O distrito de Helvécia está situado no Município de Nova Viçosa, na microrregião de Porto Seguro, na mesorregião do sul baiano. A sua população, em 1996, perfazia um total de 16.474 habitantes, sendo que 15.108 viviam na zona rural, e apenas 1.366 constituíam a população da pequena vila de Helvécia.
A comunidade de Helvécia tem origem na antiga Colónia Leopoldina, uma colónia suíço-alemã estabelecida em 1818 e que prosperou até a abolição, em 1888, dependendo da mão-de-obra escrava para o cultivo do café. Segundo testemunho do médico da colónia, em 1858, havia uma população de 200 brancos, principalmente suíços e alemães, com alguns franceses e brasileiros e 2000 negros, na maior parte nascidos na colónia.
Alguns autores têm comentado que o exemplo de Helvécia é especial porque os senhores eram, na sua maioria, estrangeiros e, portanto, não tinham o português como língua materna. Contudo, há outros factores mais significativos que apontam para o seu estatuto especial. Dentre esses, destaca-se o facto de a comunidade de ex-escravos da Colónia Leopoldina ter-se fixado na região da colónia, numa situação relativamente isolada, e não se ter dispersado tanto quanto outras populações de ex-escravos após 1888.
É evidente que, em tais circunstâncias, o acesso que a criança escrava teria a modelos de falantes nativos do português seria mínimo. Mesmo o contacto com o português falado como língua segunda dos senhores estrangeiros teria sido precário nas fazendas, em função do elevado número de escravos.
Este relativo isolamento dos escravos associado ao pormenor de os colonos brancos, de origem suíça e alemã, quase não falarem português, fez com que nesta região se perpetuasse e acentuasse o crioulo que os escravos falavam nos seus locais de origem em África. Com o tempo, esse crioulo, que já era de origem portuguesa, evoluiu dentro daquela pequena comunidade e transformou-se num novo crioulo, tornando-se assim um idioma diferente daquele que era falado no resto do Brasil.