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Os jardins do Palácio de Cristal
Se acima celebrámos a manutenção do centro histórico, aqui lamentamos a demolição do Palácio de Cristal, em 1951. No seu lugar nasceu o Pavilhão Rosa Mota, mas o nome ficou. Os jardins românticos também, para gáudio da cidade.
Portuenses e turistas cruzam-se na Avenidas das Tílias e dos Plátanos, no bosque, na Biblioteca Municipal Almeida Garrett, na Galeria Municipal do Porto, na Concha Acústica, na Capela de Carlos Alberto da Sardenha, na Casa do Roseiral.
As crianças têm à disposição o parque infantil com a melhor vista da cidade, bem como mesas de piquenique e animais à solta — os pavões fazem o maior sucesso, graças às suas penas. Projetados pelo berlinense Emil David (1839-1873), os Jardins do Palácio de Cristal são um dos melhores locais para dar um passeio.
A noite
Sente-se uma liberdade e uma descontração na noite do Porto. A Baixa concentra em si bares e discotecas para diferentes gostos, do rock à música latina, do lindy hop à eletrónica. Beber álcool na rua é permitido e, no verão ou no inverno, ruas como a Cândido dos Reis e Galeria de Paris enchem-se de gente de diferentes países, idades e interesses.
Em quase todos os bares a entrada é gratuita, mesmo nos que têm pista e DJ de serviço. Os criativos e artistas escolhem sobretudo o Aduela para beberem um copo de vinho na esplanada, o Pipa Velha abriga os notívagos no seu espaço acolhedor. O histórico pub Bonaparte abriu um irmão mais novo na Baixa que convida a longas conversas.
Os principais DJs dividem-se entre o Gare Porto e o Plano B, as duas principais escolhas para quem quer dançar até ao amanhecer. Na Casa do Livro dança-se eletrónica, no Tendinha o rock é rei. Do outro lado da Avenida dos Aliados, na Rua Passos Manuel, o Maus Hábitos concentra exposições, eventos culturais e música alternativa, enquanto o novo Bôite, a poucos metros, se apresenta como uma discoteca onde o R&B não é esquecido. Difícil é escolher.
O Café Majestic
A cultura de café faz parte da história da cidade. E o Majestic soma 95 anos de histórias para contar. Decorado em Arte Nova, com os seus espelhos, mármores e esculturas, costuma estar cheio de turistas, é certo.
Mas o jornalista Germano Silva, que conhece a cidade como ninguém, jura que é ali que se come o melhor arroz de feijão vermelho com pataniscas. Os portuenses mais jovens talvez não saibam, mas nas traseiras há um jardim que, em tempos, ligou a rua de Santa Catarina à rua de Passos Manuel.
Hoje, liga as muitas culturas que por ali passam, seja para conversar, para tirar uma fotografia, ou para escrever. Como J.K. Rowling, que, quando viveu na cidade, ali parou para criar algumas páginas — as de Harry Potter, quem sabe.
A Livraria Lello & Irmão
É engraçado ficar a ver a reação dos turistas quando entram no edifício. Face ao entusiasmo e às interjeições — “oh!”, “uau!”, ou “caraca!”, como dizem os turistas brasileiros, por vezes os funcionários têm de dizer ”schhh”, para lembrar que os livros pedem algum silêncio.
A Livraria Lello tem 111 anos e outros tantos elogios de publicações internacionais: em 2008, o jornal britânico The Guardian chamou-a a terceira mais bela do mundo. Também é uma das mais “cool” do mundo para a revista Time e para a CNN (esta última escreveu mesmo que era “a mais bela livraria do mundo”).
Não era possível antecipar tamanho sucesso, mas o projeto para o exterior e para o interior do edifício foi pensado para deixar os visitantes de queixo caído. “Queriam fazer uma coisa extraordinária. Não houve aqui nenhuma modéstia”, contou José Manuel Lello, diretor da livraria e bisneto do fundador José Lello.
E já que falámos em J.K. Rowling no ponto anterior, a escadaria é a principal atração para as fotografias. Não só por serem muito bonitas, mas também porque terão servido de inspiração à escritora britânica para as escadas de uma livraria descrita nos livros de Harry Potter.
A oferta vegetariana e vegan
Pode soar estranho que, numa cidade que se orgulha de ter um prato de tripas à sua moda e uma das sanduíches mais calóricas, se encontre tanta e tão variada oferta vegetariana e vegana. Não tanto como Nova Iorque, claro. Mas, à escala portuguesa, o leque é alargado.
O Essência é um dos favoritos dos locais, pela comida e pela esplanada. Na Baixa, o bufê do Da Terra tem uma boa relação qualidade/preço e o Cultura dos Sabores, na Rua de Ceuta, capta a atenção pelas cadeiras de baloiço. No Bonfim fica o Suribachi, onde se fazer workshops sobre comida vegetariana e vagana.
Na Boavista, o restaurante Em Carne Viva serve pratos de apresentação cuidada, incluindo francesinha vegetariana. A lista é variada. Podem vir sem medo, visitantes que não comem carne nem peixe.
(cont.)