Eles representam o auge da arquitetura religiosa. Conheça os seis mosteiros portugueses destacados pela National Geographic Travel.
Ao longo da nossa história, com quase 9 séculos, muitos foram os feitos alcançados por portugueses. Muitas construções foram erguidas ao longo destes quase 900 anos. Muitas delas apresentam caráter religioso. O que não é surpreendente, pois Portugal sempre teve uma grande ligação à religião católica.
Algumas dessas construções foram destacadas num artigo recente de uma revista internacional de grande relevo. A Nacional Geographic Travel centrou a sua atenção em mosteiros do nosso país. Estas construções são especiais. Tratam-se dos únicos mosteiros de Portugal que são Património Mundial!
6 Mosteiros portugueses destacados pela National Geographic Travel
A fonte
O artigo original, “Viaje por los seis únicos monasterios de Portugal que son Patrimonio de la Humanidad” (Viaje pelos únicos 6 Mosteiros de Portugal que são Património Mundial), foi escrito por Asun Lujan, Jornalista da National Geographic Travel.
Os mosteiros
No artigo da NGT é defendido que noutros países europeus são as catedrais que simbolizam o auge da arquitetura religiosa. No entanto, em Portugal, o auge da arquitetura religiosa está concentrada nos seus mosteiros.
Contextualização
Nesta época, os monarcas de metade da Europa competiam entre si construindo palácios, castelos e enormes catedrais, visando consolidar a sua grandeza e poder.
No entanto, em Portugal, os reis concentraram os seus esforços na construção de mosteiros monumentais. Os monarcas portugueses pretendiam louvar a ajuda divina nas suas vitórias de guerra e realizações marítimas.
Herança
Essas construções foram uma moda portuguesa que durou entre os séculos XIII e XVIII. Esse investimento foi realizado e fez com que Portugal apresentasse um legado monástico notável.
A respetiva relevância artística foi catalogada e protegida como Património Mundial pela UNESCO. Curiosamente, quatro monumentos destacados neste artigo encontram-se entre as Sete Maravilhas de Portugal, uma seleção promovida pelo Ministério da Cultura português.
Eis os 6 Mosteiros portugueses destacados pela National Geographic Travel!
1 – Mosteiro dos Jerónimos
Este mosteiro encontra-se em Lisboa. O Mosteiro dos Jerónimos está presente no bairro de Belém, localizado à entrada do porto de Lisboa, um pouco afastado do centro. No entanto, o mosteiro está muito bem servido por transportes públicos.
O Mosteiro dos Jerónimos é considerado uma obra-prima do estilo manuelino português. Esta construção revela-se um requinte do gótico sóbrio que prevaleceu na Europa, quando começou a ser construído.
Este monumento narra todo o esplendor da história da expansão marítima portuguesa. Nas suas muralhas e nos tesouros que alberga encontram-se testemunhos desse pedaço de história.
As obras da construção do Mosteiro dos Jerónimos começaram a partir do ano de 1502. No entanto, só foram concluídas um século mais tarde. A construção deste monumento foi pago pelo chamado “imposto da pimenta” (pelo menos grande parte do valor).
Este imposto era cobrado sobre as importações de especiarias e ouro que eram provenientes da Ásia e da África.
Ao contemplar o Mosteiro dos Jerónimos do lado de fora, destaca-se no cenário a imponente fachada, que apresenta mais de 300 m de comprimento. No interior do Mosteiro, encontram-se outras riquezas.
A Capela Matriz é uma construção religiosa que apresenta grande fascínio. Neste templo encontram-se os cofres funerários de D. Manuel I e dos seus descendentes.
Neste espaço, também se podem ver os túmulos de Vasco de Gama, o cenotáfio (trata-se de um memorial fúnebre erguido com o propósito de homenagear uma pessoa ou grupo cujos restos mortais se encontram noutro local ou em local desconhecido) do poeta Luis de Camões ou a lápide de Alexandre Herculano (escritor, historiador, jornalista e poeta).
