Padre António Vieira, as melhores frases do Imperador da Língua Portuguesa
Fernando Pessoa chamou-o de Imperador da Língua Portuguesa e foi um escritor genial. Conheça as melhores frases do Padre António Vieira.

O padre António Vieira, a quem Fernando Pessoa chamou “o imperador da língua portuguesa”, pode ser ainda qualificado como o defensor dos judeus e dos índios, missionário, agente secreto e escritor genial.
Nasceu em Lisboa (1608-1697). Aos sete anos, António partiu com a família para o Brasil, onde o pai, da baixa nobreza, foi ocupar o cargo de secretário da Governação. Estudou no colégio jesuíta da Baía, entrou para a Companhia de Jesus em 1623 e foi ordenado padre em 1634, com 26 anos.
Os seus dotes oratórios já tinham começado a dar nas vistas quando, perante a ameaça de um ataque holandês, em 1640, pregou na Baía um sermão aguerrido: ‘Pela vitória das nossas armas’.
Reconhecido como aquilo a que hoje se chamaria um especialista em comunicação, o jesuíta foi escolhido para fazer parte da delegação que, em 1641 veio a Portugal manifestar a D. João IV o apoio do Brasil à Restauração.
Em Lisboa foi um êxito. Os seus sermões em linguagem clara, cheios de metáforas para melhor ilustrarem o que pretendia comunicar, comoveram o rei, que o nomeou pregador da capela real.
A habilidade com que Vieira usava o púlpito para transmitir a sua “agenda política” não passou despercebida a D. João IV, que o incumbiu de delicadas missões secretas no estrangeiro.

O jesuíta passou os anos de 1646 e 1647 em viagens diplomáticas a França e à Holanda. Foi ainda a Roma, oficialmente para tentar junto do Papa uma reconciliação luso-espanhola mas, na verdade, para promover uma revolta em Nápoles contra a coroa de Madrid.
As manobras falharam, mas nessas viagens contactou as comunidades de judeus portugueses em Rouen (França) e Amesterdão (Holanda). No regresso, convenceu o rei a acabar com a pena de confisco dos bens por delito de judaísmo, que a Inquisição aplicava por sistema aos cristãos-novos (Judeus convertidos) suspeitos. Os inquisidores nunca mais lhe perdoaram. Foi também Vieira o principal impulsionador da Companhia Geral do Comércio do Brasil, destinada a captar investimentos dos judeus portugueses no estrangeiro.
O apoio de Vieira ao rei num litígio com os jesuítas colocou-o à beira de ser expulso da sua ordem religiosa. Para evitar a expulsão regressou ao Brasil.
No Maranhão conviveu com os índios e envolveu-se em disputas com os colonos que os escravizavam. Data dessa altura (1654) o ‘Sermão de Santo António aos Peixes’, em que escreveu: “Os homens, com suas más e perversas cobiças, vêm a ser como os peixes, que se comem uns aos outros (…) e os grandes comem os pequenos.”

Os colonos dispensavam o acicate – e obrigaram o padre a voltar a Lisboa, em 1661. Não se deu bem. O seu protetor, D. João IV, morrera em 1657, e o conde de Castelo Melhor, ministro do novo rei D. Afonso VI, desterrou-o quando soube que Vieira conspirava a favor do infante D. Pedro.
Em 1662, a Inquisição abriu-lhe um processo, acusando-o de ter opiniões heréticas. O pretexto foi o livro ‘Quinto Império do Mundo, Esperanças de Portugal’, no qual anunciava a ressurreição de D. João IV.
Recordando as profecias de Gonçalo Annes Bandarra, sapateiro de Trancoso, que falavam da vinda de um rei Encoberto para salvar Portugal, durante a dinastia dos Filipes, o Encoberto foi identificado como D. Sebastião. O padre António Vieira combinou as leituras de Bandarra com uma interpretação profética da Bíblia.
Para ele, esse rei era D. João IV, que havia de ressuscitar para fundar o “quinto império universal”, português e cristão. As ideias messiânicas de Vieira são desenvolvidas nas suas obras ‘Quinto Império’, ‘Clavis Prophetarum’ e ‘História do Futuro’.
Foi proibido de pregar e condenado a prisão numa das casas dos jesuítas.

Salvou-o o golpe de Estado de D. Pedro, em 1667, que destronou o irmão. Vieira partiu para Roma, onde os seus sermões encantaram o Papa. Em Itália, estreitou relações com os judeus e escreveu contra a Inquisição. Antes de voltar, obteve de Clemente X um salvo-conduto que impedia os inquisidores portugueses de o incomodarem. Chegou a Lisboa em 1675, já com 67 anos.
A proteção papal foi preciosa: o Santo Ofício gozava agora dos favores do regente (futuro D. Pedro II) e este ignorou o antigo apoiante. Magoado, Vieira tratou da publicação dos sermões e regressou ao Brasil.
Ainda se envolveu na política local, voltando a defender a abolição da escravatura dos Índios e mergulhou na escrita profética. Morreu na Baía, a 17 de Junho de 1697, com quase 90 anos.
Conheça, agora, algumas das suas melhores frases:
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José Saramago, não por menos, chamou-o de o maior escritor da Línga Portuguesa.