O Leitão, uma iguaria portuguesa: história e receita
Conheça o Leitão da Bairrada, uma das Sete Maravilhas da gastronomia portuguesa e uma das iguarias mais apreciadas em Portugal. Qual será a história deste pitéu?

De acordo com Pedro Costa, num artigo que redigiu para o “Diário Regional”, os “Cadernos de Refeitório, um manuscrito conventual” (1743), apresentam uma receita de leitão que é muito semelhante ao da Bairrada.
Não existe uma versão consensual sobre o aparecimento. Entre as histórias que se contam, uma parece relacionar a Casa Bairradina: “É das poucas casas que tem o forno dentro da cozinha e, por isso, todos os pratos que nascem na Bairrada têm a ver com o forno”, refere ao Diário as Beiras António Duque, da Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada.
Sabe-se que em 1910 o leitão não fazia parte da alimentação da maioria das pessoas. Eram raras as pessoas que já o tinham saboreado. O leitão era comido em algumas datas de grande importância.

No entanto, não deixa de ser curioso que no século XIX, existisse uma ementa que chamava a atenção dos pobres e dos ricos: a Cabidela de Leitão (um prato que, diga-se, ainda hoje é muito apreciado na zona da Mealhada).
Contudo, este prato refletia diferenças entre as classes sociais. Nos pobres, a cabidela era apenas molho e batatas e ia ao forno numa caçoila de barro preto. Para os ricos, a cabidela era constituída por batata e miudezas de leitão. Era feita num tabuleiro que ia ao forno e simultaneamente era assado o leitão.
Durante décadas, na Bairrada, o Bísaro era a raça escolhida para a preparação desta maravilha portuguesa.

Com o tempo foi-se percebendo que existem raças que se desenvolvem muito mais rapidamente, merecendo assim mais atenção dos comerciantes.
Na segunda metade do século XX, o leitão passou a estar na moda. Em 1995, em Sangalhos, abriu portas a Confraria Gastronómica do Leitão da Bairrada.
De acordo com o site Leitão da Bairrada, aquela entidade tem como “objectivo primeiro e primordial a divulgação dos valores culturais e gastronómicos da região, levando a cultura e costumes Bairradinos a todos os pontos por onde passa e onde é convidada a comparecer”.

Uma confeção rigorosa e que exige dedicação e tempo vale a despesa – o Leitão da Bairrada é uma das Sete Maravilhas da gastronomia portuguesa.
Da Mealhada ou da Bairrada?
Esta é a pergunta que alguns ainda fazem quanto ao nome a dar, e se, porventura, há diferenças entre eles.

No fundo, estamos a falar do mesmo modo de preparação do leitão, sendo que quando falamos do Leitão da Bairrada estamos a ser mais inclusivos, já que esta região é acima de tudo uma área de demarcação vinícola que abrange vários concelhos – e a Mealhada é apenas um deles.
Contudo, a contribuição da Mealhada na questão do cozinhado de leitões e, mais que tudo, o número de restaurantes que começaram a abrir exclusivamente por causa deste famoso prato fez com que, na maior parte dos casos, especificássemos a cidade da Mealhada em detrimento de outras que, valha a verdade, também estiveram envolvidas na confecção (como é o caso de algumas casas de pasto na orla sul do concelho de Águeda).

Os Mealhadenses, num característico orgulho municipal, dirão que não há nenhum leitão como o de lá. Essa asserção ficará de ser julgada pelo mercado, que diariamente lá faz uma pit stop gastronómica, e julgará por si.
Uma coisa parece ser óbvia: a posição geográfica da Mealhada, colada a uma saída da principal auto-estrada do país, garantiu-lhe fama que baste para que muita gente lhe tenha entregue o nome desta sétima maravilha da cozinha portuguesa.
A escolha do leitão

O início do prato faz-se aqui, na seleção do leitão, que deve obedecer a uma série de critérios.
Em primeiro, deverá ser de casta local – e com isto digo da zona da Bairrada que, como vimos, abrange vários concelhos, não obrigatoriamente da Mealhada. Pode ser de raça Bísaro ou Malhado de Alcobaça.
O truque é que este tenha um mínimo de seis quilos e meio e um máximo de oito quilos e meio, correspondendo a isso um animal com aproximadamente um mês ou um pouco para lá disso – o tempo certo para que o leitão tenha gordura mas não em excesso. Adicionalmente, é fundamental que não tenha sido alimentado por nada mais do que leite da sua mãe – ou seja, um leitão reduzido totalmente à sua condição de mamífero.

A mãe do leitão, por sua vez, deve ser alimentada da forma mais natural possível, já que o leite de qualquer fêmea é influenciado pela sua dieta. Portanto, evitem-se rações e comida processada.
Preparação do Leitão da Bairrada
Desde que é feita a escolha do suíno até ao momento em que ele chega ao prato pronto a ser tragado, vão, à vontade, umas quatro ou cinco horas.
A dita matança e todo o processo de esboldração que se segue exige perícia do executante e experiência de quem tempera.

O leitão deve ser morto de uma só facada: a faca deve ser longa o suficiente para perfurar toda a carne que se encontra entre as suas patas dianteiras, um pouco abaixo do pescoço.
Depois de escorrido o sangue, devemos colocá-lo por pouquíssimos segundos dentro de uma panela grande com água em ebulição e apenas cortada com um pouco de água fria no momento do mergulho. Primeiro molha-se a parte da frente, cujo calor irá permitir que se retirem as unhas e que se retirem os pelos com ajuda de umas esfregas na pele, usando serapilheira. De seguida faz-se o mesmo para a parte de trás.
Após a boldra, lava-se de novo o leitão, agora em água fria, e raspa-se a pele para retirar qualquer pelo de sobra que possa ter ficado.

