Da lista fazem parte 2 poemas de Fernando Pessoa e ainda dos autores brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. A lista foi elaborada com base num inquérito realizado a 3000 leitores. Descubra e delicie-se com a lista dos 10 melhores poemas dos últimos 200 anos.
1 — A Terra Desolada (T. S. Eliot) Abril é o mais cruel dos meses, germina (Trecho de “Terra Desolada”, de T. S. Eliot. Tradução de Ivan Junqueira) |
2 — Tabacaria (Fernando Pessoa) Não sou nada. Falhei em tudo. (Trecho de “Tabacaria”, de Fernando Pessoa) |
Da lista fazem parte 2 poemas de Fernando Pessoa e ainda dos autores brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. A lista foi elaborada com base num inquérito realizado a 3000 leitores. Descubra e delicie-se com a lista dos 10 melhores poemas dos últimos 200 anos.
3 — A Máquina do Mundo (Carlos Drummond de Andrade)E como eu palmilhasse vagamente uma estrada de Minas, pedregosa, e no fecho da tarde um sino roucose misturasse ao som de meus sapatos que era pausado e seco; e aves pairassem no céu de chumbo, e suas formas pretaslentamente se fossem diluindo na escuridão maior, vinda dos montes e de meu próprio ser desenganado,a máquina do mundo se entreabriu para quem de a romper já se esquivava e só de o ter pensado se carpia.Abriu-se majestosa e circunspecta, sem emitir um som que fosse impuro nem um clarão maior que o tolerável pelas pupilas gastas na inspeção toda uma realidade que transcende Abriu-se em calma pura, e convidando e nem desejaria recobrá-los, convidando-os a todos, em coorte, (Trecho de “A Máquina do Mundo”, de Carlos Drummond de Andrade) |
4 — Os Homens Ocos (T. S. Eliot) Nós somos os homens ocos Os olhos que temo encontrar em sonhos Que eu demais não me aproxime — Não este encontro derradeiro (Trecho de “Os Homens Ocos”, de T.S. Eliot. Tradução de Ivan Junqueira) |
Da lista fazem parte 2 poemas de Fernando Pessoa e ainda dos autores brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. A lista foi elaborada com base num inquérito realizado a 3000 leitores. Descubra e delicie-se com a lista dos 10 melhores poemas dos últimos 200 anos.
5 — Velejando para Bizâncio (William Buttler Yeats)Aquela não é terra para velhos. Gente jovem, de braços dados, pássaros nas ramas — gerações de mortais — cantando alegremente, salmão no salto, atum no mar, brilho de escamas, peixe, ave ou carne glorificam ao sol quente tudo o que nasce e morre, sêmen ou semente. Ao som da música sensual, o mundo esquece as obras do intelecto que nunca envelhece.Um homem velho é apenas uma ninharia, trapos numa bengala à espera do final, a menos que a alma aplauda, cante e ainda ria sobre os farrapos do seu hábito mortal; nem há escola de canto, ali, que não estude monumentos de sua própria magnitude. Por isso eu vim, vencendo as ondas e a distância, em busca da cidade santa de Bizâncio.Ó sábios, junto a Deus, sob o fogo sagrado, como se num mosaico de ouro a resplender, vinde do fogo santo, em giro espiralado, e vos tornai mestres-cantores do meu ser . Rompei meu coração, que a febre faz doente e, acorrentado a um mísero animal morrente, já não sabe o que é; arrancai-me da idade para o lavor sem fim da longa eternidade.Livre da natureza não hei de assumir conformação de coisa alguma natural, mas a que o ourives grego soube urdir de ouro forjado e esmalte de ouro em tramas, para acordar do ócio o sono imperial; ou cantarei aos nobres de Bizâncio e às damas, pousado em ramo de ouro, como um pássaro, o que passou e passará e sempre passa.(Trecho de “Velejando para Bizâncio”, de William Buttler Yeats. Tradução de Augusto de Campos) |
6 — À Espera dos Bárbaros (Konstantinos Kaváfis)O que esperamos na ágora reunidos?É que os bárbaros chegam hoje.Por que tanta apatia no senado? Os senadores não legislam mais?É que os bárbaros chegam hoje. Que leis hão de fazer os senadores? Os bárbaros que chegam as farão.Por que o imperador se ergueu tão cedo e de coroa solene se assentou em seu trono, à porta magna da cidade? É que os bárbaros chegam hoje. Por que hoje os dois cônsules e os pretores Por que não vêm os dignos oradores (Trecho de “À Espera dos Bárbaros”, de Konstantinos Kaváfis. Tradução de José Paulo Paes) |
Da lista fazem parte 2 poemas de Fernando Pessoa e ainda dos autores brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. A lista foi elaborada com base num inquérito realizado a 3000 leitores. Descubra e delicie-se com a lista dos 10 melhores poemas dos últimos 200 anos.
