Um passeio fantástico pelo Algarve desaparecido

Artur Pastor, um dos maiores fotógrafos portugueses do século XX, deixou um enorme espólio de imagens do Algarve antes das enchentes estivais desfigurarem a região.
Foi um dos homens que mais fotografou o país inteiro ao longo de boa parte do século XX. Artur Pastor (1922-1999), alentejano de Alter do Chão, apaixonou-se pelo Algarve enquanto cumpria o serviço militar, em Tavira, nos anos 40 do século passado.

E foi nessa altura que tirou as primeiras fotografias da região. Poucos anos mais tarde, a propósito de uma das suas primeiras exposições, Motivos do Sul, confessaria ao jornal da região Povo Algarvio a razão de tantas vezes ter disparado a sua máquina naquelas paragens:
Quando parti, no Algarve ficou o meu coração de enamorado, nele deixei para sempre, preso aos seus poentes afogueados, ou ao mar branco das suas “açoteias”, o meu espírito em alvoraçada comoção. Depois, subsistiu sempre uma incessante saudade, o desejo constante de voltar.
A sua carreira prosseguiria em Lisboa ao serviço da Direção Geral dos Serviços Agrícolas, onde se tornaria “regente agrícola fotográfico”, função que o fez viajar por todo o país para registar, com a sua Rolleiflex, diversos postos agrários e brigadas técnicas.

Fundou o arquivo dos serviços que deixaria com um legado de mais de dez mil fotografias. Ao longo de toda a sua vida nunca deixou de fotografar nem de expor. No ano anterior à sua morte, passou vários dias na Expo 98 a registar diversos aspetos do recinto e dos seus visitantes.
Após o seu desaparecimento, a família cedeu o seu espólio ao Arquivo Municipal de Lisboa que há quatro anos fez a primeira grande exposição dedicada ao autor, em três espaços distintos da cidade.
Conheça as 20 fotografias do Algarve desaparecido de Artur Pastor:
01

Em Albufeira, como em toda a região, nos anos 50, havia mais pescadores que banhistas.
02

Nesta época, as ruas de Albufeira não estavam invadidas por pubs com happy hours e néons que ferem a vista.
(cont.)