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Porquê é que o cravo é o símbolo do golpe de estado?

Existem várias histórias que têm sido contadas ao longo dos anos. Uma coisa é certa, os cravos são a flor da época, por isso é normal que fossem abundantes e mais baratos.
Conta-se a história de Celeste Caeiro, que trabalhava como empregada num restaurante próximo do Marquês de Pombal e levava para casa um molho de cravos vermelhos.
Os militares que encheram as ruas da capital pediam aos populares comida ou cigarros e Celeste não tinha nenhum dos dois: ofereceu os seus cravos aos bravos soldados. Os militares acabaram por colocar os cravos no cano da espingarda.

Outra teoria, contada no site Quero Saber, é que terão sido as floristas no Rossio a iniciar o movimento: começaram a distribuir aos soldados as flores como forma de agradecimento e celebração pela liberdade.
Abrir fogo sobre o Terreiro do Paço?

A Revolução dos Cravos é conhecida por ter sido uma ação militar pacífica. Com a queda do Estado Novo e o apoio dos militares, não demorou muito até o Terreiro do Paço estar cheio de civis que festejavam o fim da ditadura.
O que poucos sabem é que a fragata Almirante Gago Coutinho recebeu ordens do Estado Maior da Armada para abrir fogo no local, disparando contra civis e militares.
A ordem não foi cumprida. Chegou a haver processos de insubordinação contra aqueles que no dia 25 de abril de 1974 optaram por não disparar contra inocentes. O processo acabou por não avançar e foi arquivado .
Também a nossa revolução teve derramamento de sangue inocente
A revolução do 25 de abril foi um golpe de Estado, apesar de ter sido levado a cabo pelos militares, pacífico. No entanto, teve as suas vítimas.
Já no final do dia 25, vários populares encontravam-se junto à sede da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), em Lisboa, exigindo o seu fim.
Foi nesta altura que os agentes da PIDE dispararam contra a população sem discriminação. Deste evento resultaram quatro mortos e vários feridos. Estas foram as únicas vítimas mortais da revolução.
Como é que a população do interior teve acesso às notícias?
Um dos principais objetivos do Movimento das Forças Armadas (MFA) era ocupar as sedes dos vários meios de comunicação, de forma a controlar o que era emitido sobre o golpe de Estado.
Desta forma conseguiam manter a população informada sobre o futuro que pretendiam para o país agora livre da ditadura. No entanto, na década de 70 a informação não se espalhava com facilidade.

Assim, o MFA decidiu enviar representantes do movimento para vários pontos de Portugal para que todos soubessem o que estava a acontecer e quais eram as mudanças.
E os presos políticos? Quando foram libertados?

O Governo rendeu-se ainda no dia 25 de abril, no entanto foi só no dia seguinte que as forças militares conseguiram ocupar o Forte de Caxias – esta foi uma das prisões políticas que mais presos recebeu durante a ditadura.
E foi só no dia 27 que os presos políticos foram libertados do Forte de Peniche, que foi uma das mais conhecidas prisões durante o Estado Novo.

Foi também nesta prisão que houve a famosa fuga (e a única) de vários presos, incluindo Álvaro Cunhal, em 1960. A 30 de abril foi a vez de libertar os presos em Cabo Verde, na prisão do Tarrafal, conhecida pelas suas fracas condições.
(cont.)
[…] Estado Novo foi um dos mais longos regimes autoritários da Europa. Fonte: Ncultura […]