É verdade que o vinho tinto faz bem ao coração? Todos nós sabemos que o vinho (particularmente o tinto) tem uma importância distinta para os portugueses. Além de contribuir para desenhar algumas das mais belas paisagens de Portugal, recorde-se que o Alto Douro Vinhateiro é considerado pela UNESCO Património Mundial. O vinho é um importante negócio que faz com que os produtores portugueses sejam reconhecidos pelo seu mérito. São várias as medalhas conquistadas por vinhos portugueses que brilham em concursos internacionais. Além de bons produtores, os portugueses são também bons apreciadores. Por isso, também apreciaram a notícia de que o vinho faz bem à saúde.
Uma reputada revista científica apresentou um estudo de uma equipa de investigadores que revelou como conclusão que o vinho poderá contribuir para melhorar a saúde do coração.

Vinho tinto pode ajudar a melhorar a saúde do coração
O estudo em questão foi publicado na reputada revista científica “Cell”. Foi realizado por uma equipa de investigadores provenientes da Clínica de Cleveland, nos EUA. Neste estudo ficam bem patentes os benefícios decorrentes de uma dieta mediterrânica, uma alimentação que gera uma alteração da atividade dos microrganismos intestinais.
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O estudo
Neste estudo, é apresentada a conclusão de que um composto naturalmente presente no vinho tinto se revela particularmente benéfico para a saúde, pois foi demonstrado que esse composto impediu que os microrganismos intestinais se convertessem em alimentos pouco saudáveis, em subprodutos metabólicos que obstruem as artérias.
No estudo publicado na revista “Cell”, é revelado que o mesmo componente está presente no azeite.

A tese
Se os resultados conseguidos em laboratório forem confirmados nos seres humanos, pode significar um avanço científico, pois pode proporcionar uma nova estratégia de combate (servindo como tratamento e prevenção) a duas das principais causas de morte em todo o mundo: doença cardíaca e acidente vascular cerebral.
Assim, poderá vir a ser possível tratar doenças cardíacas com um fármaco que interfere com a atividade metabólica dos microrganismos intestinais.
Nutrientes
A aterosclerose é um problema comum que se caracteriza pelo endurecimento das artérias. Há alimentos com elevado teor de gordura (como carne, gemas de ovos e lacticínios) que contêm elevadas quantidades de nutrientes como a colina e a carnitina, sendo estes alimentos e nutrientes associados à aterosclerose.

Conversão
Estes nutrientes são convertidos num composto conhecido por trimetilamina (TMA, sigla em inglês) pelos microrganismos do intestino. Este composto é posteriormente convertido pelas enzimas do hospedeiro num metabolito, o N-óxido de trimetilamina (TMAO, sigla em inglês), que acelera a aterosclerose em modelos animais e se associa a um risco mais elevado de doença cardíacas.
Abordagem
A abordagem destes investigadores foi de impedir a formação da TMA (trimetilamina), tendo como foco os microrganismos intestinais. Stanley Hazen liderou a equipa de investigadores que analisou os inibidores da produção da TMA provenientes da colina.

O composto
O 3,3-dimethil1-butanol (DMB, sigla em inglês) é o nome de um composto identificado pela equipa de investigadores que pode ser encontrado naturalmente em produtos como o azeite, o vinagre balsâmico e em óleos de semente de uva.
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Laboratório
Foi comprovado em laboratório que o tratamento com DMB diminui substancialmente os níveis de TMAO, inibindo ainda a formação de placas arteriais sem produzir efeitos tóxicos. Para este estudo foi realizada a experiência de alimentar ratinhos (geneticamente predispostos para desenvolver aterosclerose) com uma dieta rica em colina.
A estes dados juntaram-se experiências que indiciam que o DMB exerce os seus efeitos benéficos por via da inibição da formação da TMA. Verificou-se ainda que a DMB não eliminou os microrganismos intestinais. Contudo, reduziu a proporção de bactérias associadas aos níveis elevados de TMA, TMAO e aterosclerose.

Conclusão
Tanto Stanley Hazen, como a sua equipa de investigadores, foram levados a concluir que: “Se formos capazes de replicar estes resultados em humanos, esta pode ser uma abordagem completamente nova para o tratamento de doenças cardiovasculares e metabólicas. Entretanto, os resultados sugerem que não é má ideia adotar a dieta mediterrânica para ajudar a evitar doenças cardíacas e outros problemas de saúde”.
Tabela de valor nutricional do vinho tinto (1 copo 147,0 ml)
Informações nutricionais | por porção | % VD* |
Valor Calórico | 125 kcal | 6,2 % |
523 kJ | ||
Gordura | 0,0 g | 0,0 % |
Gorduras saturadas | 0,0 g | 0,0 % |
Gorduras monoinsaturadas | 0,0 g | 0,0 % |
Gorduras poliinsaturadas | 0,0 g | 0,0 % |
Carboidratos | 3,8 g | 1,4 % |
Açúcares | 0,9 g | 1,8 % |
Proteína | 0,1 g | 0,1 % |
Fibra alimentar | 0,0 g | 0,0 % |
Colesterol | 0,0 mg | 0,0 % |
Sódio | < 0,1 g | < 0,1 % |
Água | 127,1 g | 6,4 % |
(*) O percentual do valor diário (VD) é baseado numa dieta de 2.000 calorias.
Importante
Deve sempre falar com um especialista (pode ser um nutricionista, um médico, ou ambos), antes de proceder a qualquer tratamento recomendado no NCultura, de forma a ter o devido acompanhamento de alguém que tem mais informações sobre si.
Apesar das recomendações serem baseadas em estudos científicos, um especialista tem acesso a muita informação pessoal sobre si que pode ser relevante, seja para avançar com o tratamento, seja para o impedir ou interromper.