No transepto, a arca do rei D. Sebastião I surpreende. Encontra-se vazia, porque os seus restos mortais ficaram perdidos em Marrocos, onde faleceu no campo de batalha de Alcácer Quibir, em 1578.
O Claustro foi construído em 1544. Este claustro é composto por dois níveis, com vista para um pátio de varandas. Estas encontram-se decoradas com belas arcadas (esculpidas) e esculturas que evocam o tempo dos grandes Descobrimentos marítimos.
Numa capela adjacente ao claustro, está guardado o túmulo de uma personalidade icónica da literatura portuguesa, Fernando de Pessoa. Trata-se de um monólito simples com o qual os portugueses prestam homenagem ao seu “rei escritor”.
A visita a este Mosteiro deve ser complementada nas margens do rio Tejo. Devemos realizar uma visita à Torre de Belém. Esta construção começou como parte de uma linha defensiva que completou o bastião de Cascais e o forte de São Sebastião de Caparica.
No entanto, acabou por ser uma alegoria de pedra dedicada aos Descobridores Portugueses.
Atualmente, este espaço alberga um museu. Este é um dos monumentos mais visitados de Lisboa. No ano de 1983, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém foram conjuntamente declarados Património da Humanidade pela UNESCO. Ambos os monumentos encontram-se entre as Sete Maravilhas de Portugal.
2 – Mosteiro de Santa Maria da Vitória
Este monumento foi erguido na Batalha. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória foi construído para comemorar a vitória dos portugueses sobre os castelhanos, após o sucesso na Batalha de Aljubarrota, que aconteceu em 1385.
O Mosteiro de Santa Maria da Vitória serve de exemplo do estilo manuelino. Este é um estilo típico de Portugal. As obras da construção deste mosteiro iniciaram-se em 1388. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória foi erguido a poucos quilómetros do local do confronto histórico. As obras de construção deste monumento só terminaram em 1402.
O primeiro edifício a ser erguido foi a igreja. Este templo encontra-se sobre três naves. A nave central é de dois níveis. Neste monumento, destaca-se ainda a presença de cinco capelas na cabeceira. No interior do templo, a altura impressiona. São 32 m no seu topo e quase sem suportes.
O Portal de acesso a Santa Maria da Vitória revela-se um elemento único em Portugal. Este portal encontra-se totalmente esculpido. A Capela do Fundador está presente junto à entrada.
Esta construção foi mandada erguer por D. João I de Portugal, com o propósito de servir como o seu panteão. As Capelas Imperfeitas (século XV) encontram-se de um lado do Altar-Mor, que ao ar livre abrigam os túmulos de Eduardo I e outros membros da realeza.
O Mosteiro da Batalha apresenta dois claustros. Esta construção é dedicada a Afonso V e é a mais ornamentada. Há dois níveis e existem várias dependências neste espaço. Nos tempos monásticos, nessas dependências, abrigavam-se a enfermaria, o notário, a biblioteca, a despensa ou a arrumação para lenha.
O Claustro Real apresenta galerias abobadadas. Há ainda a destacar a presença de um pátio com vista para a adega. A cozinha e sala de jantar adjacente são outros espaços que se podem destacar.
Este local foi enriquecido com a presença do Museu das Oferendas ao Soldado Desconhecido, existente no antigo refeitório. Este local foi declarado Património da Humanidade em 1983. O Mosteiro de Santa Maria da Vitória é outra das Sete Maravilhas de Portugal.
3 – Real Mosteiro Santa Maria de Alcobaça
Este monumento é considerado o maior expoente da arquitetura cisterciense em Portugal, devido à sua dimensão e à pureza do seu estilo e dos materiais usados na sua construção. A ordem religiosa de Cister instalou-se em território português em 1138.
A igreja foi o núcleo original de todo o recinto. Este espaço foi fundado no século XII por D. Afonso I. Na época, o país encontrava-se em plena Reconquista aos muçulmanos. O Mosteiro de Alcobaça tornou-se uma realidade devido à promessa de ceder terras à Ordem, caso se obtivesse uma vitória para o lado dos portugueses.
