Há 100 anos iniciava-se a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram dois heróis portugueses que fizeram a primeira travessia aérea do Atlântico Sul.

A primeira etapa desta heróica viagem que se iniciou em Lisboa às 16:30 horas do dia 30 de Março de 1922, num hidroavião monomotor Fairey FIII-D MkII, com um motor Rolls-Royce e batizado de “Lusitânia”, terminou tranquilamente em Las Palmas, nas Ilhas Canárias, onde os tripulantes permaneceram até 5 de Abril.

A partir daí ocorreram os maiores perigos e incidentes, como os que sucederam logo na etapa seguinte, que os aviadores cumpriram a muito custo, com escala na ilha de S. Vicente, no arquipélago de Cabo Verde, com graves danos nos flutuadores devido à humidade que neles se formou.

Após as necessárias reparações, levantaram voo no dia 17, do porto da Praia, na ilha de Santiago, rumo ao arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, já em águas brasileiras.
Amararam aí no dia seguinte, com danos irreversíveis no aparelho que perdeu um dos flutuadores, obrigando a que a dupla de aviadores fosse transportada por um Cruzador da Marinha portuguesa até à ilha de Fernando de Noronha, onde aguardaram pelo envio de um novo hidroavião Fairey, que batizaram de “Pátria”.

A decolagem da ilha foi efetuada no dia 11 de Maio mas logo surgiu novo infortúnio – uma falha mecânica no motor obrigou-os a fazerem uma amaragem de emergência voltando de novo à ilha de Fernando de Noronha.
No dia 5 de Junho, finalmente, recebem um novo Fayrei F III-D, batizado pela esposa do então Presidente do Brasil de “Santa Cruz”.

Este aparelho foi transportado para o arquipélago de S. Pedro e S. Paulo, de onde os aviadores portugueses partiram rumo ao Recife e daí para o Rio de Janeiro, fazendo escalas em Salvador, Porto Seguro e Vitória.

Nas águas da Baía de Guanabara, no Rio de Janeiro, Gago Coutinho e Sacadura Cabral foram entusiasticamente aclamados como heróis pela população que os aguardava, aclamação que se estendeu a todas as cidades brasileiras.
Estima-se que nos setenta e nove dias da viagem, o tempo de voo despendido, nos 8.383 quilómetros percorridos, foi de apenas 62 horas e 26 minutos.
Gago Coutinho (1869-1959)
Biografia

Carlos Viegas Gago Coutinho nasceu em Belém, Lisboa, a 17 de Fevereiro de 1869. Era filho de José Viegas Gago Coutinho e de Fortunata Maria Coutinho. Em 1885 concluiu o curso do Liceu e matriculou-se na Escola Politécnica para preparar a sua entrada na Escola Naval, um ano depois.

Entrou para a Armada como aspirante em 1886. Em 1890 foi promovido a guarda-marinha, em 1891 a segundo-tenente, e em 1895 passou a primeiro-tenente.
Em 1907 foi promovido ao posto de capitão-tenente e em 1915 ao posto de capitão-de-fragata. Em 1920 passou a capitão-de-mar-e-guerra. Em 1922 foi promovido ao posto de vice-almirante, e em 1958 a almirante.

O que celebrizou Gago Coutinho foi o seu trabalho científico, pioneiro na navegação aérea astronómica e a realização, com Sacadura Cabral, da primeira travessia aérea do Atlântico Sul, entre Lisboa e o Rio de Janeiro. A partir do momento em que voou pela primeira vez com Sacadura Cabral, em 1917, Gago Coutinho tentou resolver os problemas que se colocavam à navegação aérea astronómica.
Colocava-se o problema da dificuldade de definição da linha do horizonte a uma altura normal de voo. A dificuldade em efetuar medições precisas de posição em situação de voo, com um sextante vulgar, colocava problemas de natureza instrumental e metodológica.

Para resolver o problema de medição da altura de um astro, sem horizonte de mar disponível, Gago Coutinho concebeu o primeiro sextante com horizonte artificial que podia ser usado a bordo das aeronaves.

Este instrumento, que Gago Coutinho denominou «astrolábio de precisão», permite materializar um horizonte artificial através de um nível de bolha de ar e é dotado de um sistema de iluminação elétrico que permite fazer observações noturnas.
Entre 1919 e 1938 Gago Coutinho dedicou-se ao aperfeiçoamento deste instrumento, que veio a ser fabricado e difundido pelo construtor alemão C. Plath, com o nome de «System Admiral Gago Coutinho».
Sacadura Cabral (1881-1924)
Biografia

Artur de Sacadura Freire Cabral nasceu a 23 de Abril, de 1881, em Celorico da Beira. Era filho de Artur Sacadura Cabral e de Maria Augusta da Silva Esteves. Após os estudos primários e secundários, assentou praça a 10 de Novembro de 1897 como aspirante de marinha, e frequentou a Escola Naval, onde foi o primeiro classificado do seu curso.

