Conheça a fantástica arte da filigrana que já cativou portugueses e estrangeiros com as suas requintadas peças de joalheria.
Nos últimos anos, a filigrana tem ganho cada vez mais notoriedade, com várias personalidades famosas, nacionais e estrangeiras, a usarem peças feitas nesta arte. Esta é uma técnica bem dominada pelos portugueses e um dos cartões de visita do nosso país.
Contudo, a arte da filigrana tem origens desconhecidas para muitos que hoje vamos revelar, ao longo do presente artigo.
A maravilhosa arte da filigrana em Portugal
A arte da filigrana
Apesar daquilo que se possa achar, a filigrana não é um produto originalmente nacional e a sua criação não é uma responsabilidade dos portugueses. Podemos, assim, afirmar que já na Antiguidade Clássica existia o trabalho do ouro e da prata, recorrendo a fios finíssimos.
A particularidade do nosso país, em relação a outros, é que Portugal preservou esta técnica ao longo do tempo e, desde o século XVII, que a filigrana portuguesa já se destacava, com modelos e uma linguagem muito própria e distinta.
Os primórdios da filigrana
Os primeiros exemplares de filigrana remontam à Mesopotâmia, no terceiro milénio antes de Cristo. Terá sido através das rotas comerciais do Mediterrâneo que esta arte chegou a territórios como Grécia e Roma. Terá sido, inclusive, no império romano que se usou pela primeira vez o termo “filigrana”.
Além da Grécia e Roma, a filigrana chegou também à Índia e à China, onde contudo era utilizada como peça de decoração. Já à Península Ibérica, as primeiras peças de filigrana terão sido trazidas por comerciantes e navegadores oriundos do Médio Oriente.
O significado da palavra filigrana
O termo filigrana tem origem no latim “filum”, expressão que significa fio e “granum” que significa grão. Ou seja, esta palavra descreve a filigrana como a arte que tem por base um “fio granulado”, descrevendo assim a aparência do fio que compõe as peças de filigrana.
Produção de filigrana em Portugal
Só no século VIII d.C. terá começado a haver produção de filigrana em Portugal, a qual apresentava novos motivos, muitos de gosto árabe, fruto da presença deste povo na Península Ibérica.
Ao longo dos anos, a filigrana foi evoluindo e mudando, sobretudo no que concerne aos seus usos e padrões. Todavia, a caraterística base manteve-se: a técnica de trabalhar os fios finos de ouro, recorrendo exclusivamente ao calor, sem usar nenhum outro material ou liga.
Tipos de filigrana
Podemos considerar que há 2 tipos de filigrana:
– A filigrana de aplicação, usada na decoração;
– A filigrana de integração, em que a filigrana é usada para produzir todo o objeto.
Para executar as mais variadas pelas, a técnica utilizada passa por torcer e bater os fios e, depois, levá-los ao lume, de modo que eles se tornem mais finos e maleáveis. Finalmente, eles devem ser bem limpos.
Temas
A filigrana portuguesa tem, assim, caraterísticas próprias e uma delas são os seus temas que podem versar sobre a Natureza, a religião e o amor. O mar também é assunto e costuma ser simbolizado por meio de peixes, conchas, ondas e barcos.
Outros elementos naturais que merecem destaque são as flores, os trevos e as grinaldas. Finalmente, a inspiração religiosa encontra-se nas cruzes, como a cruz de Malta e os relicários.
Coração de Viana
Outro motivo indissociável da arte da filigrana é o chamado coração de Viana, que representa a dedicação e o culto do Sagrado Coração de Jesus. O primeiro coração de Viana terá sido executado a pedido da rainha D. Maria I, como forma de agradecer o facto de ter tido um filho varão.
Este símbolo do coração tornou-se um verdadeiro ícone e, por isso, já é possível encontrá-lo em outros suportes e materiais, como bordado em lenços ou noutros tecidos.
Assim, o coração de Viana é um símbolo nacional, mas que já detém fama internacional. O exemplo mais ilustrativo disso é o facto de Sharon Stone ter usado um colar, onde o ostentava como pendente.
Brincos rainha
Também se deve à rainha D. Maria I o surgimento destes brincos que, contudo, só adquiriram esta designação quando D. Maria II se apresentou em Viana do Castelo a usar um par. Mais tarde, passaram a servir de símbolo de riqueza e de estatuto.
