 3 jornais.
Ao longo da história do nosso país, foram vários os homens a ser enaltecidos pelos seus méritos. Muitos portugueses que conseguiram feitos que encantaram e orgulharam o povo. No entanto, houve sempre mulheres portuguesas que fizeram coisas incríveis e ainda tiveram de lidar com diversos obstáculos próprios do seu tempo.
Uma das mulheres que conseguiu fazer a diferença no nosso país foi Antónia Pusich. Descubra um pouco da vida de uma mulher invulgar. Antónia Pusich tornou-se na primeira jornalista, proprietária e diretora de 3 jornais.
Saiba quem foi Antónia Pusich, a primeira jornalista portuguesa!
Contexto
Antónia Pusich viveu numa época em que era comum que as poucas mulheres escritoras optassem por esconder a sua identidade. Elas omitiam até o seu género no pseudónimo, pois um nome feminino era tido como menos comercial, já que havia o preconceito de ler conteúdos vindos de uma escritora.
Nascimento
Antónia Gertrudes Pusich foi uma mulher portuguesa incomum. Ela nasceu em Cabo Verde e fez carreira em Portugal. Ela revelou ter um talento e uma ousadia invulgares. Antónia Pusich, como ficou conhecida, nasceu no dia 1 de outubro de 1805. O seu pai, António Pusich, era um militar croata. A sua mãe era Ana Maria Isabel Nunes.
Educação
O seu pai trabalhava como militar na ilha de Cabo Verde, espaço onde Antónia nasceu e viveu durante toda a sua juventude. Nesse país, Antónia recebeu uma educação privilegiada. Antónia exerceu a função de secretária durante toda a vida do seu pai.
Família(s)
Antónia casou-se pouco tempo depois da sua chegada em Portugal, em 1821. O desembargador João Cardoso de Almeida Amado Viana Coelho foi seu marido. O casal teve seis filhos. Posteriormente, surgiu a morte do marido.
Em 1827, Antónia casou-se novamente, desta vez com Francisco Henrique Teixeira. Desta segunda união, Antónia teve mais um filho. Antónia Pusich casou-se uma terceira vez, oito anos depois.
O seu casamento com o capitão José Roberto de Melo Fernandes e Almeida resultou em mais quatro filhos. Ora, fazendo as contas, Antónia teve onze filhos, 6 do primeiro marido, 1 do segundo e 4 do terceiro.
Talento
Esta mulher portuguesa vingou pelo seu talento. Antónia Pusich usou o seu próprio nome na escrita. Ela recusou esconder a sua identidade numa máscara chamada pseudónimo.
Esta mulher conseguiu demonstrar uma coragem que lhe permitiu criar um grande impacto na literatura portuguesa. Antónia Pusich foi uma poetisa, que publicou as suas obras, assumindo o facto de ser mulher e revelando a sua identidade.
Personalidade
Esta mulher portuguesa revelou uma personalidade forte e de grande caráter. Antónia Pusich fez campanhas pela liberdade de expressão. Além de fazer campanhas em prol do ensino das mulheres e dos desfavorecidos, esta mulher de garra defendeu que as mulheres deveriam ser encorajadas a aprender a ler e escrever.
Antónia Pusich defendeu que era importante que estas pessoas tivessem mais ferramentas, de forma a poderem participar na vida social e política do país de forma mais eficaz e esclarecida. A escritora manifestou diversas vezes a sua opinião, revelando-se uma digna representante da mulher portuguesa, uma pessoa inspiradora.
Jornalismo
Antónia escreveu para vários jornais. Foi conhecida como a Senhora Pusich. Além de escritora, tornou-se jornalista e até foi a primeira mulher a fundar o seu próprio jornal.
No entanto, Antónia, que foi a primeira editora de jornais em Portugal, não se contentou com um jornal ao longo da sua vida. Produziu três diferentes jornais. Antónia Pusich foi diretora e proprietária dos periódicos A Assemblea Litteraria, A Beneficência e A Cruzada.
“Assembleia Litterária”
Antónia produziu três jornais distintos. O jornal “Assembleia Litterária” foi o primeiro (Lisboa, 1849-1951) e apenas durou três anos. Este jornal tratava de uma quantidade de temáticas diversificada e de muitos textos.
Antónia publicou grande parte da sua obra por via deste jornal, por meio de folhetins. Enquanto editora do jornal, Antónia Pusich podia decidir o que seria publicado. O facto de poder decidir quais eram as temáticas mais relevantes para o periódico era uma grande oportunidade para fazer a diferença.
Antónia Pusich dava grande espaço às autoras. Desta forma, assegurava boas oportunidades para que outras jovens senhoras pudessem ter espaço de intervenção e pudessem dar a conhecer as suas opiniões, partilhar poemas e publicar pequenos contos.
“A Beneficência”
Após o final do periódico “Assembleia Litterária”, Antónia Pusich arranjou uma alternativa e publicou “A Beneficência” (Lisboa, 1852-1855). No entanto, esta obra tinha um conteúdo destinado à solidariedade. Era “dedicada à Associação Consoladora dos Afflictos”.
Antónia Pusich e outras senhoras participaram neste grupo de caridade. Os textos do periódico “A Beneficência” eram assim mais centrados no auxílio social.
“A Cruzada”
Após o fim do periódico “A Beneficência”, Antónia Pusich fundou outro jornal, que seguiu o modelo do periódico anterior. O jornal “A Cruzada” foi fundado em 1858. No entanto, infelizmente para Antónia, este jornal teve uma duração inferior aos restantes e durou apenas um ano.
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Obra biográfica
Antónia Pusich não trabalhou apenas nos periódicos, nem se centrou apenas nos diversos textos que produziu nos jornais que produziu. A sua obra biográfica sobre o pai revelou-se outro conteúdo relevante.
Antónia foi secretária do seu pai, o militar croata António Pusich. Por isso, teve contacto com todos os documentos dele. Antónia Pusich compilou os documentos do pai quando ele faleceu. A biografia que escreveu sobre o seu pai revela-se também uma homenagem.
Pioneira
Antónia também escreveu aquele que pode ser considerado o primeiro texto gótico português. Trata-se de uma adaptação de um original inglês, “Olinda ou a Abbadia de Cummor-Place”. Este texto surgiu no jornal “Beneficência”, em 1853, mais precisamente.
A peça de teatro “Constança” é outra obra de Antónia Pusich que se destaca. A peça foi publicada neste mesmo periódico em 1853. Mais tarde, esta peça foi encenada, algo que aconteceu em 1849. Posteriormente, a peça foi publicada em livro, ainda no mesmo ano, em 1849.
A morte
Antónia Gertrudes Pusich faleceu no dia 5 de outubro de 1883, em sua casa, em Lisboa. Viveu uma vida cheia de aventuras, teve três maridos e deixou 11 filhos, além de um legado importante enquanto escritora e jornalista. O seu nome faz parte da Toponímia de Almada (Freguesia da Charneca de Caparica)