Conheça alguns dos acontecimentos macabros que tornaram o Sanatório de Valongo ou Sanatório de Mont’alto, num dos locais portugueses mais assustadores!
O nosso país tem diversas atrações. A beleza natural de alguns locais é verdadeiramente fascinante. Há lagoas, quedas de água, montanhas, vales, entre outros elementos que tornam algumas paisagens absolutamente deslumbrantes.
Em Portugal, há também diversas atrações de rara beleza. Algumas megalómanas, outras ligadas a acontecimentos históricos memoráveis. Desta forma, podemos encontrar atrações como pontes, castelos, igrejas, conventos, aquedutos, entre outras. No entanto, a área do turismo está em constante crescimento e até há quem procure por atrações que causam arrepios!…
Existe um sanatório abandonado no norte do país que merece um olhar dos mais corajosos. Ideal para o Halloween / Dia das Bruxas, por isso, convém colocar na lista de locais a visitar nesse período. Trata-se de um prédio em ruínas que fará as delícias dos fãs de filmes de terror. O Sanatório de Mont’Alto é uma construção que se destaca na bela paisagem natural onde ele se encontra.
A incrível história do Sanatório de Valongo
Localização
O Sanatório de Valongo teve o nome oficial de Sanatório de Mont’alto. Este sanatório encontra-se bastante próximo da cidade do Porto. Basta cerca de 30 minutos para chegar a esta atração, numa viagem de carro.
O Sanatório de Mont’alto está presente no concelho de Gondomar, mais precisamente na freguesia de São Pedro da Cova.
Turismo sombrio
A área de turismo tem crescido de forma surpreendente, alargando os seus tentáculos a áreas inesperadas. O chamado Dark Tourism tem adquirido mais adeptos do que nunca. Locais como cemitérios ou construções assombradas tornaram-se atrações turísticas de bastante sucesso.
Há pessoas aventureiras e corajosas que procuram locais que assustam e fazem fugir o comum dos mortais. Estas pessoas procuram locais onde ocorreram catástrofes e espaços, onde outrora houve sofrimento e morte. Espaços indicados como Dark Tourism estão associados a fantasmas, bruxaria, lendas, assassinatos. Há ainda quem procure locais que se encontrem ligados a relatos do ‘paranormal’.
Outros casos de Dark Tourism são os campos de concentração, mas também estabelecimentos prisionais inativos e abandonados, casas onde viveram serial killers, entre outros que envolvam morte, tragédia e sofrimento.
Turismo sombrio em Portugal
O turismo em Portugal não explora tanto esta dimensão como acontece com outros países. No entanto, há empresas que já proporcionam algumas experiências interessantes nesta matéria.
Existem ainda pessoas que procuram visitar construções abandonadas, imponentes e que se encontram em ruínas. Ora, quando estas se encontram num local onde a paisagem natural é deslumbrante facilmente se tornam em fenómenos de popularidade.
Em Portugal, existem alguns casos relevantes. O Sanatório de Mont’alto é seguramente um dos locais mais assustadores de Portugal, pelo aspeto, pelo cenário, pela história.
História
O contexto
O Sanatório de Valongo foi construído no início do séc. XX, num contexto temporal em que a tuberculose se revelava um problema de difícil resolução. Na altura, esta era uma das doenças mais mortais.
A tuberculose era das doenças que apresentava uma das taxas de mortalidade mais elevada na Europa. Desta forma, sentiu-se a necessidade de abrir sanatórios de norte a sul do País. As construções de sanatórios visavam o tratamento de doentes tuberculosos. A natureza desta doença implicava a necessidade da criação de locais específicos, que se mantivessem isolados.
A tuberculose
O Instituto Nacional de Assistência aos Tuberculosos foi fundado no dia 11 de junho de 1899. A sua existência deve-se à rainha Dona Amélia, a esposa do Rei D. Carlos, que estava bastante preocupada com as enfermidades da época, sendo que a tuberculose era uma das mais fatais.
Foi por via desta preocupação geral com uma doença bastante problemática que se procedeu à construção de vários sanatórios no início do século XX. O propósito desta medida era claro: atacar com toda a força uma doença infeciosa, assegurando as melhores condições para poder tratar devidamente os doentes infetados com tuberculose.
Esta é uma doença poderosa e assustadora, que pode atingir qualquer órgão, sendo a forma pulmonar a mais comum.
