Isso não se faz, Tony!
Isso não se faz, Tony. Estou infinitamente frustrado, abalado, deprimido. Não há Prozac que me valha!
Andei eu anos a fio a detestar as tuas canções, a arrepiar-me sempre que as ouvia na feira semanal lá da vila, nos altifalantes dos carrosséis, abusando do vernáculo para lhes rogar pragas, e agora dizes-me que as canções não são tuas?
As tuas canções não são tuas? Os teus êxitos que me deixavam à beira de um ataque de nervos, não são teus?
Nem estou em mim. Tu já reparaste no tempo que me fizeste perder? O desperdício de detestação que gastei inutilmente? Tu sabes lá o que é andarmos anos a detestar moelas de frango, e depois sabermos que, afinal, as moelas eram de galinha!
Isso não se faz, Tony!
Eu até já te tinha perdoado à RTP ter-me invadido o plasma fins de semana a fio com as tuas atuações, ora de tarde no Coliseu, ora à noite no Multiusos.
Eu até já te tinha tolerado as desafinações porque isto de sustenidos não é para qualquer um. Eu até já tinha relevado a tua falta de voz nos concertos, automaticamente disfarçado pelo coro apaixonado das tuas fãs.
Vê lá tu que eu até já começava a ter pena da Popota por ter que te ouvir uma semana inteira no Natal.
E logo quando eu já começava a vacilar, chegando até a achar piada à pantominice do teu comércio musical, fazes-me uma coisa destas? É que essas canções a quem deste a tua voz tremelicante e de meia oitava, que eu julgava medíocres, afinal, quando ouvidas pelos seus autores originais, até nem soam muito mal.
E as tuas fãs? Tu já viste o que é elas acharem que és um ídolo a 100% quando, afinal, só o és a 50%? Sim, por que a autoria do repertório deve contar pelo menos metade. Já viste o que é ser fã de 50% do Tony?
Ainda me sobrava uma réstia de esperança de que fosse tudo mentira e que, afinal, as tuas canções que eu detestava, seriam mesmo tuas. Mas depois de ouvir os originais, quebrei, caí no fundo do poço. Tive uma desilusão maior do que a dívida pública portuguesa.
Então tu copiaste as canções timtim por timtim? Nem uma notita mudaste? Um mísero compasso? Uma singela alteração rítmica? Um verso da letra? Nada? Foi tudo exatamente igual ao original? Que falta de respeito é este pelos que não gostam das tuas canções, Tony?
E olha: eu quero lá saber se te entendeste com os autores e que agora está tudo bem como dizes.
E eu? Como fico? Como compenso a minha perda de tempo? Quem me indemniza pelos anos que perdi a detestar as tuas canções que, afinal, não eram tuas?
Sabes que mais: acho que vou para Tribunal. Também quero algum para mim, c’os diabos! O meu tempo também tem o seu preço!
E acima de tudo, porque detestar canções, dá cabo da saúde a um homem!
Francisco Gouveia, 15/09/2017
E alguém lhe pediu para perder tempo a detestá-lo? Não tem vida para além do Toni Carreira? Quando não gosto de um artista, não o ouço, ponto final. Não ando a destilar ódio por quem na verdade não me fez mal nenhum! Não é o meu estilo, paciência!
Esta mania de tentar mostrar uma “intelectualidade” que na maioria das vezes não se tem, é de uma pobreza de espírito gritante!
Não destile ódio, raiva, intolerância, violência…há lugar para todos, e todos têm direito a esse lugar.
Ouça só os que gosta e deixe os outros viverem a vida deles em paz!