Quando eles foram notícia pela 1ª vez
Vamos revelar-lhe a idade e as circunstâncias em que os líderes da PAF, PS, CDU e Bloco apareceram pela primeira vez nas páginas do jornal Expresso. Neste campeonato Costa ganhou a Passos, que só teve direito a uma nota num suplemento, enquanto Costa se estreou na primeira página.
Portas levou um ralhete do diretor e Jerónimo foi manchete. A atriz Catarina Martins pisou um palco lisboeta, e Heloísa Apolónia fez comícios em Setúbal.

A democracia portuguesa ainda tinha um Governo Provisório, o VI, quando o ‘camarada’ Jerónimo de Sousa, operário metalúrgico e dirigente sindical que se filiara no PCP em 1974, se estreia em grande na primeira página do Expresso.

O título da manchete de 6 de março de 1976 não o referia, mostrando uma titulação que haveria de mudar muito ao longo das quatro décadas de vida do jornal: “Poucas surpresas nas listas para as Legislativas”, dizia a manchete do jovem jornal com três anos de vida.
O nome de Jerónimo surgia no texto como candidato do Partido Comunista pelo círculo de Lisboa para as primeiras eleições legislativas que se iriam realizar a 25 de abril desse ano.

Acresce dizer que o 25 de Abril desse ano iria ser também o Dia de Portugal, de acordo com um despacho governamental de 12 de fevereiro. Um dia em cheio, numa época em que a democracia se consolidava todos os dias.
O Expresso era dirigido pelo seu fundador Francisco Pinto Balsemão, Otelo Saraiva de Carvalho tinha sido libertado da cadeia de Santarém a 3 de março, e a embaixada de Cuba em Lisboa destruída por um atentado bombista que causou dois mortos, a 22 de abril, três dias antes das eleições legislativas em que o atual secretário-geral do PS, António Costa, não votou. Não o fez por ser abstencionista ou ter ido para a praia, mas porque não tinha idade para o fazer.
Nascido a 17 de julho de 1961, António Costa era muito jovem quando ingressou na Juventude Socialista. A 14 de outubro de 1978, com a assertividade contestatária dos 17 anos, fazia a sua estreia num direito de resposta publicado na primeira página do Expresso.
Em co-autoria com António Calado, enviou uma carta ao diretor do jornal que ainda era Francisco Pinto Balsemão, dizendo que “ao abrigo do direito de resposta” exigia que o jornal publicasse um “esclarecimento nos termos do artº 16 da Lei de Imprensa”.

Costa pertencia então ao secretariado executivo da Federação da Área Urbana de Lisboa da Juventude Socialista (JS). A organização estava em plena campanha para o seu III Congresso Nacional que iria realizar-se em Tróia entre 1 e 3 de dezembro.
(cont.)
AH…VALENTES…