Língua Portuguesa: 10 animais que se escondem na nossa língua
Pois, hoje, pensei em animais que se escondem na nossa língua e fiquei com a pulga atrás da orelha… Aqui ficam dez animais do português.

Uma vez por outra, gosto de olhar com atenção para as palavras que, todos os dias, nos saem da boca. Pois, hoje, pensei nos animais que temos debaixo da língua e fiquei com a pulga atrás da orelha… Aqui ficam dez animais do português.

Pulga atrás da orelha
Foi esta a expressão que me deixou curioso: a língua tem muitos animais, não tem?

Em boca fechada não entra mosca
Uma expressão bem verdadeira — mas se não entra mosca, também não sai nada de interessante. Às vezes, mais vale perder o medo e falar — mesmo se às vezes dissermos disparates ou cairmos na tentação de dizer cobras e lagartos.

Cobras e lagartos
Coitados destes bichos — ninguém gosta deles e são metáfora para as crueldades que lançamos da boca para fora. Sempre fomos um pouco injustos para com os animais — que culpa têm as cobras e os lagartos das nossas maldades?

Lágrimas de crocodilo
Sabe-se lá donde vem esta estranha fama: alguém já viu um crocodilo a chorar? Eu não — mas já vi muita gente com lágrimas de crocodilo, é bem verdade.

Engolir sapos
Pois, se as cobras, os lagartos e os crocodilos metem um certo medo, o que dizer dos sapos? Algum nojo, é o que metem — principalmente se os tivermos de engolir. E, no entanto, para lá do nojo, o famoso animal é metaforicamente engolido tantas e tantas vezes, principalmente em eleições (dizem).
Não saímos da política: os velhos dinossauros, animais possantes e bem extintos há milhões de anos, conservam-se ainda em muitas câmaras municipais por esse país fora, embora agora com mais dificuldade.

O primeiro milho é para os pardais
Os velhíssimos dinossauros extinguiram-se, mas não morreram todos — alguns acabaram por dar origem às aves, que agora andam a esvoaçar pela nossa língua. Para começar, temos os pardais, que têm sempre direito ao primeiro milho.

Água no bico
Sim: a velha galinha é um dinossauro depois de uns milhões de anos de clara decadência. Decadência? Sim: não me parece que haja por aí algum Spielberg pronto a filmar uma história sobre um parque cheio de galinhas… E, no entanto, são um animal como os outros! Embora, às vezes, tragam água no bico…

Memória de elefante
Sem dinossauros, temos outros grandes animais, a começar pelos simpáticos elefantes. Serão assim tão bons a recordar? Provavelmente, não — tal como os peixinhos de aquário também não são assim tão maus no que toca à memória. Dizem que, afinal, uma recordação de aquário ainda dura uns meses…

Vai pentear macacos!
Uma ocupação curiosa: pentear macacos… Será que algum deles deixaria um pente chegar-lhe à trunfa? Não me parece — mas mesmo assim lá mandamos quem nos chateia ir pentear os ditos símios.
Há tantas, tantas outras expressões com animais. São apenas um dos muitos recantos da nossa língua, que é um armazém de metáforas antigas, imagens muito nossas, pequenos alfinetes que nos picam a imaginação…
Autor: Marco Neves
Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa, A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa e A Baleia Que Engoliu Um Espanhol.
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No Brasil, pelo menos em Minas Gerais, é comum expressões como: – Comeu canela de veado ( pessoa que anda muito); lagarto não chega a jacaré ( quem não tem dada competência); cara de cachorro que peidou na igreja ( alguém que fez algo errado e anda desconfiado) e outras mais.