Os cadáveres não tinham cabeça…

Na base da estátua equestre de D. Pedro IV, que está no meio da praça da Liberdade, mandou a Câmara do Porto, em 1914, colocar placas de bronze com os nomes dos doze Mártires da Liberdade gravados.

Em 7 de Maio e 9 de Outubro de 1829, na antiga praça Nova das Hortas, hoje praça da Liberdade, foram enforcados, vítimas do absolutismo mas, sobretudo, do torvo ódio miguelista, doze ilustres personalidades afetas ao regime liberal de então: Joaquim Manuel da Fonseca Lobo, Francisco Silvério de Carvalho Magalhães Serrão, Francisco Manuel Gravito da Veiga e Lima, Manuel Luis Nogueira, José António de Oliveira Silva e Barros, Clemente da Silva Melo Soares de Freitas, Vitorino Teles de Meneses e Vasconcelos, José Maria Martiniano da Fonseca, António Bernardo de Brito e Cunha e Bernardo Francisco Pinheiro, estes dez executados no dia 7 de maio; e mais dois: Clemente Morais Sarmento e João Henriques Ferreira Júnior, enforcados no dia 9 de Outubro daquele mesmo ano.
O assunto é tétrico, temos que o reconhecer, mas vamos ter de continuar neste tom mórbido para melhor compreensão do assunto hoje trazido à crónica.
Após os enforcamentos, e para total cumprimento das sentenças, o carrasco João Branco cortou as cabeças aos cadáveres a fim de serem expostas, durante três dias, como ordenava o tribunal, diante das casas dos seus familiares mais próximos.

A Cordoaria, a Foz e as cidades de Aveiro e Coimbra foram alguns dos locais onde as cabeças dos supliciados estiveram expostas depois de cravadas em altos postes de madeira.
(cont.)