Os monges começaram a construir o mosteiro em 1178. Primeiro, começou com uma pequena igreja. No entanto, posteriormente, cresceu em estilo gótico com a sua planta de cruz latina, três naves laterais e abóbadas nervuradas.
O monumento acabou por ser formado pela magnífica abadia e pela construção de três claustros (de Dionísio I, do Cardeal e de Rachadouro). Estes encontram-se ladeados por um número infinito de salas monásticas.
Mais tarde, foram realizadas renovações. Atualmente, a sua imponente fachada, barroca, abre-se para um interior austero, que carece de decoração e imagens ornamentais, como é comum na Ordem de Cister.
Ao longo do tempo, vários membros da monarquia portuguesa encontraram-se neste mosteiro, principalmente no transepto, no claustro e no Panteão Real. Este destaca-se pela beleza artística que apresenta.
Os túmulos de Pedro I de Portugal e de Dona Inês de Castro são uma atração imperdível. Ambos viveram uma histórica de amor que acabou de forma trágica. O casal teve assim a oportunidade de descansar de forma romântica. Juntos e em solidão encontram-se na imensa nave central.
Pedro e Inês viveram um amor proibido no século XIV. Ambos casaram em segredo, contra a vontade do povo e do Rei, Afonso IV (pai de Pedro). Inês acabou por ser assassinada por vontade expressa do rei.
Os sarcófagos deste casal revelam-se autênticas joias da escultura gótica portuguesa. Ambos se encontram de frente um para o outro. Um posicionamento pensado para o momento do reencontro dos amantes.
Existe uma inscrição gravada no caixão de D. Pedro: “até o fim do mundo”. O Real Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça encontra-se classificado como Património Mundial pela UNESCO desde 1989. Este mosteiro é uma das Sete Maravilhas de Portugal.
4 – Palácio Nacional de Mafra
A construção deste monumento deve-se a uma promessa de fé e amor. Foi no século XVIII que o Palácio Nacional de Mafra foi construído por instrução de D. João V, apelidado de “o Magnânimo”.
A construção do Palácio Nacional de Mafra foi realizada como sinal de afeto pela sua esposa Ana Maria de Áustria. O monarca queria demonstrar a sua gratidão a Deus por lhe ter dado um herdeiro.
A jovem rainha demorou alguns anos para engravidar. Apesar das mil estratégias do Rei e da Rainha, o filho não surgia. Até que realizou a promessa de construir um esplêndido recinto, se o tão desejado herdeiro do rei chegasse. Após a rainha ter dado à luz, João V de Portugal cumpriu a sua promessa. Curiosamente, esse foi o primeiro dos seus sete filhos.
Este espaço megalómano inclui uma basílica imponente. O monarca mobilizou mais de 50.000 pessoas para erguer o Palácio Nacional de Mafra. Foram necessárias duas décadas para a construção deste memorial ao amor e à riqueza. A construção que hoje reconhecemos como Palácio Nacional de Mafra foi financiada graças ao ouro proveniente do Brasil.
As linhas barrocas predominam no Palácio Nacional de Mafra. Este espaço conta com 1200 salas, existindo ainda 156 escadarias, 29 pátios paisagísticos e até uma biblioteca extraordinária que contém mais de 40.000 volumes.
A magnífica Basílica é o elemento mais importante do conjunto de construções presentes no recinto do Palácio Nacional de Mafra. Este conjunto é Património Mundial desde 2019.
Após realizar a entrada pela fachada principal do palácio, encontra-se uma entrada presidida por um frontão triangular de estilo clássico. A igreja local é coroada por uma cúpula renascentista imponente. Esta cúpula serve para embelezar o espaço e torná-lo ainda mais especial, pelo contributo artístico e pelo contributo para a acústica do templo.
Este templo abriga dois carrilhões com 92 sinos. O interior espaçoso da igreja apresenta uma decoração de mármores policromados. Há ainda a destacar a presença de um órgão singular, formado por seis tubos sonoros.