Foi promovido a segundo-tenente em 27 de Abril de 1903, a primeiro-tenente a 30 de Setembro de 1911, a capitão-tenente em 25 de Abril de 1918 e, por distinção, a capitão-de-fragata em 1922.
Atividade Científica

Juntamente com Gago Coutinho, estudou um novo aparelho com o qual se viria a conseguir uma navegação estimada, e que viria a auxiliar e a completar a navegação astronómica por intermédio do sextante modificado por Gago Coutinho. Inicialmente este aparelho foi chamado Plaqué de Abatimento e mais tarde Corretor de Rumos – Coutinho-Sacadura.

Este aparelho foi experimentado na primeira viagem aérea, Lisboa-Madeira, realizada em 1921. Tendo obtido os melhores resultados na sua utilização, foi apresentado ao Congresso Internacional de Navegação Aérea, realizado em Paris de 15 a 25 de Novembro, de 1921, onde teve boa aceitação. A memória descritiva do ‘Corretor’ foi publicada nos Anais do Club Militar Naval.

A preparação para a 1ª Travessia Aérea do Atlântico Sul é da iniciativa de Sacadura Cabral, que expôs o projeto a Gago Coutinho, o que motivou que este acelerasse a adaptação do sextante clássico de navegação marítima à navegação aérea. A travessia iniciou-se a 30 de Março de 1922, em Belém, no hidroavião ‘Lusitânia’.

A primeira escala foi nas Canárias, de onde partiram para S. Vicente, em Cabo Verde. Daqui partiram para o Penedo de S. Pedro, com problemas de consumo de combustível. Ao amarar, uma vaga arrancou um dos flutuadores do ‘Lusitânia’, o que provocou o afundamento do avião. Tendo sido recolhidos pelo navio ‘República’.

O ‘Lusitânia’ acabara de realizar uma etapa de mais de onze horas sobre o oceano, sem navios de apoio, mantendo uma rota matematicamente rigorosa, o que mais uma vez veio provar a precisão do sextante modificado, pois os Penedos de S. Pedro podem considerar-se um ponto insignificante na enorme vastidão atlântica.
Portugal e Brasil vão celebrar juntos 100 anos da travessia do Atlântico Sul

O Presidente da República anunciou que em 2022 Portugal e o Brasil vão celebrar o centenário da primeira travessia do Atlântico Sul.

“Quero realçar, pela sua esmagadora grandeza e valor científico, a primeira travessia aérea do Atlântico Sul, que celebraremos em conjunto com o Brasil em 2022, levada a cabo por dois ilustres oficiais da Marinha: os heróicos, então comandantes, Artur Sacadura Cabral e Carlos Gago Coutinho”
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Foram as palavras do chefe de Estado e Comandante Supremo das Forças Armadas enquanto falava durante uma cerimónia comemorativa dos cem anos da aviação naval, em Belém, Lisboa, junto ao monumento que assinala a travessia aérea realizada por Sacadura Cabral e Gago Coutinho no hidroavião “Lusitânia”, em 1922.
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Ás vezes acredito que Portugal foi o dono do mundo e em outras tantas tenho a certeza que o mundo de hoje não seria esse mundo se não houvesse portugueses.
DOMINARAM OS MARES
VOARAM TAL QUAL OS PASSÁROS
E FINALMENTE INVENTARAM O BRASIL
DO GONÇALVES DIAS
E LÁ NA SUA SANTA TERRINHA
DESCOBRIRAM CAMÕES , FERNANDO PESSOA E MANUEL MARIA du BOCAGE.
Passaram-se já 4 anos estamos em Fevereiro desses anunciados 2022… e não se ouve falar em nenhuma comemoração conjunta e nem sequer somente em Portugal !
Será sabotagem dos medíocres dos esquerdistas que querem apagar a nossa grandiosa História ?
Eles querem “apagá-la” para não terem que se comparar com os gigantes heróis da nossa História e constatarem que em comparação eles, não passam de medíocres fracos e falhados ! Enfim, insectos !
Eu farei o possível ara que pelo menos seja cunhada uma medalha comemorativa dos 100 anos desse glorioso feito !