A origem
O professor António Elísio Lopes Rodrigues foi responsável pela fundação da Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal (ATNP). Esse momento aconteceu em 1930. Foi um acontecimento importante para a região que tinha assim mais armas para combater a doença.
É neste contexto que o Sanatório de Valongo surgiu. A família Sá fez a doação do terreno (na Serra de Santa Justa), destinado à construção do Sanatório. Contudo, o processo de construção prolongou-se no tempo.
O arquiteto
O imponente Sanatório de Mont’Alto foi projetado por um arquiteto de renome, uma pessoa que já tinha estado na origem de outras construções emblemáticas da Invicta. Júlio José de Brito foi o responsável por esta obra, mas também projetou o Teatro Rivoli ou o Coliseu.
A construção
Este Sanatório demorou muito tempo a ser construído e, quando ficou concluído, pareceu que chegou fora de horas. O Sanatório de Mont’Alto foi construído em pleno Estado Novo. Foi um dos sanatórios mais imponentes do país.
A construção do Sanatório de Mont’Alto não se revelou um processo fácil, pois estendeu-se no tempo. A construção do edifício demorou um tempo excessivo. Apesar da construção do Sanatório de Valongo ter começado em 1932, só foi inaugurado em 1958!
Foram necessários cerca de 26 anos para a conclusão da obra que levou à inauguração do Sanatório. A falta de financiamento foi uma das razões que levou ao prolongar das obras. Enquanto houve dinheiro a construção seguiu o seu ritmo, quando não havia as obras pararam por um tempo.
No entanto, apesar de se ter tratado de uma obra de grande dimensão e de ter implicado um investimento avultado, o futuro deste Sanatório não foi risonho e fechou em relativamente pouco tempo, em 1975.
Aparência no passado
O Sanatório de Valongo foi inaugurado em 1958. Tratou-se de uma construção grandiosa, uma realidade que demonstrou a enorme ambição que envolveu o projeto. Existem alguns testemunhos que permitem confirmar que a grandiosidade do edifício tornava-o num colosso, um elemento marcante na paisagem que o circundava.
Este edifício singular encontra-se inserido numa área de 88.000 metros quadrados (o equivalente a 9 campos de futebol). A área em redor do Sanatório de Mont’Alto abrangia diversos complexos. Entre eles estavam a escola, a lavandaria, a igreja (para a qual havia acesso interior direto), além da capela e ainda de um reservatório de água.
O edifício do Sanatório encontrava-se bem equipado e reunia dezenas de camas para internamento. O Sanatório de Valongo ocupava cinco pisos e um recuado.
Construção fora de tempo
A ideia do Sanatório apenas começou em 1930 e surgiu com a fundação da Assistência aos Tuberculosos do Norte de Portugal (ATNP). No entanto, a sua construção já aconteceu fora de tempo, pois só foi inaugurado em 1958.
O seu período de funcionamento revela-se bastante curto, tendo em conta que se tratava de uma construção demasiado ambiciosa. A tuberculose encontrava-se mais controlada a partir da década de 70, época em que se torna mais comum ser tratada em ambulatório.
Esta realidade levou a que os sanatórios deixassem de ter a mesma importância, enquanto locais de cura e repouso. Ao tornarem-se relegados para segundo plano, caíram no esquecimento e tornaram-se obsoletos.
Por isso, no ano de 1972, o Sanatório já se encontrava com poucas pessoas. Esta era uma realidade triste para um edifício tão imponente. O Sanatório de Mont’Alto já não recebia donativos e deixou de ter como finalidade tratar a tuberculose. Este edifício estava conotado com o Estado Novo, por isso, após o 25 de Abril, todas as suas divisões foram saqueadas.
Alternativas
O edifício era grandioso e foi fruto de um grande investimento. Por isso, mantê-lo a assumir funções que deixavam de ser tão necessárias representava um enorme desperdício e uma falta de visão.
Por isso, pensou-se em criar alternativas para dar uso a este espaço, seja como um hospital destinado a receber os retornados do Ultramar, seja como hospital psiquiátrico, seja como lar, mas nada foi feito.
Aparência no presente
O impacto criado pelo Sanatório de Mont’Alto é distinto. Não se destaca pela beleza colossal num cenário deslumbrante. Agora, revela-se um edifício enorme que se destaca pelo seu caráter assustador.
