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Como o que nos interessa é comparar as duas expressões, podemos pesquisar “Porto in Portugal” e “Oporto in Portugal”. Não iremos obter o número global de ocorrências de cada um dos nomes, mas iremos perceber qual deles é mais frequente (estamos a usar uma espécie de amostra do número total de ocorrências).
Neste caso, os resultados são estes:
- “Oporto in Portugal”: 38 100 resultados
- “Porto in Portugal”: 140 000 resultados
Olhando para estes números, parece haver uma tendência para o uso de “Porto” em detrimento de “Oporto” — isto se estivermos a falar dos textos que estão publicados na internet e indexados pelo Google.
Quis ir um pouco mais longe. Afinal, a internet tem de tudo, incluindo muitos erros e páginas repetidas. Usei o serviço do Google chamado Ngram, que investiga a frequência de uso de determinada expressão em todos os livros de língua inglesa que o Google já digitalizou. Neste caso, não estamos a falar da internet. Estamos a falar de publicações em papel, que passaram, grande parte delas, por revisores e editores — em princípio, estamos perante um conjunto de textos em inglês mais cuidado.
As expressões que procurei foram, mais uma vez, “Porto in Portugal” e “Oporto in Portugal”.
Os resultados foram estes, para os anos entre 1800 e 2008:

Curiosamente, nas obras publicadas entre 1800 e 2008, a expressão “Oporto in Portugal” é sempre mais usada do que “Porto in Portugal”. Esta última expressão tem aumentado de frequência nas últimas décadas, mas continua em segundo lugar.
Podemos, assim, propor a seguinte hipótese: em inglês escrito e publicado (e, por isso, mais cuidado), o nome “Oporto” parece continuar a ser a designação preferida pelos anglófonos para se referirem à nossa cidade do Porto.
PARA TERMINAR, olhemos para o gráfico de novo. “Oporto in Portugal” parece ter sido muito usado no início do século XIX. Assim de repente, talvez tenha algo a ver com as Invasões Francesas, guerra em que os ingleses participaram activamente e que terá, certamente, levado a muitas referências às cidades portuguesas nas obras publicadas nessa época.
Não nos esqueçamos que Portugal era, para a superpotência da época, um palco de guerra. Daqui a umas largas décadas, quando olharmos para a frequência do uso do nome de cidades em inglês, é bem provável que vejamos um pico na frequência do nome “Baghdad” (e outros que tais) nos livros publicados no início do século XXI…
Autor: Marco Neves
Autor dos livros Doze Segredos da Língua Portuguesa, A Incrível História Secreta da Língua Portuguesa e A Baleia Que Engoliu Um Espanhol.
Saiba mais nesta página.
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