Belmonte: 1 dia fantástico na terra de Pedro Álvares Cabral
Foi terra de judeus e ainda hoje são muitas as evidências da presença forte da comunidade hebraica. Belmonte: 1 dia fantástico na terra de Pedro Álvares Cabral.
Foi o berço de Pedro Álvares Cabral. Foi terra de judeus e ainda hoje são muitas as evidências da presença forte da comunidade hebraica em Belmonte. E basta um dia para nos apercebermos de quão rica é esta vila.

A semelhança daquilo que acontece com as vilas de Mértola ou Óbidos, Belmonte (vila classificada como Aldeia Histórica de Portugal) é um verdadeiro museu a céu aberto.
É a terra de Pedro Álvares Cabral, o descobridor do Brasil e restante família, por isso tem um moderno Museu dos Descobrimentos.

É a mais impressionante localidade de criptojudaísmo da Península Ibérica – por isso tem um Museu Judaico e uma sinagoga; é terra agrícola e de boa paisagem, por isso tem ecomuseu do rio Zêzere ou o museu do Azeite.
Tem ainda importantes vestígios romanos com a enigmática Torre de Centum Cellas ou a villa romana da Fórnea. Por estas razões e por mais algumas que aqui não aponto, Belmonte em relação ao turismo, é um exemplo para todo o nosso País.
1 dia fantástico começa assim
09.30

Começamos a visita a partir de um ponto icónico — a estátua de Pedro Álvares Cabral. Filho da terra, rumou ao Brasil, para o descobrir, em 1500.
Em Portugal, existem três esculturas do navegador: uma em Santarém; outra em Lisboa, junto ao Jardim da Estrela; e esta, em Belmonte.

Foi inaugurada em 1963 e teve honras de presença do ex-Presidente do Brasil, Juscelino Kubitschek. Siga pela rua mesmo em frente à estátua. Encontra logo à entrada placas que o direcionam para alguns dos pontos mais relevantes de Belmonte — o Castelo, a Sinagoga, a Igreja de Santigo ou o Museu Judaico. Este último é a nossa primeira paragem.
10.30

Chegando à entrada da Praça da República começam-se a notar os primeiros indícios da presença do povo judeu na vila. Logo à direita, encontramos o Centro de Interpretação Judaica, destacando-se um Hannukah — candelabro com nove braços, um objeto típico da celebração da Festa das Luzes — de dimensões generosas. Viramos à direita e ao fundo da rua temos o Museu Judaico.

É o único no país e abriu portas em 2005. A visita faz-se num silêncio de respeito, sobretudo quando nos deparamos com um mural onde constam os filhos da terra que morreram às mãos da Inquisição.

É uma viagem pela cultura judaica que nos explica os rituais, as judiarias existentes em Portugal e a importância que a comunidade teve para o desenvolvimento social, político e económico do país. Destacam-se vários hannukahs de grande valor material e uma tora com 150 anos de existência.
11.30

Tomamos agora o caminho do Castelo de Belmonte. Até lá serão pouco mais de cinco minutos. A data exata da sua construção continua envolvida em incerteza sendo, no entanto, apontado o século XII. Confirmado está sim que esta fortificação foi casa de família dos Cabrais, incluindo o famoso descendente navegador.

Mostra-se imponente, a mais de 600 metros de altura. No interior, são evidentes as muitas intervenções de recuperação a que foi sujeito, como o anfiteatro usado hoje para eventos culturais e artísticos.

Ainda assim, evidenciam-se dois elementos praticamente intactos — a Torre de Menagem (século XIII) onde está alojado um núcleo expositivo; e a janela manuelina.
A entrada é gratuita mas atenção que o castelo encerra entre as 12.30h e as 14.00h.
12.30

Assim que sai do Castelo fica no largo com o mesmo nome. É aí que está localizada a Igreja de Santiago. Juntamente com o Panteão dos Cabrais — onde estão depositadas as cinzas de Pedro Álvares Cabral e de outros familiares — está classificada como Monumento Nacional.

A igreja é de meados do século XIII, a Capela dos Cabrais do século seguinte e a Torre que vemos já fora do edifício é bem mais recente (1860).