Finalmente, antes de irmos ao tempero, acontece o amanho.
Voltamos ao buraco feito aquando da perfuração e espetamos nova faca, agora alongando o corte, chegando a meio do ventre, deixando o animal aberto. Do outro lado, fazemos outra perfuração, mais pequena, no reto, e damos uma volta à faca para alargar um pouco o orifício – daí retiramos as vísceras, incluindo o intestino. Tornamos a ir à parte dianteira – depois de retiradas as tripas pelo ânus, podemos agora cortar o esófago e puxar de lá o ventre.
Lava-se novamente o bicho e é então colocado em posição vertical, para escorrer, por pelo menos uma hora.
Receita do Leitão da Bairrada

Há dois grandes segredos que fazem do Leitão da Bairrada uma justa maravilha de Portugal. Um, como se sabe, é a pele, que deve ser estaladiça, meio tostada, e da cor do bronze. O outro, talvez menos óbvio, é o tempero que é preparado antes do leitão ir a assar. Comecemos pelo segundo.
Tempero
As doses descritas à frente são feitas tendo por base um leitão de oito quilos. Se for mais leve poderemos reduzir também as quantidades usadas. Mas assumindo ser esse o peso, o trato deve seguir estes passos: com um pilão e um almofariz, pisam-se 3 colheres de sopa de sal, com 2 cabeças de alho, 1 folha de louro, mais uma colher de sopa de pimenta, e juntam-se 50 gramas de toucinho e outras tantas de banha de porco. Há quem junte salsa. No fim, rega-se o tempero com azeite ou com o peculiar vinho branco da Bairrada.

Depois de colocado o leitão numa vara de pinho queimado, numa perfuração que começa no ânus e vai correndo o corpo até sair pela boca, as patas traseiras são atadas à vara, ficando as dianteiras soltas. Barra-se o tempero por dentro e por fora, injetando-se, por vezes, o mesmo molho dentro da carne menos acessível, como as coxas.
Cose-se com fio e agulha a abertura que foi feita entre o pescoço e o ventre (esta é uma das maiores diferenças na preparação para o forno quando comparado com o Leitão de Negrais, tradicional de Sintra, que é assado aberto).
E assim, depois de untado, o leitão deve ser introduzido pela vara num forno típico da região, aquecido a lenha, normalmente em tijolo.
Assadura

Vai-se rodando o leitão de um lado para o outro para manter a tostada homogénea, num ato recorrente que deve durar cerca de duas horas. Entretanto, o leitão vai sendo retirado de quando em vez e salpicado com vinho branco da região, com a ajuda de um borrifador.
Este é a garantia que temos para evitar que a pele sofra de sobredosagem de aquecimento, mantendo-a crocante ao invés de empolar e ganhar barriga.
Como servir o Leitão da Bairrada
Depois de duas horas de manejo, no põe e tira do forno, o leitão começará a dar uma folga à vara. É fácil de perceber para quem tem a coisa na mão – o animal já não roda ao mesmo tempo da vara, estando mais solto. Este é o timing certo para se retirar o leitão.
Faz-se aí um furo junto ao ventre e deixa-se escorrer o molho que lá repousou dentro durante a assadura. Mas o forno ainda vem à baila – antes de ir ao prato, o leitão é por lá recolocado por pouco mais de cinco minutos.
Só depois chegou o momento de o trincharmos, da cabeça à ponta das patas traseiras.
É servido com batata, preferencialmente cozida, salada a gosto. E vem ao prato à temperatura que se quiser – eu, por exemplo, sou um dos aficionados de leitão frio ou, no máximo, morno.
Os melhores restaurantes
Aqui vem a questão das opiniões. Enquanto pessoa que viajou já muito entre Lisboa e Porto, as minhas idas foram sempre mais cómodas, ficando-me regularmente pela restauração da Mealhada, onde o Rei dos Leitões é rei e senhor – o Pedro dos Leitões ficará, diria, em segundo lugar em termos de fama.
Contudo, não posso deixar de falar num outro belo restaurante mais a norte, no concelho de Águeda: a Casa Vidal.
A Confraria do Leitão da Bairrada disponibilizou-se a divulgar pontuação a quem cozinha leitão à moda da Bairrada, lista essa que pode ser vista aqui.
Aprenda a fazer Molho de Leitão
Fontes: Blasting News, Portugal Num Mapa
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Os cardíacos morrem apos comer leitao
Leitao mata cardiacos
O leitão mata é estúpidos que pensam com tu.
Comer leitão não mata ninguém.
O que mata a gente é a raiva de ter que aturar esses “VEGANOS” que se tornam assim só pra seguir a moda.
Não censuro ninguém ,mas não deixo de criticar quem é VEGESTARIANO ,e critica quem não é .o leitão como outras iguarias portuguesas a base de carnes são o cartão de visita do nosso país ,que tanto emprego dá , está gente parece galinhas criticam porque é moda ,não por que sentem essa necessidade de comer TUFO a carne tem proteínas que faz falta ao cérebro, por isso há por aí tanta gente estupida