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Por cá, depois da proclamação da República, a proibição do Bolo-Rei esteve também prestes a acontecer, mas sem sucesso.
Tanto quanto se sabe, a primeira casa onde se vendeu Bolo Rei em Portugal foi em Lisboa na Confeitaria Nacional, por volta do ano de 1870, bolo feito pelo afamado confeiteiro Gregório através duma receita que Baltazar Castanheiro Júnior trouxera de Paris.
No Porto foi posto à venda pela primeira vez em 1890, por iniciativa da Confeitaria Cascais, feito segundo a receita que o proprietário Francisco Júlio Cascais trouxera de Paris.
Assim o Bolo Rei atravessou com êxito os reinados da rainha D. Maria II e dos reis D. Pedro, D. Luis, D. Carlos e D. Manuel II. Com a proclamação da República em 5 de Outubro de 1910 chegaram a Portugal os maus tempos para o Bolo Rei.
Devido ao nome, o bolo tinha que desaparecer ou então… mudar de nome.
Os menos imaginativos deram-lhe o nome de ‘ex-bolo rei’, mas a maioria chamou-lhe bolo de Natal ou bolo de Ano Novo. A designação de bolo Nacional seria a melhor, uma vez que remetia para a confeitaria que o tinha introduzido em Portugal, e também por estar relacionado com o país o que ficava bem em período revolucionário.
Não contentes com qualquer destas ideias, os republicanos mais radicais chamaram-lhe bolo Presidente e até houve quem lhe chamasse bolo Arriaga.
Daí até aos dias de hoje, o negócio dos bolos-rei alastrou das Confeitarias e Pastelarias aos super e hipermercados e hoje, qualquer boa mesa de consoada natalícia, não dispensa o famoso bolo que, apesar do nome, poderá ter consistências e sabores muito diferentes, consoante o local em que é produzido e as receitas que têm por base.
(cont.)