O vinho tinto beneficia a saúde cardiovascular. Será do álcool ou do resveratrol? Vinho Tinto e branco são bons para o coração. Descubra porquê.
O vinho é saudável para o coração. Será por ter álcool? Há outras bebidas alcoólicas que sejam benéficas para o coração? O vinho é mais saudável para o coração do que outras bebidas alcoólicas?
São tantas as perguntas que podem surgir que fica difícil dar resposta a todas. Concentremo-nos, então, na questão principal: Sabe por que razão o vinho é bom para o seu coração?
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Vinho Tinto e branco são bons para o coração. Descubra porquê.

O “paradoxo francês”
O que ficou conhecido como “paradoxo francês” foi a constatação de que, apesar dos franceses terem muitos comportamentos nocivos à sua saúde, eles têm um coração saudável.
Os franceses apresentam um nível alto de sedentarismo, juntando a isso uma elevada taxa de tabagismo e ainda um alto nível de consumo de gorduras saturadas. Contudo, contra todas as estatísticas, ele são dos que menos sofrem com doenças cardiovasculares.
Contra todas as expectativas, tendo em conta os males (vida sedentária, tabaco e gorduras saturadas), os franceses, em comparação com outros povos de igual nível socioeconómico e cultural, apresentam “melhor coração”, sofrendo menos de problemas cardíacos. Por que será?

A história
Em 1819, um médico irlandês, Dr. Samuel Black, observou o que ficou conhecido como “paradoxo francês”. Os franceses sofriam pouco de aterosclerose coronária, apesar de consumirem muitas gorduras saturadas.
Mais tarde, em 1991, foi publicado no reputado British Medical Journal um estudo que observou que os franceses, mesmo com uma dieta repleta de gorduras, sofriam menos de problemas coronários.
Dr. Serge Renaud e Dr. Lorgeril, da Universidade de Bordeaux, foram os responsáveis por este estudo que foi desenvolvido com um universo de 34.000 homens. Eles constataram que os franceses são menos gordos e têm um coração mais saudável do que o de outros povos, nomeadamente dos americanos.

Curiosidades
Anteriormente, mais precisamente no ano de 1979, o Dr. Selwyn St Leger e alguns colaboradores publicaram “Estudo dos 18 países”, na revista The Lancet, onde estavam presentes as mesmas conclusões.
Contudo, o estudo de Renaud e Lorgeril teve outro impacto, pois as conclusões do estudo foram divulgadas no programa “60 minutes”. Este programa foi para o ar no dia 17 de novembro de 1991. O programa teve tanto impacto que levou a que os produtores de vinho sentissem um aumento de vendas superior a 40%.

Tese
Este estudo de Dr. Serge Renaud e Dr. Lorgeril levou à conclusão de que o hábito de os franceses beberem diariamente vinho tinto às refeições contribuía para este fenómeno. A prestigiada revista médica “The Lancet” viu o artigo “Wine, alcohol, platelets and the French Paradox for coronary heart disease” publicado em julho do ano seguinte.
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O artigo, assinado pelo Dr. Serge Renaud e pelo seu colega Dr. Lorgeril, apresentava a sua conclusão à comunidade científica: a ingestão leve e moderada de bebidas alcoólicas, sobretudo vinho tinto, implica uma redução substancial (entre de 40% a 60%) do risco de ocorrência de doenças e da mortalidade cardiovascular.

Propriedades do vinho
Uma das grandes razões para os benefícios do vinho é a presença de uma substância antioxidante natural chamada resveratrol. Esta pode ser encontrada em amendoins, mas também nas sementes e nas cascas das uvas. Consequentemente, também pode ser encontrada no vinho. O resveratrol é responsável por este efeito revitalizante.

Bebidas alcoólicas
O etanol está presente no vinho, na cerveja e noutras bebidas alcoólicas. Alguns defendem a tese de que é o etanol que está na origem dos diversos benefícios (para a saúde). Estes só são gerados com um consumo responsável e moderado destas bebidas alcoólicas.
Outra tese é a de que só o vinho (que possui componentes mais específicos como o resveratrol, a quercetina e o ácido elágico) é que gera esses benefícios.
Uma terceira opção é a tese que diz que ambas são verdadeiras. Logo, é o etanol das bebidas alcoólicas em conjunto com outros componentes específicos do vinho (como o resveratrol, a quercetina e o ácido elágico) provocam estes benefícios.

Comparação
Um grupo de investigadores das Universidades Harokopio e da Universidade de Atenas realizou uma análise a 76 relatórios científicos. Os resultados foram publicados na revista científica Metabolism. O objetivo era perceber os efeitos do vinho a longo prazo.
Os investigadores compararam os efeitos do vinho com os de outras bebidas alcoólicas e confrontoram os efeitos do vinho com os da abstenção do álcool.

Conclusão
O vinho aumenta o chamado “bom colesterol” (HDL), contribuindo para a redução do risco de doenças cardíacas. Os investigadores das universidades gregas concluíram que a análise realizada parece indicar que o etanol, que pode ser encontrado em qualquer bebida alcoólica, contribui para isso.
No entanto, ainda não é possível indicar com total certeza se é o álcool, o resveratrol ou outros componentes, todos individualmente ou em conjunto, a provocar esses efeitos. É necessário realizar mais estudos para uma maior precisão.