7 — O Cemitério Marinho (Paul Valéry)Esse tecto tranquilo, onde andam pombas, Palpita entre pinheiros, entre túmulos. O meio-dia justo nele incende O mar, o mar recomeçando sempre. Oh, recompensa, após um pensamento, Um longo olhar sobre a calma dos deuses!Que lavor puro de brilhos consome Tanto diamante de indistinta espuma E quanta paz parece conceber-se! Quando repousa sobre o abismo um sol, Límpidas obras de uma eterna causa Fulge o Tempo e o Sonho é sabedoria.Tesouro estável, templo de Minerva, Massa de calma e nítida reserva, Água franzida, olho que em ti escondes Tanto de sono sob um véu de chama, — Ó meu silêncio!… Um edifício na alma, Cume dourado de mil, telhas, tecto!Templo do Templo, que um suspiro exprime, Subo a este ponto puro e me acostumo, Todo envolto por meu olhar marinho. E como aos deuses dádiva suprema, O resplendor solar sereno esparze Na altitude um desprezo soberano.Como em prazer o fruto se desfaz, Como em delícia muda sua ausência Na boca onde perece sua forma, Aqui aspiro meu futuro fumo, Quando o céu canta à alma consumida A mudança das margens em rumor. (Trecho de “O Cemitério Marinho”, de Paul Valéry. Tradução de Darcy Damasceno) |
8 — Hugh Selwyn Mauberly (Ezra Pound)Vai, livro natimudo, E diz a ela Que um dia me cantou essa canção de Lawes: Houvesse em nós Mais canção, menos temas, Então se acabariam minhas penas, Meus defeitos sanados em poemas Para fazê-la eterna em minha voz Diz a ela que espalhaTais tesouros no ar, Sem querer nada mais além de dar Vida ao momento, Que eu lhes ordenaria: vivam, Quais rosas, no âmbar mágico, a compor, Rubribordadas de ouro, só Uma substância e cor Desafiando o tempo.Diz a ela que vai Com a canção nos lábios Mas não canta a canção e ignoraQuem a fez, que talvez uma outra boca Tão bela quanto a dela Em novas eras há de ter aos pés Os que a adoram agora, Quando os nossos dois pós Com o de Waller se deponham, mudos, No olvido que refina a todos nós, Até que a mutação apague tudo Salvo a Beleza, a sós.(Trecho de “Hugh Selwyn Mauberly”, de Ezra Pound. Tradução de A. de Campos) |
Da lista fazem parte 2 poemas de Fernando Pessoa e ainda dos autores brasileiros Carlos Drummond de Andrade e Ferreira Gullar. A lista foi elaborada com base num inquérito realizado a 3000 leitores. Descubra e delicie-se com a lista dos 10 melhores poemas dos últimos 200 anos.
9 — Poema em Linha Reta (Fernando Pessoa)Nunca conheci quem tivesse levado porrada. Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil, Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita, Indesculpavelmente sujo, Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho, Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo, Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas, Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante, Que tenho sofrido enxovalhos e calado, Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda; Eu, que tenho sido cômico às criadas de hotel, Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes, Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar, Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado Para fora da possibilidade do soco; Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas, Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.Toda a gente que eu conheço e que fala comigo Nunca teve um ato ridículo, nunca sofreu enxovalho, Nunca foi senão príncipe — todos eles príncipes — na vida…Quem me dera ouvir de alguém a voz humana Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia; Que contasse, não uma violência, mas uma cobardia! Não, são todos o Ideal, se os oiço e me falam. Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil? Ó príncipes, meus irmãos,Arre, estou farto de semideuses! Onde é que há gente no mundo? Então sou só eu que é vil e erróneo nesta terra? Poderão as mulheres não os terem amado, (Trecho de “Poema em Linha Reta”, de Fernando Pessoa) |
10 — Poema Sujo (Ferreira Gullar)turvo turvo a turva mão do sopro contra o muro escuro menos menosmenos que escuro menos que mole e duro menos que fosso e muro: menos que furo escuro mais que escuro: claro como água? como pluma? claro mais que claro claro: coisa alguma e tudo (ou quase) um bicho que o universo fabrica e vem sonhando desde as entranhas azul era o gato azul era o galo azul o cavalo azul teu cu tua gengiva igual a tua bocetinha que parecia sorrir entre as folhas de banana entre os cheiros de flor e bosta de porco aberta como uma boca do corpo (não como a tua boca de palavras) como uma entrada para eu não sabia tu não sabias fazer girar a vida com seu montão de estrelas e oceano entrando-nos em ti bela bela mais que bela mas como era o nome dela? Não era Helena nem Vera nem Nara nem Gabriela nem Tereza nem Maria Seu nome seu nome era… Perdeu-se na carne fria perdeu na confusão de tanta noite e tanto dia(Trecho de “Poema Sujo”, de Ferreira Gullar) |
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