A nossa imagem é impactada pela forma como escrevemos. Mas pela forma como falamos também! 16 erros de português que mancham a sua imagem.
Não é só na escrita que damos erros de português graves. Quando falamos não temos a tecla delete para apagar aquilo que dizemos e, por isso, tudo o que dizemos sai sem pensarmos muito nisso.
Existem erros que facilmente passam despercebidos. São tão frequentes que nem percebemos que são, na verdade, erros de português. Isso acontece no discurso falado, mas também no escrito. Se os erros não são detetados, há naturalmente o perigo de serem perpetuados.
Por isso, devemos estar atentos, muito atentos e aprofundar os nossos conhecimento. Estar equipado com um dicionário sempre que estamos a ler, seja uma revista, um jornal, um livro, também é importante, pois permite aprofundar o conhecimento sobre alguns conceitos.
Ninguém gosta de errar, contudo não faltam erros a surgir no nosso quotidiano. Ora veja:
16 erros de português que mancham a sua imagem
- Qualqueres
- Esitar
- Extender
- Losangulo
- Interviu
- Haver
- Destrocar
- Desfolhar
- Hádes
- Muita bom
- ‘Tar
- Bué
- Fizestes
- Á
- Gostamos
- Insonsa
1. Qualqueres
Forma correta: quaisquer
Há uma tendência qualquer que as pessoas têm de usar “qualqueres” como plural da palavra “qualquer”. Há também quem assuma o risco e use “quaisqueres”.
Como acontece com muitas das coisas que as pessoas têm tendência a usar, esta também está errada. O plural de “qualquer” é “quaisquer”. “Qualqueres” não é nada e “quaisqueres”, quanto muito, é o plural do plural.
2. Esitar
Forma correta: hesitar
É bastante provável que a letra H tenha sido introduzida no nosso alfabeto apenas para tornar a nossa vida mais complicada. Como é uma consoante muda e não acrescenta nada a nível sonoro à palavra, muitas pessoas esquecem-se de a escrever.
Sucede que há várias palavras que têm H no início e esta é uma delas. Claro que, pelos motivos já mencionados, há várias pessoas que se esquecem desse H e optam por escrever apenas esitar e poupar a tinta da caneta.
3. Extender
Forma correta: estender
Para quem trabalhar diariamente com a língua inglesa, a palavra pode até não parecer mal escrita à primeira vista.
Sucede que a tradução à letra de extend não é extender mas sim estender. Quer nos refiramos à palavra no contexto de “estender a roupa” ou de extensão de qualquer coisa, em ambos os casos se usa o S e não o X.
4. Losangulo
Forma correta: losango
Primeiro que tudo vamos concordar que pode ser totalmente inútil haver um nome específico para uma figura geométrica de quatro lados.
Já há dois: retângulo e quadrado. Um losango (sim, losango) nada mais é que um quadrado ou um retângulo cujos ângulos não são retos.
5. Interviu
Forma correta: interveio
A conjugação do verbo intervir no pretérito perfeito do indicativo é um problema para muitos portugueses. Não é complicado se pensarmos na formação da palavra. Intervir vem do verbo vir e, por isso, os tempos verbais formam-se da mesma forma.
“Viu” é parte do verbo ver e não do verbo vir. O pretérito perfeito de vir na terceira pessoa do singular é “veio”, o que faz com que a mesma conjugação do verbo “intervir” seja “interveio” e não “interviu”.
6. Haver
Forma correta: ter a ver
Sabem aquela comichão alérgica de que muitas pessoas sofrem com a chegada da primavera?
Os portugueses com a mínima noção da sua língua sofrem da mesma comichão quando alguém escreve “isso não tem nada haver”. Ter a ver, no sentido de ter relação com, é sempre usado desta forma e não com o verbo haver.
7. Destrocar
Forma correta: trocar
“Podes ir ali destrocar-me esta nota?”. Não, não posso. O que é destrocar uma nota? É trocar por algo previamente trocado?
Destrocar é uma redundância. No máximo nós trocamos uma nota por moedas, nunca destrocamos. Destrocar é desfazer uma troca.
8. Desfolhar
Forma correta: folhear
Corria o ano de 1969. Simone de Oliveira subia ao palco da Eurovisão em Madrid para cantar “Desfolhada Portuguesa” referindo à descamisada do milho.
Nunca ao longo da letra escrita por Ary dos Santos se fala em desfolhar papéis. E não se fala porque só se desfolham papéis se os quisermos rasgar.
9. Hádes
Forma correta: hás de
“Hádes cá vir” é uma expressão que se enraizou de uma forma muito estranha na nossa sociedade. Ora, sucede que Hades era o Deus grego do submundo e, a menos que os portugueses lhe sejam devotos, convém começarem a usar “hás de”.
10. Muita bom
Forma correta: muito bom
De todas as pérolas que Jorge Jesus deu à nossa língua, esta foi provavelmente a melhor. Toda a gente no nosso país usa “muita” antes de um qualquer adjetivo de género masculino. Faz sentido? Não. Vamos continuar a usar? Claro.
11. ‘Tar
Forma correta: estar
Tentar aprender português é capaz de ser o maior pesadelo de sempre. Já é difícil perceber qual a diferença entre os verbos ser e estar, imaginem tentar perceber um português quando nenhum de nós, em linguagem corrente, usa o verbo estar mas sim o verbo ‘tar.
