A escola primária de antigamente era um ambiente de aprendizagem, onde se formavam não apenas estudantes, mas cidadãos responsáveis e resilientes. Ao mergulharmos no passado, descobrimos um retrato vívido da educação em Portugal durante os anos 30-70, um período marcado por rigidez e valores tradicionais.
Uma viagem nostálgica: a Escola Primária de antigamente
Nesse tempo, rapazes e raparigas frequentavam escolas segregadas, com horários das 9h00 às 17h00 e recreio apenas à hora do almoço. As carteiras de madeira, juntamente com sacos de serapilheira para o material escolar, compunham o cenário cotidiano. Na cantina, uma refeição modesta: sopa e pão, símbolos da simplicidade que permeava a educação na época.
O ritual da entrada na sala de aula começava com o hino nacional, ecoando entre paredes adornadas com imagens autoritárias de Salazar e Carmona, além de um crucifixo, destacando a forte influência religiosa. Os alunos eram identificados por números nas batas, numa tentativa de uniformizar. Disciplina e respeito eram valores incutidos, muitas vezes reforçados com castigos corporais, como a temida palmatória “menina dos cinco olhos” e as humilhações das “orelhas de burro”.
A disparidade de oportunidades educacionais era evidente, especialmente para as raparigas. Muitas delas não frequentavam a escola, pois a sociedade da época acreditava que seu papel era o de cuidar do lar. Na província, a maioria das raparigas não podia frequentar a escola devido às responsabilidades no campo e com os irmãos mais novos. O ensino era dividido por género, com manuais escolares imutáveis durante décadas.
A diversidade das disciplinas era limitada, mas abrangente: Matemática, História, Língua Portuguesa, Geografia, Ciências e Religião e Moral. Memorização era fundamental, desde a tabuada até aos detalhes geográficos do país. A religião também ocupava um lugar central, com orações diárias ao meio-dia.
A ida à casa de banho era solicitada com um simples “ir lá fora”, enquanto gestos como pedir a bênção à professor ou cumprimentar o educador com um beijo na mão faziam parte da etiqueta escolar na província. Em algumas regiões, até mesmo o óleo de fígado de bacalhau era distribuído como complemento alimentar, refletindo as condições da época.
Infelizmente, a educação acessível era um privilégio reservado às famílias com posses. Muitos idosos não tiveram a oportunidade de aprender a ler na infância ou concluir a instrução primária. Para alguns, a educação só foi concluída na idade adulta, alcançando a quarta classe após esforços persistentes.
Este olhar para o passado não só nos oferece uma compreensão mais profunda da educação em Portugal durante o Estado Novo, mas também nos lembra da importância do progresso contínuo na educação, para garantir oportunidades iguais para todos, independentemente do seu passado ou origens. Ao recordarmos este período, reforçamos o nosso compromisso com um futuro mais inclusivo e igualitário na educação.
O futuro da educação em Portugal
Hoje, Portugal orgulha-se de um sistema educacional que busca constantemente a excelência e a equidade. A educação é vista como o alicerce sobre o qual a sociedade futura será construída. O país investiu em infraestruturas escolares modernas, tecnologia educacional avançada e programas de apoio aos estudantes, garantindo que cada criança, independentemente da sua origem socioeconómica, tenha a oportunidade de alcançar o seu pleno potencial.
Além disso, a diversidade tornou-se uma parte fundamental do sistema educacional português. Escolas acolhem estudantes de diferentes origens culturais e étnicas, promovendo um ambiente inclusivo que prepara os jovens para um mundo globalizado.
À medida que celebramos estas mudanças positivas, é importante lembrar o caminho percorrido. As experiências do passado moldaram a educação em Portugal, mas também ilustram a resiliência e a determinação do povo português em construir um futuro melhor para as gerações vindouras.
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O passado como luz para o futuro
Ao refletirmos sobre a educação em Portugal nos anos 30-70 e observarmos as transformações que ocorreram desde então, somos lembrados da importância de aprender com o passado. As dificuldades enfrentadas naqueles tempos moldaram a nação, incentivando-a a valorizar a igualdade de oportunidades e a educação para todos. Hoje, com um olhar para o futuro, Portugal continua a ser um exemplo de como a determinação e a visão podem transformar um sistema educacional, oferecendo um futuro promissor para as próximas gerações.
Excelente retrospectiva do ensino no passado,pois é hoje com 70 anos os posso confirmar que era realmente assim o ensino dessa época.memorizar ETEC etc, não sou saudosista,mas sinceramente a qualidade do ensino hoje é muito défice 90 / pôr cento dos professores e professoras nem a tabuada sabem e alguns até erros dão,aluns também não tem conhecimentos básicos de se imporem a certos alunos que deviam era aprender uma profissão tudo estuda uns ficam pelo caminho resta única mais valia ao menos ficam a saber ler mal ou bem isso é realmente excelente mas na verdade e para concluir alunos e professores deviam ser aferidos e daí se extrair um ensino de qualidade.
Ao contrário do que descreve, não são os professores com formação deficiente. Outras deficiências são a causa da decadência da sociedade em que vivemos. O mal começa loga em casa de cada um, os pais são os principais responsáveis. Eles próprios não tem educação, não tem responsabilidade e atiram as suas “culpas” para cima dos outros, tipo Pilatos. Não compete aos professores, substituir-se aos pais na educação dos seus rebentos. A disciplina, os hábitos de estudo, o respeito pelo outro, a educação e a obediência, não se compram na loja da esquina, cultivam-se dia a dia no ambiente familiar. Hoje os papás alegam, falta de tempo, cansaço, incompreensão e mais uma série de tretas, para justificarem a sua ausência junto dos filhos. Daí atirarem as culpas de tudo, para o governo, ministro e professores, menos para eles que nunca tem culpa de nada.
Aprecio o seu suadosismo mas reprovo algumas afirmações deixadas no seu comentário! Para ser professor, tenho uma licenciatura pré Bolonha e tive de fazer 2 anos de Profissionalização em Serviço! Anualmente, sou obrigado a fazer no mínimo 30 horas de formação, para além do tempo que passo a pesquisar novas informações, a preparar aulas e a corrigir avaliações! Como em todas as profissões, haverá sempre colegas mais habilitados ou mais vocacionados que outros! Importa é não generalizar essa situação pois, como professor há 28 anos, afirmo que o decréscimo das avaliações hoje sentida deve-se à falta de responsabilização dos pais em relação aos filhos. Como o meu pai me dizia “É a tua obrigação!” Para além disto, a evolução tecnológica ajudou muito o ser humano em muitos aspetos mas prejudicou muitos outros também! O tempo gasto em redes sociais ou vídeo games roubou muito tempo à leitura e os alunos estão rodeados de informação no entanto metade dela não é credível, se não houver responsabilização, mais tempo de leitura, gestão do tempo de estudo e seleção de informação, será difícil o panorama da formação melhorar! Perdeu-se também a noção de respeito, honra e dom da palavra!