Dar erros ortográficos pode ser desagradável mas não é uma fatalidade: é possível aprender e corrigir. No entanto, alguns erros, porque ocorrem com maior frequência, merecem atenção redobrada. Veja os erros mais comuns de português e use esta relação como um roteiro para fugir deles.
60 erros mais comuns de português

1 – “Mal cheiro”, “mau-humorado”.
Mal opõe-se a bem; e mau a bom. Assim: mau cheiro (bom cheiro), mal-humorado (bem-humorado). Igualmente: mau humor, mal-intencionado, mau jeito, mal-estar.
2 – “Fazem” cinco anos.
Fazer, quando exprime tempo, é impessoal: Faz cinco anos. / Fazia dois séculos. / Fez 15 dias.
3 – “Houveram” muitos acidentes.
Haver, como existir, também é invariável: Houve muitos acidentes. / Havia muitas pessoas. / Deve haver muitos casos iguais.
4 – “Existe” muitas esperanças.
Existir, bastar, faltar, restar e sobrar admitem normalmente o plural: Existem muitas esperanças. / Bastariam dois dias. / Faltavam poucas peças. / Restaram alguns objectos. / Sobravam ideias.
5 – Para “mim” fazer.
Mim não faz, porque não pode ser sujeito. Assim: Para eu fazer, para eu dizer, para eu trazer.

6 – Entre “eu” e você.
Depois de preposição, usa-se mim ou ti: Entre mim e você. / Entre eles e ti.
7 – “Há” dez anos “atrás”.
Há e atrás indicam passado na frase. Use apenas há dez anos ou dez anos atrás.
Leia também: Erros de português que fazem muitos passar vergonha
8 – “Entrar dentro”. O certo: entrar em.
Veja outras redundâncias: Sair fora ou para fora, elo de ligação, monopólio exclusivo, já não há mais, ganhar grátis, viúva do falecido.
9 – “Venda à prazo”.
Não existe crase antes de palavra masculina, a menos que esteja subentendida a palavra moda: Salto à (moda de) Luís XV. Nos demais casos: A salvo, a bordo, a pé, a esmo, a cavalo.
10 – “Porque” você foi?
Sempre que estiver clara ou implícita a palavra razão, use por que separado: Por que (razão) você foi? / Não sei por que (razão) ele faltou. / Explique por que razão você se atrasou. Porque é usado nas respostas: Ele atrasou-se porque o trânsito estava congestionado.

11 – Preferia ir “do que” ficar.
Prefere-se sempre uma coisa a outra: Preferia ir a ficar. É preferível segue a mesma norma: É preferível lutar a morrer sem glória.
12 – O resultado do jogo, não o abateu.
Não se separa com vírgula o sujeito do predicado. Assim: O resultado do jogo não o abateu. Outro erro: O jornalista prometeu, novas denúncias. Não existe o sinal entre o predicado e o complemento: O jornalista prometeu novas denúncias.
13 – Não há regra sem “excessão”. O certo é excepção.
Veja outras grafias erradas e, entre parênteses, a forma correcta:
“paralizar” (paralisar), “beneficiente” (beneficente), “xuxu” (chuchu), “previlégio” (privilégio), “vultuoso” (vultoso), “cincoenta” (cinquenta), “zuar” (zoar), “frustado” (frustrado), “calcáreo” (calcário), “advinhar” (adivinhar), “benvindo” (bem-vindo), “ascenção” (ascensão), “impecilho” (empecilho), “envólucro” (invólucro).
14 – Partiu “o” óculos.
Concordância no plural: os óculos, meus óculos. Da mesma forma: Meus parabéns, meus pêsames, seus ciúmes, nossas férias, felizes núpcias.
15 – “Arrenda-se” casas.
O verbo concorda com o sujeito: Arrendam-se casas. / Fazem-se consertos. / É assim que se evitam acidentes. / Compram-se terrenos. / Procuram-se empregados.

16 – “Tratam-se” de.
O verbo seguido de preposição não varia nesses casos: Trata-se dos melhores profissionais. / Precisa-se de empregados. / Apela-se para todos. / Conta-se com os amigos.
17 – Chegou “em” São Paulo.
Verbos de movimento exigem a, e não em: Chegou a São Paulo. / Vai amanhã ao cinema. / Levou os filhos ao circo.
18 – Atraso implicará “em” punição.
Implicar é directo no sentido de acarretar, pressupor: Atraso implicará punição. / Promoção implica responsabilidade.
19 – Vive “às custas” do pai. O certo: Vive à custa do pai.
Use também em via de, e não “em vias de”: Espécie em via de extinção. / Trabalho em via de conclusão.
20 – Todos somos “cidadões”. O plural de cidadão é cidadãos.
Veja outros: caracteres (de carácter), juniores, seniores, pães, alemães, capitães, gangsteres.
(cont.)
A variedade de temas abordados por NCultura é de uma grandeza extraordinária. Seu editor merece aplausos.
Considero muito útil a divulgação destes erros para que, quer na TV, quer nos jornais, as pessoas possam falar e escrever corretamente