Apesar de já ter sido demolido, o Palácio de Cristal ficou para sempre na memória, mesmo daqueles que nunca visitaram este edifício.
Quem vive no Porto fala, frequentemente, sobre o Palácio, referindo-se ao espaço onde, outrora, existiu efetivamente o mítico Palácio de Cristal. A inauguração deste edifício aconteceu em 1865, naquele que era conhecido como o campo da Torre da Marca, um promontório sobranceiro ao rio Douro. Saiba mais sobre a história deste incrível edifício.
A história do Palácio de Cristal no Porto
No campo da Torre da Marca, havia uma torre militar, datada do século XVI, do tempo de D. João III, com o intuito de orientar os barcos no Douro. Na primeira metade do século XIX, foi demolida, por altura do cerco do Porto, devido a uma investida das tropas miguelistas.
Alguns anos mais tarde, em 1861, teve início a construção do Palácio de Cristal, desenhado pela mão do arquiteto inglês Thomas Dillen Jones. O rei D. Pedro V marcou presença no lançamento da primeira pedra.
O exterior e o interior do Palácio eram imponentes. Por dentro, ele possuía uma enorme nave central, com uma abóbada em vidro e duas naves laterais. No interior, havia teatros, como o Teatro Popular e o Teatro Gil Vicente (à época, um dos melhores do mundo), sala de bilhar, gabinete de leitura, exposições de arte… Já no exterior, havia barcos no lago, restaurante, estufas com plantas tropicais e os jardins. Em quatro anos, o edifício do Palácio de Cristal estava pronto. No cimo da sua fachada principal, exibia o mote de todo este projeto: PROGREDIOR.
Inspiração
A principal influência de Dillen Jones foi o Crystal Palace londrino que albergou a famosa Exposição Universal de 1851, embora a versão portuense tivesse uma fachada granítica, ladeada por torreões monumentais.
Assim, com o Palácio de Cristal, a cidade do Porto pretendia ter um espaço para exposições agrícolas, industriais e artísticas. Para isso, fez-se um edifício em granito, ferro e vidro, rodeado por jardins, fontes e lagos.
Os jardins
Os jardins do Palácio de Cristal foram desenhados por Émile David, um jardineiro-paisagista alemão. Ali se encontravam diversos tipos de plantas e de árvores, nomeadamente tílias, plátanos e palmeiras.
Como se tratava de jardins românticos, não faltavam grutas artificiais, torres, miradouros, uma pequena ilha no lago, um coreto, uma concha acústica, estátuas de ferro bronzeado, entre outros elementos, alguns dos quais resistem até aos dias de hoje.
Sociedade do Palácio de Cristal Portuense
Todo o projeto foi acompanhado pela Sociedade do Palácio de Cristal Portuense, composta por nomes importantes como os do Visconde de Villar d’ Allen, Francisco de Oliveira Chamiço e Francisco Pinto Bessa.
Exposição Internacional do Porto
Em 1865, o Palácio de Cristal acolheu a Exposição Internacional do Porto, onde estiveram presentes Luís I e D. Maria Pia, o príncipe herdeiro, ministros e outras figuras de relevo.
Havia mais de 3000 expositores e estrangeiros como franceses, alemães, britânicos, belgas, brasileiros, espanhóis, dinamarqueses, russos, holandeses, turcos, americanos e japoneses.
Outros eventos
Além da Exposição Internacional do Porto, em quase um século de vida, o Palácio de Cristal albergou outros eventos, tais como:
– Exposição da Rosas (1879);
– Exposição Agrícola (1903);
– Concertos de Viana da Mota;
– Concertos da violoncelista Guilhermina Suggia;
– Exposições;
– Iniciativas desportivas, culturais e recreativas;
– Comemoração do Quinto Centenário do Nascimento do Infante D. Henrique.
A decadência
No início do século XX, a falta de dinheiro fez com que o edifício começasse a mostrar sinais de degradação.
Em 1933, a Câmara Municipal do Porto comprou o espaço, para que aí se fizesse a 1ª Exposição Colonial Portuguesa (1934), evento que acolheu milhares de visitantes.
No recinto, havia várias aldeias típicas indígenas, “stands” das colónias, onde eram apresentados artefactos caraterísticos de cada região, e indígenas de cada território, como Rosinha, indígena da Guiné.
Além disso, nos jardins, havia um comboio a circular e um teleférico que passava pelo espaço.
Da recuperação à demolição
Apesar de ter sofrido uma intervenção em 1951, no ano seguinte, a Câmara Municipal do Porto acabou por decidir demolir o Palácio de Cristal, propondo a construção de um novo edifício, capaz de albergar o Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins.
Super Bock Arena – Pavilhão Rosa Mota
Inicialmente chamado de Pavilhão dos Desportos, este espaço foi desenhado pelo arquitecto José Carlos Loureiro e tinha a forma de uma calote semi-esférica.
Em 1991, recebeu o nome de Pavilhão Rosa Mota, tendo recentemente sofrido obras de remodelação e adotando o nome do seu patrocinador.
Leia também:
- Quando a peste fechou a cidade do Porto em 1899
- A história dos barcos rabelos do Douro
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Um verdadeiro crime cometido, por irresponsáveis oportunistas desonestos, que da demolição do Palácio tiraram dinheiro para seu próprio proveito. O Grande Órgão de Tubos ali existente, não foi aproveitado para ser transferido para outro lugar, mas queimada toda a sua madeira, e vendido aos sucateiros o que era de metal, como os seus tubos com liga de chumbo e estanho, que dava para fazer as barras de solda, usadas pelos picheleiros, latoeiros, caldeireiros e afins!
Hoje, continuam a chamar de Palácio de Cristal, a um mamarracho que podia ter sido construído em qualquer outro lugar.