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Pedro Chagas Freitas, fenómeno recente de vendas, foi também “analisado” pelo especialista Manuel Monteiro. Veja a análise a Prometo Falhar e a resposta do escritor.






Fechar a boca ao abysmo
Em 1911, a República trouxe também uma nova língua. Foi a primeira reforma ortográfica de sempre em Portugal. De um golpe, acabou-se com o ph, o th e o y.
Os erros de português dos escritores
Houve quem não se conformasse e reagisse com profunda indignação e ainda mais profunda beleza – sempre foi uma guerra de espíritos elevados. “Na palavra abysmo, é a forma do y que lhe dá profundidade, escuridão, mistério… Escrevê-la com i latino é fechar a boca do abysmo, é transformá-lo numa superfície banal”, dizia Teixeira de Pascoaes, que ainda haveria de muito chorar pela palavra lagryma.
Os erros de português dos escritores
Dizia Pascoaes que era o y que dava a harmonia “entre a sua expressão gráfica ou plástica e a sua expressão psicológica”. O amigo Fernando Pessoa foi mais virulento, dizendo que lhe causava “ódio verdadeiro” a “orthographia sem ípsilon, como escarro directo que me enoja independentemente de quem o cuspisse”.
Os erros de português dos escritores
Os dois lados dizem coisas diferentes e ambos aparentam ter razão. Manuel Monteiro diz que António Lobo Antunes tem erros recorrentes nos seus livros. Como o uso anárquico do hífen, os vocativos mal feitos (sem a vírgula) e o escrever reboliço e derivado a em vez de rebuliço e devido a (ou derivado de).
Os erros de português dos escritores
“Quando a putativa transgressão assenta no desconhecimento, não tem direito a esse nome. Estilo é, por exemplo, o autor [Lobo Antunes] escrever “como se alguém à sua espera no outro lado dos pinheiros”. Elide-se intencionalmente o verbo, procurando a elegância, a leveza, a poesia. Nada tem que ver com porque razão ou reboliço – erros comuníssimos”, diz Manuel Monteiro.
E Lobo Antunes, preocupa-se?
Os erros de português dos escritores
“Nada. Só me preocupa escrever o livro. E que respeitem a minha grafia, que não é a do acordo ortográfico, que não me interessa, nem é como era antes, é uma ortografia, uma maneira de ver as coisas que inventei, mais ou menos. Eu escrevo rebuliço com o. Já tive uma discussão enorme com a palavra braguilha. Eu escrevia berguilha. Provavelmente eu é que estou errado, mas quero lá saber… É assim que eu quero. O autor tem de se sentir livre – e o leitor também, uma vez que quem escreve o livro verdadeiramente é o leitor quando o está a ler. Nem concebo isto de outra maneira. Agora vamos dizer ao Velasquez ‘eh pá, não ponhas aí encarnado, põe azul’?!”
Os erros de português dos escritores
A Lobo Antunes interessa sobretudo “a música da frase, o que acaba por dispensar certo tipo de pontuação. Não preciso de um ponto de exclamação se a prosa for suficiente forte. Se for suficientemente forte tem o ponto de exclamação lá dentro. Não preciso de o pôr a seguir. Ou se a frase for suficientemente ambígua não preciso dos três pontinhos para ficar mais.”
Os erros de português dos escritores
Aqui, há uma óbvia semelhança com José Saramago, com quem dividiu o mediatismo nos últimos trinta anos. Os dois usam o ponto, a vírgula e pouco mais.
(cont.)
BOM DIA !!!! Pª QUÊ A LINGUA DE FORA !!!! QT AOS ERROS, UNS EU CONCORDO , OUTROS NÃO !!!!
CORAÇÃO CHEIO DE PALPITAÇÕES !!!!!