Inquisição… Medo, Tortura e Fogueiras

O Tribunal do Santo Ofício foi estabelecido em Portugal pela bula do Papa Paulo III, a pedido do rei D. João III, a 23 de Maio de 1536. Criado em 1216, pelo Concílio de Latrão, para reprimir a heresia dos cátaros, no Sul de França, o seu objetivo era inquirir – daí ter ficado conhecido pelo nome de Inquisição – da existência de hereges, persegui-los e castigá-los.

A sua missão era garantir a uniformidade religiosa, base da ordem política e social. Cumpriu-a durante quase três séculos, criando um clima de medo e intolerância, assente na denúncia, na prisão, na tortura e no temor da morte na fogueira.
A Inquisição só foi extinta no nosso país em 1821, na sequência da revolução liberal de 1820.

Como por cá rareassem as heresias – o protestantismo não encontrou acolhimento em Portugal – , os inquisidores dirigiram o seu zelo contra cristãos-novos (judeus convertidos), mouriscos, gentios (em Goa), blasfemos, possuidores de livros proibidos, praticantes de bruxaria, adúlteros, bígamos e sodomitas.
A denúncia, anónima, era recompensada.

A Inquisição dispunha de um corpo de funcionários – os familiares do Santo Ofício – e da força pública para fazer cumprir diligências e executar sentenças. Os interrogatórios eram realizados de acordo com a prática de investigação judicial da época.
A prova-rainha era a confissão e, para a obter, usava-se o método mais eficaz: a tortura. Esta recorria a uma variedade de instrumentos de suplício, dos quais os mais comuns eram o potro e a polé.

No potro, os suspeitos eram colocados despidos sobre uma mesa com cordas que esticavam os membros. Era um suplício mais “leve”, geralmente aplicado aos mais fracos, às mulheres e aos velhos.

Os “tratos de polé” consistiam na colocação do interrogado numa estrutura de madeira ligada a duas roldanas, através das quais o corpo era içado, carregado de pesos que iam aumentando. De repente, soltavam-se as cordas de uma das roldanas, de modo a que o impacto sofrido pelo corpo provocasse rupturas musculares e partisse os ossos.
(cont.)
Comentários 1