Quem chega ao Trebilhadouro sente-se a regressar ao espírito típico de uma aldeia beirã escondida no meio da serra, a uma altitude aproximada de 625 metros e abrigada dos ventos que sopram de Norte. Do alto destes montes avistam-se o mar e a ria de Aveiro, bem como outras cidades do Litoral, todo o Vale de Cambra e a Serra da Freita.

É também aqui que nasce um ribeiro que desagua no rio Caima, cujas águas servem para regar os campos das aldeias vizinhas. A paisagem é verde, com as encostas em socalcos e a água como elemento integrador. As casas em pedra salpicam os recantos que compõem esta região do país.

Com o seu limite Norte nas encostas montanhosas da Serra da Freita e uma configuração irregular, a paisagem caracteriza-se pelos declives dos montes e cabeços, dos quais se destacam os alinhamentos Cumeeira-Lomba Gorda-Trebilhadouro e Barraca-Devesa. As povoações situam-se abaixo da cota dos 600 metros, distribuídas pelos solcalcos pela encosta abaixo.

No património edificado de Trebilhadouro é possível antever tradições e costumes de outros tempos. A aldeia mantém a traça de um espaço que durante séculos se dedicou à agricultura. Esta paisagem agrícola e florestal ainda hoje é marcante na aldeia da freguesia de Rôge, em Vale de Cambra.

Há décadas desabitada, toda a aldeia mantém a tradicional da casa rural portuguesa em pedra granítica, material que se estende aos caminhos. Percorra-os sem pressas! As eiras e os canastros que abundam pela aldeia fora lembram outros tempos em que se viviam intensamente as desfolhadas, ao som de cantorias, concertinas e violas; a matança do porco ou as vindimas. Também o espírito comunitário está patente em equipamentos como o tanque público e a fonte.