A aldeia da Pena é uma autêntica joia escondida no fundo do vale profundo da Serra de São Macário. Com apenas seis habitantes e dez casas de habitação, esta aldeia de xisto é um destino que transporta os visitantes para um ambiente de tranquilidade e beleza natural. Embora não faça parte da rede oficial das Aldeias de Xisto, o seu encanto e património rivalizam com qualquer uma das aldeias incluídas nessa distinção. Nos últimos anos, a Pena tem vindo a ganhar notoriedade, atraindo cada vez mais turistas que procuram um refúgio sereno e autêntico.
Como chegar à Aldeia da Pena
Para visitar a aldeia da Pena, o percurso inicia-se em São Pedro do Sul, seguindo pela antiga IP5 até às proximidades da aldeia. O acesso final é feito por estradas sinuosas, rodeadas por uma paisagem imponente e verdejante. Ao chegar à entrada da aldeia, junto a um ribeiro de águas cristalinas, encontra-se a Adega Típica Pena, um espaço acolhedor construído em xisto, perfeito para saborear a gastronomia local.
Um passeio por ruas de xisto
A entrada de veículos na aldeia é proibida, o que contribui para manter o seu carácter autêntico e tranquilo. Percorrer as suas ruelas estreitas é uma experiência que convida à contemplação. O casario de xisto e ardósia, visível desde o topo do monte, compõe um cenário encantador e inigualável. Nos meses de verão, a ribeira que atravessa a aldeia convida a banhos refrescantes, sendo muito apreciada tanto por locais como por visitantes.
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A luz e a sombra na aldeia
Esta região montanhosa, inserida no maciço da Gralheira, é dominada pela sombra, beneficiando apenas de algumas horas de sol por dia. No inverno, esse tempo reduz-se a cerca de três horas diárias, um fenómeno que, longe de lhe retirar beleza, realça ainda mais o seu misticismo e singularidade.
Uma aldeia a renascer
Nos últimos anos, algumas das casas de xisto têm sido recuperadas, trazendo uma nova vida à aldeia. O fluxo crescente de turistas e a chegada de algumas famílias que decidiram fixar residência permanente ajudaram a revitalizar esta pequena localidade, outrora quase esquecida, explica a VortexMag.
A lenda do morto que matou o vivo
A aldeia da Pena é também conhecida pela sua peculiar lenda do “homem morto que matou o homem vivo”. No passado, os falecidos eram levados a pé para serem sepultados em Covas do Rio, um trajeto de hora e meia por caminhos sinuosos e vales profundos.
O caixão era carregado por dois homens, um à frente e outro atrás, dada a estreiteza dos trilhos. Conta-se que, numa dessas travessias, o homem que ia à frente escorregou e o caixão tombou sobre ele, causando-lhe a morte. Assim nasceu a lenda do morto que matou o vivo, ainda hoje relembrada na aldeia.
Trilhos e natureza: a rota da Água e da Pedra
Atualmente, esse mesmo trajeto pode ser percorrido, fazendo parte da Rota da Água e da Pedra, uma das rotas da região das Montanhas Mágicas. Embora não esteja marcado, o percurso de três quilómetros é acessível a quem esteja preparado para enfrentar um caminho íngreme e exigente.
Sabores da Pena: uma gastronomia de tradição
A Adega Típica da Pena é o local ideal para provar as delícias gastronómicas da região. Destacam-se iguarias como o presunto, os enchidos e o queijo da serra, bem como pratos tradicionais como a feijoada, o arroz de cabidela de galinha, o cozido à portuguesa à moda da Pena, a vitela assada no forno a lenha e o borrego assado com batatas. Todos os pratos são confecionados com produtos locais e acompanhados pelo característico vinho verde da região. As sobremesas também merecem destaque, sendo obrigatório provar a sopa seca e as filhós da Pena.
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Artesanato e lembranças da Pena
Para terminar a visita com chave de ouro, vale a pena explorar as pequenas lojas de artesanato da aldeia, onde se podem encontrar miniaturas da aldeia feitas em madeira e xisto, assim como velas produzidas a partir da cera dos favos de mel. Adquirir um destes produtos é uma excelente forma de levar uma recordação especial e, ao mesmo tempo, apoiar a economia local.
Uma visita inesquecível
A aldeia da Pena é um verdadeiro refúgio para quem procura paz, natureza e tradição. Cada recanto desta aldeia conta uma história, cada paisagem oferece um quadro digno de ser admirado e cada visita é uma experiência única. Ao partir, leve consigo as memórias de um lugar intemporal, onde o tempo parece ter parado e onde a beleza natural e a autenticidade das gentes locais deixam marca no coração de quem passa.