É um passeio a não perder. De comboio, pela linha do Douro, até ao Pocinho. Uma viagem de encanto. Quase sempre junto ao Douro, proporciona-nos momentos inesquecíveis. Mas tem-se falado em acabar com esta linha e deixá-la somente até à Régua. O que seria verdadeiramente de lamentar.

Portugal ficará mais pobre se perder esta linha mágica. Para além do olhar, a viagem começa a ter sabor. Por árvores variadas, pequenos campos, vinhas, e o Douro como estrada que não suporta passos, chegamos à Régua. Fica o comboio mais só. Nesta manhã há pouca gente a entrar na Régua, muita a sair.

Desta estação partem automotoras novas para Vila Real, a linha do Corgo. De Vila Real até Chaves já o percurso, também, faleceu há muitos anos e apodrece na ferrugem dos trilhos. Até Pinhão, o comboio segue da margem direita do Douro, junto ao rio, no vale coberto a verde, as vinhas em socalcos, ou nas novas que seguem as curvas das montanhas. Do outro lado, a estrada. Parece o comboio mais rápido que os carros.

Passa mesmo junto à água que a barragem da Régua aproxima da linha. Quintas, tudo verde, giestas. E o rio amplo, admirável espaço, muito antigo e sempre encantador. Pára em Covelinhas. Um apito, um sonoro ruído da máquina laranja que puxa as carruagens e lá vai Douro acima. Parece mais lento, com vontade de apreciar sempre esta paisagem em transformação que já não tem chuva, só nuvens que começam a dispersar.

Ferrão. Está abandonada a estação. É pena olhar este abandono a que é deitado o património público a cargo da CP. Faz lembrar um futuro pouco risonho para esta linha. Um futuro de “cortes” de linhas férreas que ninguém quer.
Como posso fazer está viagem.