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A Cantiga Inicial
Bolinhos e bolinhós
Para mim e para vós,
Para dar aos finados
Que estão mortos e enterrados
À bela, bela cruz
Truz, Truz!
A senhora que está lá dentro
Sentada num banquinho
Faz favor de s’alevantar
Para vir dar um tostãozinho.
A resposta nas casas em que são ofertados doces
Esta casa cheira a broa,
Aqui mora gente boa.
Esta casa cheira a vinho,
Aqui mora um santinho.
E a resposta para quem não os dá
Esta casa cheira a alho
Aqui mora um espantalho.
Esta casa cheira a unto
Aqui mora algum defunto
O grupo Galo Gordo a cantar a canção Pão por Deus:
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Alguns exemplos de Pão por Deus pelo país:
Em muitas outras regiões do país o Pão por Deus é celebrado. No entanto existem, ao longo do território, algumas variações do mesmo.
Desde a tradição celtica, passando por todas as tradições cristãs, o Pão por Deus é neste momento uma festa do povo, e mais que tudo das crianças.
Na estremadura é conhecido muitas vezes como o “Bolinho”, e a tradição é dar bolos festivos especialmente confeccionados nesta época do ano.
Em Barqueiros, concelho de Mesão Frio, à meia-noite do dia 1 para 2 de Novembro, arranjava-se uma mesa com castanhas para os parentes já falecidos comerem durante a noite, “não devendo depois ninguém tocar nessa comida, porque ela ficava babada dos mortos”.
Na aldeia de Vila Nova de Monsarros, as crianças faziam os “santórios”, recebiam fruta e bolos e cada criança transportava uma abóbora oca com figura de cara, com uma vela dentro.
“Em Roriz não se chama Pão por Deus, nem bolinhos, nem santoros a comezaina que se dá aos rapazes no dia de Todos os Santos ou de Finados. O que os rapazes vão pedir por portas, segundo lá dizem, é — os fíeis de Deus.”
Nos Açores dão-se “caspiadas” às crianças durante o peditório, bolos com o formato do topo de uma caveira, claramente um manjar ritual do culto dos mortos.
Esta atividade é também realizada nos arredores de Lisboa. Antigamente relembrava a algumas pessoas o que aconteceu no dia 1 de Novembro de 1755, aquando do terramoto de Lisboa, em que as pessoas que viram todos os seus bens serem destruídos na catástrofe, tiveram que pedir “pão-por-deus” nas localidades vizinhas que não tinham sofrido danos.
Com o passar do tempo, o Pão por Deus sofreu algumas alterações, e os meninos que batem de porta em porta podem receber dinheiro, rebuçados ou chocolates.
Receita do Bolo Santoro
Em algumas povoações da Zona Centro e Estremadura chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’ ou ‘Dia do Bolinho’. Os bolinhos típicos são especialmente confeccionados para este dia, sendo feitos com base de farinha e erva doce com mel (noutros locais leva batata doce e abóbora) e frutos secos como passas e nozes.
São chamados “Santorinhos”. É também costume em algumas regiões os padrinhos oferecerem um Santorinho aos seus afilhados.
Se quiser reavivar esta tradição e receita, dando-a a conhecer aos seus familiares e amigos, experimente fazer um Santorinho em casa, seguindo esta receita:
Ingredientes:
1kg de batata cozida
1kg de farinha
4 ovos
750 gramas de açúcar
150 gramas de manteiga
Canela
Fermento
Frutos secos
Erva-doce
Preparação:
É só misturar, fazer pequenas bolinhas, colocar no forno e quando estiver cozido e ligeiramente tostado, está pronto.
Fonte: Portugal num Mapa
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