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A arquitetura e os Pritzker do Porto
Há apenas dois portugueses premiados com um Pritzker — o Óscar da arquitetura. E ambos fazem parte da chamada escola do Porto. Eduardo Souto de Moura e Álvaro Siza Vieira deixaram a sua marca na cidade e não faltam visitantes interessados em percursos arquitetónicos destes dois nomes, onde se incluem a Quinta da Conceição, a Piscina das Marés e a Casa do Cinema Manoel de Oliveira.
Mas há muitos mais pontos de interesse para quem quer admirar arquitetura. A começar pelo ex-libris da cidade, a Torre dos Clérigos, com o seu estilo predominantemente barroco, da autoria do italiano Nicolau Nasoni.
Gustave Eiffel deixou a sua marca na Ponte D. Maria Pia, a Casa da Música recebe visitas diárias de interessados no projeto do holandês Rem Koolhaas, o novo Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões, da autoria de Luís Pedro Silva, vencedor do prémio de Edifício do Ano 2017, categoria Arquitetura Pública, promovido pela plataforma internacional Archdaily. E tanto mais haveria por dizer.
As pessoas
No livro Porto D’Honra, Manuel de Sousa salienta que há traços de personalidade que os portuenses gostam de identificar como seus: o Porto como capital do trabalho; a cidade empreendedora, industrial e laboriosa; o seu cunho liberal e progressista; o valor da palavra dada; o vernáculo portuense; a pronúncia do Norte; o orgulho no que é seu; o forte bairrismo e a inexcedível hospitalidade.
Elogiar a simpatia e a arte de bem receber nacionais é um clássico dos turistas estrangeiros. A Norte, essa hospitalidade é ainda mais vincada. E é meio caminho andado para que um visitante tenha uma experiência agradável e que queira regressar um dia.
O quarteirão das artes
A Rua Miguel Bombarda, em Cedofeita, atraiu tantos criativos nos últimos anos que galeristas e artistas independentes têm agora direito a seis grandes festas de rua por ano. São as “Inaugurações simultâneas em Miguel Bombarda“, em que galerias como a de Fernando Santos, Trindade, Ó! Galeria, Quadrado Azul, Símbolo e Artes em Partes inauguram novas exposições e as lojas de criadores independentes renovam as suas montras.
Nas ruas, o município oferece animação paralela a quem passa, com destaque para a Bombarda Stop & Go, em que estudantes de Belas-Artes fazem visitas guiadas pelas exposições. Tudo de acesso livre.
A francesinha
É o verdadeiro pitéu da cidade. É também o pesadelo de qualquer cardiologista ou nutricionista. Quando o site The Culture Trip a incluiu no top 10 dos melhores sabores locais da Europa, descreveu-a como “uma refeição pesada de proporções épicas, servida com uma generosa pilha de batatas fritas, mergulhadas num molho de marca registada”.
A sanduíche recheada com diferentes carnes e enchidos, coberta com queijo derretido e mergulhada no molho de cerveja (e outros ingredientes secretos que os cozinheiros preferem não revelar, ou não fosse o molho a chave deste prato) vem em todos os guias turísticos. O melhor de tudo: não é uma armadilha; os portuenses comem mesmo francesinhas.
Uma das perguntas que mais se fazem aos locais é onde se pode comer uma boa francesinha. Não há uma resposta única, mas o pequeno Bufete Fase, cujo espaço é pequeno (mesmo que o aumentasse, continuaria a ser insuficiente para tanta procura), é uma escolha segura. O Café Santiago também, haja coragem para enfrentar as filas.
Se estiver mesmo cheio, o estabelecimento do lado, precisamente chamado Lado B, também as serve com mestria (e tem uma versão vegetariana). O restaurante Yuko, apesar de mais afastado da Baixa (Rua Costa Cabral), merece qualquer desvio pela recompensa de comer a francesinha.
O vinho do Porto
Que dizer de uma das principais exportações portuguesas que o mundo ainda não saiba? Talvez que o vinho do Porto não ficou parado no tempo. Se tradicionalmente era visto como digestivo ou prenda de Natal, as novas gerações são cada vez mais apreciadoras da bebida e os bares estão atentos, criando cocktails como o Porto Tónico, forte concorrente ao Gin Tónico.
A cidade tem um orgulho tremendo no vinho que desce o Douro nos barcos rabelos e as caves estão cada vez mais agradáveis a visitas, com bares melhorados e até novos restaurantes de gastronomia requintada. Os wine bars também vão abrindo portas, como a original Capela Incomum (Cedofeita) a os novíssimos Páteo das Flores (Rua das Flores) e Vindega (Foz). Um brinde a esta revolução.
(cont.)