Esta construção continua impactante, impressiona, mas não deslumbra, intimida-nos. O Sanatório atualmente encontra-se em ruínas, restam as paredes e pouco mais do edifício. O que resistiu ao passar do tempo revela uma clara decadência.
O Sanatório de Mont’Alto recebeu cerca de 200 pacientes. No entanto, visitando o espaço, não se encontram vestígios dos materiais usados para tratar doentes. É possível encontrar as paredes cobertas de graffitis, portas abertas ou arrancadas, corredores e salas sem materiais, vazios, pelos seis pisos que compõem o edifício.
No exterior do sanatório, está presente uma quantidade assinalável de entulho que anteriormente se encontrava no interior do edifício. Algo que também contribui para dar um aspeto ainda mais sombrio e assustador ao cenário está nas árvores. Elas estão queimadas.
Contraste
É uma realidade triste ver um edifício enorme como o Sanatório de Valongo abandonado, em ruínas. Os graffitis sobressaem nas fachadas deste edifício. Estas marcas contrastam com os tons cinza do passado.
Este lugar devoluto encontra-se envolto em algumas histórias macabras e lendas que tornam o local particularmente intrigante e profundamente assustador. O cenário apresenta um contraste impactante. O edifício devoluto integra uma paisagem onde o verde se destaca, existindo ainda uma vista incrível sobre o mar.
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Isolamento
A construção do Sanatório de Mont’alto neste espaço geográfico deveu-se à necessidade de assegurar um isolamento geográfico, que ajudava a prevenir o risco de infeção. Convém não esquecer que se destinava ao tratamento de uma doença extremamente contagiosa, a tuberculose. Por isso, os locais isolados justificavam-se.
O Sanatório de Valongo foi construído em pleno Monte de Santa Justa, num local com uma altitude superior a 300 metros. Estas condições eram consideradas as indicadas para a instalação do sanatório.
O facto de garantir esse isolamento e de poder proporcionar o contacto direto com a Natureza, o sanatório reunia assim uma influência extremamente positiva, do que na época era considerado importante para a recuperação dos doentes tuberculosos.
Curiosidade
O Baloiço do Mont’Alto é uma atração popular que se encontra perto do Sanatório. Os baloiços são atrações turísticas que têm cada vez mais adeptos e que foram criadas de norte a sul do país.
Eles foram colocados em locais onde existem cenários deslumbrantes. O Baloiço do Mont’Alto proporciona uma experiência memorável, com vistas arrebatadoras.
O sanatório como atração
Atualmente, o Sanatório de Mont’alto revela-se um local misterioso, envolvido em histórias assustadoras. Muitas lendas foram criadas para tornar o edifício ainda mais sombrio. Por isso, o Sanatório tornou-se num caso de sucesso, no que diz respeito ao ‘dark tourism’.
Neste local, tratou-se uma doença horrível. Muitas terão sido as vítimas que sucumbiram naquele espaço. Por isso, tem todos os elementos para ser associado ao mundo do ‘paranormal’.
A aura sombria deste espaço surge sustentada por diversos testemunhos que revelam esse lado horripilante. Existem vários artigos e vídeos publicados em diferentes plataformas em que se relatam verdadeiros encontros sobrenaturais neste local. Testemunhos que revelam a presença de vultos e fantasmas no Sanatório. Existem também menções sobre ruídos e sons estranhos e inexplicáveis.
O sanatório também foi associado ao tráfico de drogas. Há também quem defenda que no local são realizados frequentemente rituais satânicos. No livro “Histórias de um Portugal Assombrado”, da autoria de Vanessa Fidalgo, encontra-se a confirmação de que este edifício deve ser bastante temido pelo comum dos mortais…
Numa das páginas desta obra, é possível ler o seguinte conteúdo:
“Saiam daqui, vão-se embora!’ – vociferou uma voz metálica e grotesca assim que os elementos da equipa de investigação de fenómenos paranormais Team Anormal passaram um registo de EVP pelo software de limpeza de ruídos. A gravação fora feita poucas horas antes, no interior do Palacete de Marques Gomes, uma antiga mansão abandonada e prostrada aos pés do rio Douro, na margem de Vila Nova de Gaia […] era a prova de que ‘as almas do outro mundo existem e andam por aí!”.