Arrecadas
Este é o nome dado aos brincos que eram usados pelas pessoas mais pobres, mas cujos caraterísticas as classes mais elevadas começaram a tentar imitar. A inspiração para estes brincos eram as arrecadas Castrejas que, por sua vez, se inspiravam no quarto crescente da lua.
Colares de contas
Outra peça emblemática são as contas de Viana que, inspiradas nas contas gregas, têm algumas caraterísticas distintivas, como o facto de serem ocas por dentro, leves e esféricas. Tendo em conta os elevados custos da filigrana, os colares de contas permitiam, assim, que as pessoas fossem comprando conta a conta, conforme as suas possibilidades financeiras.
O Museu do Ouro
No nosso país, é na zona norte que a filigrana é mais produzida e encontra maior expressão. De resto, ela faz parte, por exemplo, dos vestidos de noiva tradicionais, bem como dos trajes femininos dos ranchos folclóricos do Minho.
Para ficar a conhecer mais ainda sobre esta técnica, existe na Póvoa de Lanhoso um Museu do Ouro, que condensa a história e a técnica associadas a esta expressão artística. Os amantes da filigrana devem, por isso, visitar a Póvoa de Lanhoso, pois lá é possível ver os artesãos locais trabalharem nesta arte e a produzir peças icónicas como anéis, brincos, pulseiras, colares, entre outros.
Os artesãos da filigrana costumam trabalhar em oficinas e produzir pequenas peças que se destinam, algumas vezes, a eventos e a mostras que pretendem expor as caraterísticas desta arte.
Além desta técnica ser uma prática artesanal que ajuda a dinamizar a economia local, ela ainda constitui uma arte com valor patrimonial.
Sala de Exposições Temporárias
Esta sala do Museu do Ouro de Travassos insere-se na Casa de Alfena, a qual foi construída no século XVIII por José da Silva, um ourives.
Quando foi recuperada para fins turísticos, algumas divisões foram restauradas, de modo a torná-las num espaço museológico.
Ao longo da vida, a família de ourives foi preservando objetos de ouro, utensílios, mobiliário e bibliografia relativos à arte que, atualmente, os amantes desta técnica podem ver e ficar a conhecer melhor.
Oficina do Museu do Ouro
Além da sala de exposição, o Museu do Ouro também conta com oficinas, onde os artesãos locais podem encontrar espaço para desenvolverem a sua arte, o que acontece cada vez mais em número crescente.
Informações úteis
Se quer ficar a saber mais, nada como visitar o Museu do Ouro de Travassos e, além de tudo o que pode admirar, ainda pode fazer um workshop com um ourives e aprender mais sobre como executar a técnica da filigrana.
Para saber mais sobre horários e como visitar, contacte o Museu:
Morada: Rua da Aldeia de Baixo, 263, 4830-771 Travassos
Telefone: 926 508 360
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Faça uma escapadinha até Viana do Castelo
Aproveite a oportunidade para ir até Viana do Castelo. Aí existem boas praias, como a Praia da Arda e a Praia de Afife. Além disso, encontra bons destaques de água doce, como é o caso da Cascata do Pincho, na Montaria, ou do Poço Azul.
Visite ainda o Santuário de Santa Luzia e, claro, não deixe de admirar a beleza da filigrana local.
Onde comer?
Tasquinha da Linda
Telefone: 258 847 900
Site: https://www.tasquinhadalinda.com/
Onde dormir?
Casa Manuel Espregueira e Oliveira
Endereço: R. Manuel Espregueira 190, 4900-318 Viana do Castelo
Telefone: 258 407 336
Hotel FeelViana
Endereço: Rua Brás de Abreu Soares nº 222 Praia do Cabedelo, 4935-159 Viana do Castelo
Telefone: 258 330 330
Site: https://feelviana.com/pt/home
Casa do Monte de Roques
Endereço: R. Abreu Teixeira 435, 4905-641
Telefone: 934 927 180
Site: https://www.casadomontederoques.pt/
Casa da Reina
Endereço: Caminho do Pardinheiro 122, 4935-592
Telefone: 258 351 882