O Acordo unifica a ortografia da língua? 5 mitos sobre o Acordo Ortográfico
O Acordo Ortográfico estimula paixões, ódios e debates intermináveis, mais do que qualquer outro assunto sobre a nossa língua.

Mais do que qualquer outro assunto sobre a nossa língua, o Acordo Ortográfico estimula paixões, ódios e debates intermináveis. Mas, para lá das nossas opiniões sobre o dito Acordo, podemos tentar desfazer alguns mitos recorrentes:
‘Facto’ agora escreve-se ‘fato’

Não. Em Portugal, onde o “c” de “facto” é lido por todos, a forma correcta é “facto”. O mesmo acontece com “contacto”, por exemplo.
Os dias da semana passam a escrever-se com minúscula

Sim, é verdade que devemos usar minúscula em segunda-feira, terça-feira, etc. Mas a culpa não é do acordo: já era assim na ortografia pré-Acordo.
‘Cágado’ perde o acento

Seria divertidíssimo, mas não é assim. Nenhuma palavra esdrúxula perde o acento por causa do Acordo Ortográfico. Já “pára” perde, de facto, o acento, deixando-nos um pouco à nora…
O Brasil adiou a aplicação do Acordo

O Acordo é hoje aplicado por uma grande parte da sociedade brasileira, estando em vigor desde 2009. O que foi adiado foi o fim do período de transição, que passou de 2012 para 2016.
O acordo unifica a ortografia da língua

Até ver, não só não unificou como criou três ortografias: a brasileira, a portuguesa e a dos países africanos de língua oficial portuguesa (que, à excepção de Cabo Verde, seguem a ortografia pré-Acordo).
Assim, no Brasil escrevemos “recepção”, “fato”, “ator”.
Em Portugal, escrevemos “receção”, “facto”, “ator”.
Em Angola, escrevemos “recepção, “facto”, “actor”.
Portanto, temos agora três ortografias oficiais da Língua Portuguesa…
Autor: Marco Neves
Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa, A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa e A Baleia Que Engoliu Um Espanhol.
Saiba mais nesta página.
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Sinceramente, não acho que o novo acordo ortográfico nos tenha feito perder a identidade cultural. Não é a primeira vez que isto acontece (antigamente, tínhamos: Ruy, Pharmacia, Victor, etc.), e não veio daí “mal ao mundo”…
Eu comprei um livrinho (muito bom) que esclarece as novas regras do acordo, para me atualizar e para poder ajudar os meus netos nos trabalhos de casa. Para mim, a parte mais complicada foi a da hifenização e, quando tenho dúvidas, lá vou consultá-lo. Há uma palavra (que já foi aqui referida) que continuo a escrever à moda antiga: é o “pára”; não me faz sentido escrever “para”, e já tem acontecido voltar atrás numa leitura, porque não entendi o significado da frase.
Penso que voltar atrás nesta altura, ia ser penoso para os miúdos que já fizeram todo o primeiro ciclo com base no novo acordo.
Finalizando, continuo a admirar a língua portuguesa, que é muito difícil, mas muito bonita!
O novo acordo é um lixo
Os detratores do acordo ortográfico de 90 não gostam de falar de um facto evidente que é este: desde que ele foi implementado em 2012 tem sido um sucesso nas escolas. A maioria dos alunos escreve segundo as novas regras e não estranha. Alguém já viu alguma manifestação de alunos contra o acordo? O AO90 é já como o ar que se respira, não só nas escolas mas em toda a função pública . Quererão as novas gerações escrever à moda do século XX? Já agora querem voltar a escrever como se fazia antes da reforma ortográfica de 1911, por exemplo Pharmacia OU alumno? A língua evolui meus amigos! Estamos no século XXI!
É verdade que o AO90 podia ser em alguns aspetos melhorado mas… por favor, tenham dó! Já não escrevemos como se escrevia no século XIX e os portugueses do século XX também já não escreviam como no tempo do D.Dinis.