Sabia que a capela mais cara do mundo está na capital portuguesa? A deslumbrante Capela de São João Batista, localizada na Igreja de São Roque, em Lisboa, é uma obra-prima encomendada pelo rei D. João V no século XVIII. A sua história é fascinante, marcada por luxo, devoção e uma ambição desmedida que espelhava o apogeu da riqueza do império português.
Uma encomenda régia de Roma para Lisboa
D. João V, conhecido como “o Magnânimo” ou “o Rei-Sol Português”, era célebre pelos seus investimentos em obras de arte, cultura e religião, financiados pelo ouro e diamantes do Brasil, que enchiam os cofres do reino.
Entre os seus projetos mais ambiciosos, como o Convento de Mafra, destacou-se a Capela de São João Batista, idealizada para glorificar o padroeiro da sua ordem militar e afirmar o prestígio de Portugal na Europa.
A capela foi encomendada a dois renomados arquitetos italianos, Luigi Vanvitelli e Nicola Salvi, com a instrução de que deveria ser a mais luxuosa do mundo. Construída em Roma entre 1742 e 1747, envolveu o trabalho de mais de 130 artífices.
Quando concluída, foi benzida pelo Papa Bento XIV na Igreja de Santo António dos Portugueses e, em seguida, desmontada em 174 peças para ser transportada até Lisboa em três navios.
A montagem final foi realizada em 1750, mas a sua inauguração oficial só aconteceu em 1752, numa cerimónia que contou com a presença do rei e da família real. Apesar do terramoto de 1755, que devastou grande parte da cidade, a capela sobreviveu, tornando-se um símbolo da resiliência e da opulência da época.
Uma obra de arte em materiais preciosos
Com dimensões de cerca de 10 metros de comprimento, 6 metros de largura e uma altura máxima de 12 metros, a Capela de São João Batista impressiona não apenas pela sua escala, mas também pelos materiais raros e preciosos que a revestem.
Entre os destaques estão o mármore de Carrara, ametista, pórfido roxo, lápis lazuli, jade, alabastro, e ágata, combinados com elementos em bronze dourado, madeira embutida e marfim.
A decoração da capela é um testemunho do requinte artístico do período barroco e neoclássico. Inclui:
- Painéis em relevo representando cenas da vida de São João Batista, criados pelos escultores Alessandro Algardi e Francesco Queirolo.
- Pintura em mosaico na capela-mor, que ilustra o batismo de Cristo por São João Batista, obra de Agostino Masucci.
- Mosaico no teto, representando a glória de São João Batista, criado por Mattia Moretti.
- Pavimento em mosaico, da autoria de Giovanni Battista Natali.
Além disso, o retábulo é adornado com esculturas em mármore e no arco exterior destaca-se um brasão com as Armas Reais Portuguesas ladeado por anjos. Cada detalhe reflete o luxo e a dedicação ao esplendor que caracterizavam a corte de D. João V.
Um legado preservado para todos
Após a expulsão da Companhia de Jesus em 1768, a Igreja de São Roque e a Capela de São João Batista foram entregues à Santa Casa da Misericórdia de Lisboa. Atualmente, este espaço é acessível ao público, permitindo que todos possam admirar esta obra-prima única.
Segundo a VortexMag, a visita à capela e ao museu da Igreja de São Roque custa apenas 2,50€ para adultos e oferece uma oportunidade de explorar não só esta joia arquitetónica, mas também uma rica coleção de peças de culto, paramentaria, alfaias litúrgicas e documentos históricos.
Planeie a sua visita
A Igreja de São Roque está aberta de forma gratuita ao público, mas para visitar a Capela de São João Batista e o museu adjacente deve dirigir-se ao edifício ao lado. O espaço está aberto de terça a domingo, entre as 10h e as 18h.
Esta visita é uma verdadeira viagem ao esplendor do passado, onde a história, a arte e a fé se unem num dos locais mais emblemáticos de Lisboa. Não perca a oportunidade de contemplar esta que é considerada a capela mais cara do mundo – um verdadeiro tesouro no coração da cidade!