Um simples movimento, feito em poucos segundos, pode ser a barreira que separa a segurança da fraude. Levantar dinheiro no Multibanco é um gesto quotidiano, automático, quase inconsciente — mas é precisamente essa rotina que os burlões exploram. Um instante de distração pode ser suficiente para que o cartão seja clonado ou o PIN captado sem que o titular perceba.
Nos últimos meses, várias forças policiais europeias, entre elas a Guardia Civil espanhola, voltaram a lançar alertas sobre esquemas de clonagem que estão a tornar-se cada vez mais sofisticados. Segundo o jornal El Periódico, os criminosos recorrem a acessórios falsos encaixados na ranhura onde o cartão é inserido, e a microcâmaras quase invisíveis, capazes de registar o código PIN no momento da digitação.
O detalhe que faz toda a diferença
Em Portugal, as autoridades reforçam recomendações simples, mas cruciais. Antes de utilizar qualquer terminal, é essencial observar cuidadosamente o equipamento: verificar se há peças soltas, colorações diferentes, molduras desalinhadas ou teclados pouco firmes. Estes sinais discretos podem denunciar a presença de dispositivos falsos.
Outro gesto essencial é tapar o teclado com a mão enquanto se introduz o código PIN. Este pequeno movimento, que leva apenas um segundo, pode impedir que uma microcâmara capture o número secreto — travando o golpe antes que ele aconteça.
Os especialistas em segurança bancária alertam que estes dispositivos fraudulentos são cada vez mais difíceis de detetar. Por isso, cada utilizador é a sua primeira linha de defesa.
Quando o dinheiro “não sai” — o alerta máximo
Há uma situação em particular que deve levantar todas as suspeitas: a operação é concluída, mas o dinheiro não é dispensado. Este é um dos sinais mais típicos de burla.
Em alguns casos, os criminosos colocam um acessório na fenda de saída para reter as notas. Quando o cliente se afasta, o burlão retira o dispositivo e recolhe o dinheiro.
Nestas situações, a recomendação é clara: nunca abandonar a máquina. Deve contactar imediatamente o banco através do número oficial e, se possível, solicitar a presença policial. Cada minuto é vital para impedir a perda do numerário.
Burlas que vão além do Multibanco
Os esquemas não se limitam às caixas automáticas. As fraudes digitais — conhecidas como phishing e vishing — estão a crescer em Portugal. Nestes casos, os criminosos enviam mensagens, e-mails ou fazem chamadas fingindo representar o banco, pedindo códigos de segurança ou dados pessoais. A regra de ouro é inegociável: nunca introduzir dados pessoais ou bancários em páginas abertas através de links. Nenhum banco legítimo solicita códigos de acesso, confirmações de operações ou números de cartão por SMS, e-mail ou telefone.
O que fazer em caso de suspeita
Se desconfiar de fraude, a rapidez da reação é determinante. O primeiro passo é contactar de imediato o banco para bloquear o cartão. De seguida, deve apresentar queixa junto das autoridades — PSP, GNR ou Polícia Judiciária — fornecendo todos os detalhes possíveis: hora, local e número do terminal.
As instituições bancárias portuguesas reforçam que nunca comunicam por links externos nem mensagens automáticas. Qualquer contacto que fuja aos canais habituais deve ser tratado como potencial tentativa de burla, explica o Postal.
A prevenção continua a ser o melhor escudo
Apesar da sofisticação dos esquemas, a segurança continua nas mãos do utilizador. Há medidas simples que reduzem drasticamente o risco:
- Tapar sempre o teclado ao digitar o PIN;
- Escolher terminais em locais iluminados e vigiados;
- Desconfiar de máquinas com peças desalinhadas ou soltas;
- Ativar alertas de movimentos bancários por SMS ou app;
- Evitar usar o cartão em caixas isoladas, especialmente à noite.
Como lembra o El Periódico, “a segurança começa no utilizador”. Por mais avançada que seja a tecnologia dos bancos, é a atenção e o bom senso de cada um que fazem a diferença.
No fim, bastam segundos de precaução para evitar dias, semanas ou até meses de prejuízo e dor de cabeça. Um simples gesto — cobrir o teclado, observar o terminal, questionar um link — pode ser a diferença entre a segurança e a perda. E quando se trata do seu dinheiro, cada segundo conta.
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