A Basílica completa-se com um claustro com as medidas 40 m x 33 m. Ele encontra-se ladeado por arcos que conferem à basílica uma aparência imponente. A partir deste local, é possível aceder ao Convento.
Originalmente, o convento foi concebido para acolher apenas uma dezena de frades. No entanto, quando as obras do palácio foram concluídas, este espaço cobria 40.000 m quadrados e acolhia 300 religiosos. O Salão dos Frades e as celas dos monges são espaços de visita obrigatória.
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5 – Mosteiro da Serra do Pilar
Esta construção estende-se em Vila Nova de Gaia, encontrando-se em frente ao Porto, na outra margem do rio Douro. Estas duas cidades encontram-se ligadas por pontes e partilham uma história fascinante, nomeadamente pela exportação de vinhos.
Este mosteiro situa-se numa colina. Esta construção apresenta vistas para a emblemática Ponte Luís I. O Mosteiro da Serra do Pilar é uma construção singular. A pequena igreja é uma construção renascentista que remonta ao século XVI. Nesta construção, destaca-se o seu claustro pela sua planta circular. Este é um exemplo único em Portugal.
O recinto começou a ser construído no ano de 1527. Inicialmente, o seu propósito era albergar os monges do mosteiro de Grijó. Eles estavam obrigados a abandonar esse mosteiro devido à respetiva deterioração.
No entanto, rapidamente se confirmou que o recinto monástico foi insuficiente. Por isso, no século XVI, este espaço foi submetido a uma remodelação com o propósito de expandir o espaço.
A igreja circular e o claustro apresentam o mesmo diâmetro. Estas construções encontram-se separadas por um coro retangular, no qual as capelas laterais se abrem. O interior do templo revela retábulos dourados, destacando-se ainda as colunas salomónicas e as esculturas de madeira policromada do século XVIII.
A localização estratégica do mosteiro fez com que esta construção fosse utilizada como fortaleza improvisada desde meados do século XIX. O Mosteiro da Serra do Pilar é considerado Património da Humanidade desde 1996.
6 – Convento de Cristo
Este convento foi fundado pelos Cavaleiros de Cristo. Esta foi uma ordem militar/religiosa portuguesa. Os Cavaleiros de Cristo foram herdeiros dos Templários. Os membros desta ordem fizeram de Tomar o seu quartel-general em território português.
A fundação do Convento de Cristo foi em 1162. Começou por ser um pequeno mosteiro de clausura para os monges-soldados desta ordem. O mosteiro encontra-se rodeado pelas muralhas do Castelo de Tomar.
Ambos formam um conjunto. A sua construção estende-se no tempo. Por isso, apresenta o puro estilo românico e outros estilos, indo até ao primeiro Renascimento.
Atualmente, este mosteiro é considerado uma joia excecional do património religioso português. Este conjunto é património da Humanidade desde 1983. O cenário visto de cima, por drone, é surpreendente, destacando-se pela beleza, pelas dimensões e pela complexidade arquitetónica que apresenta.
A Casa do Capítulo é uma das mais belas salas do Convento de Cristo. Esta construção foi iniciada em estilo manuelino. No entanto, foi concluída no primeiro Renascimento português.
Nesta sala, é possível admirar uma janela manuelina que é um ícone deste estilo emblemático. Possivelmente, esta foi uma construção dedicada ao tempo dos Grandes Descobrimentos Marítimos. A decoração é verdadeiramente encantadora.
O Ambulatório é uma das peças mais surpreendentes do recinto de Tomar. Trata-se de um exemplo do puro românico. Possivelmente, este espaço foi concebido como uma capela funerária, tendo sido ampliado no século XVI.
Esta é uma das poucas igrejas de planta poligonal centrada que se conhece. Trata-se de um legado dos Templários. Posteriormente, foi completado com uma igreja ao redor, um arco triunfal e um portal fenomenal.
O recinto monumental deste espaço é completado com sete magníficos claustros, nomeadamente: Corvos, Micha, Santa Bárbara, Hospedaria, Lavagem, Principal e o Cemitério.