Porto: o Falso Pelourinho e a Torre Medieval
A monumental coluna que se ergue no Terreiro da Sé e a casa-torre medieval na Calçada de D. Pedro Pitões. Porto: o Falso Pelourinho e a Torre Medieval.
Falso pelourinho
A monumental coluna que se ergue no Terreiro da Sé, em frente à catedral portuense, não tem qualquer valor ou significado históricos, já que nada tem a ver com o pelourinho da cidade, tratando-se tão-só de uma obra moderna, ornamental, ali colocada em 1940, quando a Câmara (que, nessa altura, ocupava o palácio episcopal) demoliu os arruamentos e as velhas construções que encobriam praticamente a Sé e o Paço e construiu o amplo terreiro lajeado.

O autêntico pelourinho da cidade foi construído no tempo de D. Manuel I, em consequência do foral dado à cidade em 20 de junho de 1517, e foi colocado na Ribeira, em lugar destacado sobre a muralha fernandina, bem perto da forca que ali esteve erguida também, durante vários anos.

Foi destruído no século XVIII, no contexto duma campanha odiosa que varreu o Reino e que destruiu vários exemplares, nomeadamente no decurso do século XIX, vendo neles um símbolo de opressão e despotismo.

Segundo gravuras antigas, o pelourinho do Porto era constituído por uma bela peça de cantaria assente em três degraus de pedra; no topo da coluna, em forma torcida, tinha uma coroa manuelina que rematava com a esfera armilar encimada por um catavento.
A coluna tinha ainda um varão de ferro do qual pendia um lampião que iluminava o pelourinho durante a noite.
Fonte Pelicano
O chafariz que está situado no Largo do Dr. Pedro Vitorino, encostado ao muro de suporte do Terreiro da Sé, é do século XVIII e foi considerado imóvel de interesse público por decreto de 23 de Março de 1938. Primitivamente, estava localizado na Rua de S. Sebastião, mas, em 1940, quando das grandes obras realizadas à volta da Sé, foi deslocado para onde agora está.

O chafariz é composto por um tanque, assente em dois degraus, e um pano de fundo, em cujo remate se vêem, dentro duma «cartouche», as armas reais portuguesas coroadas. Completam o conjunto uma cornija, um friso e uma arquitrave, sustentada por duas pilastras em forma de cariátides.

Ao centro, tem uma taça, sustentada por divindades aquáticas e encimada por um pelicano (símbolo da misericórdia) de asas abertas, com um furo no peito, donde jorrava a água, e, mais abaixo, três outros pelicanos mais pequenos. Por isso é também conhecido como Fonte do Pelicano.
Torre Medieval
A casa-torre medieval existente na Calçada de D. Pedro Pitões foi descoberta na década de 1940, durante as demolições do casario que envolvia a Sé do Porto. Essas demolições tiveram como objetivo desafogar a catedral, dando lugar ao amplo terreiro que rodeia atualmente a Sé e o Paço Episcopal.

A referida casa-torre foi então totalmente reconstruída, mas num local afastado cerca de 15 metros da sua localização primitiva, bem dentro da cerca primitiva, situando-se agora ao lado das ruínas da antiga Casa da Câmara, à entrada da Rua de S. Sebastião.
Na atual reconstrução, orientada pelo arquiteto Rogério de Azevedo, esta casa-torre, de estrutura quadrangular, está dividida em dois pisos. No lado sul tem uma porta ogival e na parede voltada a norte pode ver-se um balcão de pedra, de feição gótica.

No entanto, tanto este como a porta são de construção recente, não fazendo parte, segundo os historiadores, da construção primitiva, embora a reconstituição da casa-torre tenha seguido fielmente descrições antigas.
Desconhece-se a finalidade com que foi construída, mas tudo leva a crer que seria, tal como outras semelhantes, a residência de algum burguês abastado. Até 1960 (ano em que foi transferido para a Casa do Infante), esteve instalado nesta torre o Gabinete de História da Cidade e por essa razão era designada por «Torre da Cidade».

A seguir ao 25 de Abril de 1974, foi ocupada pela população local que nela instalou o Centro Social e Cultural da Sé. Mediante um acordo estabelecido com a Câmara Municipal, o Centro Social abandonou a torre, tencionando a autarquia nela instalar, dada a sua privilegiada situação, um posto de turismo e exposições, onde serão postas à venda publicações editadas pela Câmara e alusivas à história da cidade.
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