Ziguinchor: uma cidade no Senegal com 30 mil descendentes de portugueses
A atual Ziguinchor remonta a uma feitoria fundada pelos portugueses em 1645, na margem sul do rio Casamansa. Segundo a tradição, o seu nome deriva da expressão em língua portuguesa “cheguei e choram”, uma vez que os nativos pensavam que os europeus os vinham escravizar. Subordinada à capitania de Cacheu, o seu objetivo era o comércio com o reino de Casamansa, um fiel aliado na região, descrito pelos cronistas coevos como o reino mais amigo dos portugueses ao longo da costa da Guiné.
De acordo com essas fontes, o rei vivia à moda europeia, com mesa, cadeiras e roupas ocidentais, e, na sua corte, habitavam muitos portugueses onde comerciavam e faziam cortesia ao rei.
A população era constituída pelos:
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“fijus di fidalgu”, a aristocracia que se distinguia pelo prestígio nobiliárquico que exibia; e os
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“fijus di terra”, descendentes de portugueses e mulheres de etnia Diola, que ainda hoje mantêm apelidos portugueses como Afonso, Barbosa, de Carvalho, da Silva, e da Fonseca, entre outros.
Os segundos constituíam-se nos proprietários da terra, e distinguiam-se dos demais grupos étnicos pela língua crioula, pela religião católica, pelas maneiras, hábitos e vestes europeus. Talvez a característica mais sonante desta população fosse o conhecido “Domingo de Ziguinchor” em que a população ia à missa e passeava com as melhores roupas e chapéus pelas ruas e jardins de Ziguinchor.
Por essa razão, para os colonizadores franceses, os crioulos constituíram-se nos interlocutores por excelência com o resto da população, inclusive pela facilidade da aprendizagem da língua, generalizada entre a maioria da população pela prática do comércio, não apenas devido à proximidade com a Guiné-Bissau e ao contrabando entre os dois países, mas ainda o do mercado local que atraía os camponeses do interior.
Nos censos de 1963, dos 42.000 habitantes de Ziguinchor, 35.000, falavam o crioulo (83%), e 30.000 tenham o crioulo como língua materna (71,4%). O crioulo de Casamansa é uma língua crioula baseada no português que é considerado um dialeto do crioulo da Guiné-Bissau falado principalmente na região de Casamansa no Senegal e também na Gâmbia.
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