_
5. Amor é fogo que arde sem se ver – Camões
Amor é um fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói, e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
É um andar solitário entre a gente;
É nunca contentar-se e contente;
É um cuidar que ganha em se perder;
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
_
Luís Vaz de Camões presume-se tenha nascido em Lisboa por volta de 1524, de uma família do Norte (Chaves). Viveu algum tempo em Coimbra onde, segundo consta, freqüentou aulas de Humanidades no Mosteiro de Santa Cruz onde tinha um tio padre. Regressou a Lisboa, levando aí uma vida de boemia. Em 1553, depois de ter sido preso devido a uma briga, parte para a Índia. Fixou-se na cidade de Goa onde escreveu, de acordo com seus estudiosos, grande parte da sua obra. Regressa a Portugal em 1569, pobre e doente, conseguindo publicar Os Lusíadas em 1572 graças à influência de alguns amigos junto do rei D. Sebastião. Faleceu em Lisboa no dia 10 de junho de 1580. É considerado o maior poeta português, situando-se a sua obra entre o Classicismo e o Maneirismo. Obras: “Os Lusíadas”(1572), “Rimas” (1595), “El-Rei Seleuco” (1587), “Auto de Filodemo” (1587) e “Anfitriões” (1587).
_