Língua Portuguesa: 5 maneiras muito ibéricas de dizer «Amo-te!»
Numa ocasião muito especial, como manifestar o nosso amor por quem nos é mais querido? Aqui ficam 5 maneiras muito ibéricas de dizer «Amo-te!»

Numa ocasião muito especial, como manifestar o nosso amor por quem nos é mais querido? Há quem aposte num jantar a dois, outros pensam num fim-de-semana num qualquer canto dessa velha Europa e há quem imagine programas inconfessáveis em público.
Uma outra ideia será passear um pouco, sem destino, durante dois ou três dias, por essa Península fora, sem horários e sem grandes planos.
Sim, eu sei, há sempre o perigo de passarmos demasiadas horas dentro do carro. Mas pensem numa cidade como a Corunha, ou Sevilha, ou Toledo ou uma qualquer dessas maravilhas que se escondem a poucas horas das nossas fronteiras — e aventurem-se.
Fica a ideia. Para aguçar o apetite, aqui ficam também cinco maneiras de dizer “amo-te” por essa península fora:

Sim, começamos pelo nosso muito português “amo-te”. Há quem diga que é pouco sonoro, que até os brasileiros nos ganham aos pontos, apesar de falarem a mesma língua (ou, pelo menos, darem o mesmo nome à língua que falam).
Não importa. Se não é sonoro, que se diga em sussurro, ao ouvido, que fica tão bem ou ainda melhor do que gritar esta frase que, bem vistas as coisas, é só para dois.

Ora, os nossos amigos do outro lado da raia parecem mais expansivos. Ou talvez seja um estereótipo. Mas lá que exclamam, ¡exclamam! E ¡querem!
Ninguém fica com dúvidas desde impulsivo desejo. Vamos lá ceder à tentação da caricatura e imaginemos um português a dizer ao ouvido “amo-te” a uma espanhola, que lhe responde, bem alto, “pois, eu, meu amor, ¡te quiero!, e é já!”

Os catalães parecem mais carinhosos, mas talvez seja apenas uma ilusão. Também sabem dizer ¡Te quiero!, claro está.
Parece haver muita estima por aqueles lados — e também uns apóstrofes engraçados, nessa língua que, às vezes, aos nossos ouvidos, parece estranhamente próxima, mesmo quando as palavras se afastam da Ibéria e se aproximam do outro lado dos Pirenéus, com verbos como “parlar” e “manjar”.
Tudo ilusão: são tão (ou tão pouco) ibéricos como nós.

Andámos pelo amar, pelo querer, pelo estimar. E de repente, como uma pedra no charco, cai-nos esta língua basca, que parece antiga — embora, no fundo, seja tão recente como todas as outras, eternamente renovadas em cada novo falante.
Olhamos para estas duas palavras e ficamos com um ponto de interrogação na cabeça: onde está o amor, onde estou eu e onde estás tu?
Mas fica-nos esta ideia: mesmo nas línguas mais estranhas, há sempre o amor que resiste, porque é comum a todos nós, humanos.

Perguntam agora os mais desconfiados: mas o que é isto? Que invasão anglo-saxónica é esta?
Ora, não se esqueçam que, escondido ali na ponta sul da península, temos um pedaço britânico, apesar de tal facto não agradar aos nossos vizinhos peninsulares.
É certo que, lá por Gibraltar, mais do que inglês, falam llanito, mas que fique aqui registado este tão amor em tons ingleses. Dizem que o inglês britânico é a nova língua do amor e muitos jovens ibéricos lá dirão, aos ouvidos das suas namoradas, “I love you!” E não precisam de estar em Gibraltar…
Ficam outros amores por dizer: amores mirandeses, araneses, asturianos e de todas as outras variedades que nem nome têm. Não fica por dizer em galego, porque um “amo-te”, assim mesmo, serve bem por aquelas paragens.
Autor: Marco Neves
Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa, A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa e A Baleia Que Engoliu Um Espanhol.
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