O nosso cérebro, além de ser um órgão deslumbrante, é também aquele que mais partidas nos pode pregar, muitas vezes quando mais precisamos que ele funcione a 100%. Neste exemplo já antigo, alterou-se a ordem de algumas letras em cada palavra, mas sem alterar as letras iniciais e finais. Experimente ler:

O neurologista Benito Damasceno, da Universidade Estadual de Campinas, explica. “Ele tem um sistema no processo de leitura chamado de preenchimento. É um sistema de inferência. Ele baseia-se em pontos nodais ou relevantes, a partir dos quais completa o que falta ou coloca as partes corretas nos seus devidos lugares.“
E este exemplo é válido para qualquer língua desde que, claro, a pessoa a entenda.
Em “ignêls” o mesmo parágrafo:

Este mecanismo não funciona apenas com a leitura. O cérebro também o usa para “construir” imagens de objetos. “Quando vemos apenas a ponta de uma caneta, por exemplo, somos capazes de inferir que aquilo é uma caneta inteira”, diz Damasceno. “Temos neurónios especializados, que constroem imagens completas a partir de partes delas captadas pela retina.”
Outra curiosidade interessante é a forma como conseguimos descodificar um texto que contenha letras e algarismos e continuar a lê-lo, como se de letras, apenas, se tratasse.
O seu cérebro é capaz de descodificar a mensagem, com algum esforço no início, mas depois torna-se progressivamente mais fácil. Experimente ler:

Se conseguiu ler, foi porque o seu cérebro automaticamente fez uma equivalência entre o formato de letras e números, trocando “4” por “A”, “3” por “E” e “5” por “S”, por exemplo.
Um outro exemplo merecedor de atenção, é o facto de não sermos capazes de nomear as palavras que se seguem dizendo-as rapidamente e em sequência, em voz alta, sem nos enganarmos.
Experimente dizer, em voz alta, a cor e não a palavra:

Houve algumas trocas, não foi?
Isto acontece porque há um conflito entre a parte direita do nosso cérebro, que tenta referir a cor, e a parte esquerda, que tenta referir a palavra.