Aproveite para dar um pequeno passeio pelo Largo do Castelo e, se a fome ainda não for muita, desça pela Judiaria. Era por estas ruas (hoje, a Rua Direita e a Rua da Fonte da Rosa) que estava instalada a comunidade judaica de Belmonte.

Seguindo este caminho acabará por dar com a Sinagoga Bet Eliahu, projetada pelo arquiteto Neves Dias. Mais uns metros e voltamos à Praça da República onde encontramos o sítio certo para almoçar.
13.30

Já passa da uma e meia da tarde e, sem sugestões, vamos à procura de sítio para almoçar. Chegamos à Praça da República e tiramos a “pinta” ao Fio de Azeite Taberna. Está mesmo em frente ao pelourinho e como o tempo convidava, optámos por ficar na esplanada mas no interior do Fio de Azeite também se está muito bem. É um espaço muito castiço, poucas mesas e muito acolhedor.
Pedimos um Menu Taberna (19€) e que bem servidos que ficámos! Pão, azeitonas (temperadas com azeite e alho), alheira com espinafres, um misto de chouriça e morcela.

E ainda tivemos que arranjar espaço para umas suculentas tiras de porco com ervas aromáticas que vieram acompanhadas com batatas à Fio de Azeite. Muito gulosas, cheias de paprica. Petiscos de qualidade e uma simpatia de gente. Não se pode pedir muito mais…
14.30

Damos agora início a uma verdadeira viagem interativa. A nossa próxima paragem é o Museu dos Descobrimentos/Centro de Interpretação “À Descoberta do Novo Mundo”, exclusivamente dedicado à descoberta do Brasil. Fica na rua do navegador que chegou ao outro lado do Atlântico em 1500.

Recorrendo à tecnologia, neste espaço os visitantes conseguem, por exemplo, sentir como era navegar numa caravela ou perceber que mantimentos se levavam nestes longos percursos e porquê.

Fica-se também a saber que povos habitavam o Brasil no século XVI e de que forma o país se foi desenvolvendo. O Museu dos Descobrimentos é ainda uma autêntica viagem pela cultura, a fauna e a flora brasileiras, desde 1500 até aos nossos dias.
16.30

Saímos de Belmonte em direção à localidade de Colmeal da Torre. Não são mais que 3 km e em cinco minutos chega-se lá. A Torre de Centrum Cellas, também chamada de Torre de São Cornélio, esteve sempre envolvida em mistério.
Há teorias que defendem que terá sido uma prisão — daí o nome Centum Cellas, “Cem Celas” —; outras consideram que funcionaria como albergue dos viajantes que por ali passavam; e há ainda outras que ponderam a hipótese de ser apenas uma parte de uma habitação ampla e complexa mandada construir por um comerciante, durante a época romana.

Considerações à parte, este é, de fato, um monumento que impressiona mais que não seja por datar do século I d.C. e conseguir manter, até aos dias de hoje, a sua estrutura e alguns pormenores arquiteturais.
A Torre está protegida com um gradeamento mas que, durante o dia, está aberto para quem a queira visitar. Desde 1927 que é Monumento Nacional.
Um Enigma Chamado Centum Cellas

Perto de Belmonte existe uma torre que desde há muito causa curiosidade junto de diversos investigadores.
Localizada às portas da Aldeia Histórica de Belmonte, a torre de Centum Cellas sempre despertou a curiosidade dos investigadores e visitantes da região.

Construída no séc. I d.C., apresenta uma arquitetura única na Península Ibérica e as interpretações em torno desta estrutura têm variado ao longo do tempo — desde ser um templo romano ou um fórum, a residência de uma família abastada, uma estalagem de beira de estrada ou até edifício de âmbito militar.

Qualquer que tivesse sido o seu papel no passado, quem chega à localidade de Colmeal da Torre encontra hoje os vestígios de uma antiga torre, no centro de uma praça, rodeada de escavações arqueológicas que trouxeram à luz do dia compartimentos, entre os quais sobressaem salas, corredores, escadarias e caves.
Considerado Monumento Nacional em 1927, a também conhecida como Torre de São Cornélio, terá sido, de acordo com a tradição popular, uma prisão com uma centena de celas onde o santo teria estado cativo.
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Fonte: Via Verde
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