12. Bué
Forma correta: muito
Bué (e as suas variações “bueda” ou “buede”) é utilizado frequentemente por jovens para se referirem a grandes quantidades. Tudo bem.
Bué custa menos a dizer do que muito e é sempre importante poupar as nossas belas vozes. Sucede que os jovens tornam-se adultos e deixa de ser engraçado dizer constantemente bué quando temos 20 e tal anos.
13. Fizestes
Forma correta: fizeste
“Fizestes”, “fostes” e afins são todas formas do pretérito perfeito simples do indicativo na segunda pessoa do singular… se formos pessoas completamente desprovidas de noção. Fica o apelo à população em geral: o “s” no final não existe.
14. Á
Forma correta: À
Há apenas duas palavras com acento grave: à e àquele. Ambas resultam de contrações da preposição “a”.
O acento agudo no “a” está errado da mesma forma que “ás” também é errado a menos que se refira à carta de jogar.
15. Gostamos
Forma correta: gostámos
Há uma coisa que demasiadas pessoas fazem e, por isso mesmo, passou a ser aceite na nossa sociedade como se não estivesse totalmente errada: usar o presente quando se fala no passado.
Nós não fomos a um restaurante ontem e gostamos muito da comida. Nós fomos ao restaurante ontem e gostámos muito da comida. Da mesma forma que, nesse mesmo restaurante, nós não falamos. Nós falámos. Um acento muda muita coisa.
16. Insonsa
Forma correta: insossa
Deixámos (ou, como diriam algumas pessoas, deixamos) o mais inacreditável para o final. A maioria das pessoas chama de insonsa a uma comida que não tem sal. Sucede que insonsa é na verdade gíria e a forma correta da palavra é mesmo insossa.
Leia também:
- Português: Copo de Água e Obrigada está errado?
- Português: diz-se Obrigado ou Obrigada
- Português: 30 palavras que enriquecem o vocabulário
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Que eu saiba, “bué” é uma palavra que consta no nosso dicionário, pelo menos desde 1997.
““Fizestes”, “fostes” e afins são todas formas do pretérito perfeito simples do indicativo na segunda pessoa do singular… se formos pessoas completamente desprovidas de noção. Fica o apelo à população em geral: o “s” no final não existe.”
E que tal conjugar o pretérito perfeito dos verbos e atentar na segunda pessoal do plural?
Eu fiz
Tu fizeste
Ele fez
Nós fizemos
Vós fizesteS
Eles fizeram
Portanto, o S existe sim. Na pessoa certa!
Vinha aqui dizer o mesmo. 😀
Também não gosto muito, mas de facto as línguas são vivas e vão encorporando os costumes, e este é um bom exemplo disso.
O destrocar também existe, na conotação que lhe é dada, e não é erro nenhum (https://www.flip.pt/Duvidas-Linguisticas/Duvida-Linguistica/DID/2515); eu nem nunca ouvi nem li ninguém a referir-se a desfolhar para papel…; insonsa existe e é sinónimo de insosso, e aparece também no dicionário.
É exactamente por demasiadas regras e falta de fizestes que professores de português não são, e nem nunca foram ou serão, grandes escritores. Um peixinho de aquário nunca será um peixe oceânico.
Outros erros muito frequente: subir e descer, em que estrada diz respeito; o mas e o mais, no que diz respeito conjunção e advérbios. Etc
E ” prontos”!!!!!!
Fantástico! Muito obrigado pela oportunidade de acessar a este site com esta matéria! Sou Moçambicana e professora de Língua Portuguesa, preocupada com as lacunas decorrentes na minha área! Gratidão! Estamos juntos!
Bué é de Angola de onde eu sou. Não existe a palavra “bueda” ou “buede”
Bué significa “muito”, “enorme” ou seja, é quando aquilo que queremos quantificar é como se não se conseguisse medir. Tem origem na língua Quimbundo.
Bué é um superlativo de “muito”
Por exemplo: “tinha muita gente naquele sitio” apenas pode significar que estava cheio, mas se eu disser que “que tinha bué de gente naquele sítio” Estou a dizer que estava abarrotado ou lotado
Bom artigo. Mas convém não cometer erros noutras áreas além do português. Um losango é qualquer quadrilátero com 4 lados iguais. Não é simplesmente um quadrado (cuja rotação de 90° o deixa invariante). Talvez não seja má ideia limitar-te à apreciação da língua portuguesa e ceder a exploração dos demais conceitos aos especialistas nos mesmos.
Oh Stôr, acho que vou ter que lhe dar uma nega em geometria!!
Então um losango é um quadrado rodado em 90º?
Provavelmente uma elipse é uma circunferência viste de perspetiva, certo?
Um quadrado é um polígono regular congruente, composto por quatro arestas e quatro vértices onde todos os ângulos internos têm 90º
Já um losango, é um quadrilátero equilátero, ou seja, é um polígono formado por quatro lados de igual comprimento mas com os ângulos opostos a terem medidas iguais entre si e divergindo das medidas dos ângulos adjacentes. Os ângulos agrupam-se dois a dois, sendo dois deles agudos e outros dois obtusos.
Tem ainda a particularidade das diagonais serem bissetrizes perpendiculares entre si.
Esqueceram -se de moradia “germinada”.