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Douro Superior
Caracterização Histórica e Geográfica
O território Douro Superior corresponde à zona de intervenção do GAL Douro Superior – Associação de Desenvolvimento e integra os concelhos de Torre de Moncorvo, Vila Nova de Foz Côa, Freixo de Espada à Cinta, Mogadouro. Este território insere‑se numa das zonas mais secas e quentes de Trás-os-Montes e Alto Douro, tendo no rio Douro o seu principal fator de identidade.
As principais atividades económicas da região são a agricultura e a pecuária que constituem as fontes de sustento, de sociabilização e o veículo dos saberes práticos tradicionais. O cultivo de vinha (integrada na Região Demarcada do Douro), do olival e do amendoal predominam na totalidade dos concelhos.
O setor secundário é constituído por pequenas indústrias ligadas à área de transformação agroalimentar (vinho, azeite, azeitona de conserva e enchidos).
O património natural, profundamente marcado pelo rio Douro e seus afluentes (Côa, Sabor e Tua) e o património cultural são recursos que potenciam o desenvolvimento deste território.
Destacam‑se o Alto Douro Vinhateiro e os Sítios de Arte Rupestre do Vale do Côa, no Parque Arqueológico do Vale do Côa, ambos classificados como Património Mundial da Humanidade pela UNESCO.
Igualmente atrativo é o Parque Natural do Douro Internacional, com uma área de 85.150 hectares distribuídos pelos concelhos de Miranda do Douro, Mogadouro, Freixo de Espada à Cinta e Figueira de Castelo Rodrigo.
Património Gastronómico
O Douro Superior insere‑se na Região Demarcada do Douro, apresentando, pois, condições propícias à produção vinícola, situando‑se aí adegas e cooperativas que desenvolvem um trabalho de qualidade na produção e divulgação dos vinhos da região, tendo‑se realizado, em outubro de 2012, em Vila Nova de Foz Côa, o 1.º Festival do Vinho do Douro Superior.
Para além da vinha, a paisagem desta região é marcada pela presença das amendoeiras que, quando estão em flor, constituem um espetáculo de extraordinária beleza que pronuncia a primavera no Douro, constituindo uma atração para grande número de visitantes e turistas. A produção de amêndoa aqui é muito significativa, por exemplo, nos concelhos de Freixo de Espada à Cinta e Mogadouro, sendo os frutos de excelente qualidade e a Amêndoa do Douro – DOP apresenta‑se como um ex libris da região. Trabalhadas e adoçadas, as amêndoas tornam‑se o ingrediente principal de variadas guloseimas, particularmente no caso de um doce típico desta região: a Amêndoa Coberta de Moncorvo, produto artesanal de origens remotas, e já premiado no século XIX em Paris. São feitas pelas chamadas “cobrideiras” e apesar de a sua confeção requerer apenas dois ingredientes (miolo de amêndoa e uma calda de água e açúcar), implica muitos dias de trabalho.
A azeitona e o azeite deste território contribuem decisivamente para a excelência dos produtos agroalimentares locais. Aí se produz biologicamente o Azeite de Freixo de Numão e a Azeitona de Conserva Negrinha de Freixo que obteve a classificação DOP. Esta azeitona tem “a polpa mais desenvolvida, é mais carnuda e com caroço mais pequeno”, o que a torna preferida para conserva.
A Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churra da Terra Quente, situada em Torre de Moncorvo, tem vindo a proteger a Ovelha de raça Churra, o seu leite e derivados e também o Queijo Terrincho que alcançou a qualificação DOP.
Ao longo de várias gerações o principal sustento de muitas famílias da Foz do Sabor, concelho de Torre de Moncorvo, foi a pesca de peixe do rio, cuja qualidade e quantidade se deve à confluência dos rios Douro e Sabor. As Migas de Peixe do Rio, inicialmente um prato de subsistência, adquiriram fama e constituem hoje uma mais-valia turística e económica para a região.
Os cogumelos de Mogadouro são, há décadas, tidos como um alimento natural utilizado na subsistência de muitas famílias. Mogadouro assume‑se como a capital do cogumelo, tendo até um monumento em granito alusivo ao cogumelo e à micologia.
Os espargos (Asparagus), planta que cresce espontaneamente, é conhecida desde tempos remotos pelas suas propriedades terapêuticas e gastronómicas. Neste território podem ser encontrados em olivais, junto aos muros e caminhos ou mesmo em terrenos abertos não cultivados.
Na primavera existe a tradição de “ir aos espargos”. Esta planta permite confecionar uma grande variedade de receitas, como por exemplo as Migas de espargos selvagens com ovos mexidos; os espargos selvagens com ovo, pão, cogumelos e toucinho fumado; a Sopa de espargos selvagens, os espargos grelhados com presunto e a omeleta de espargos selvagens.
As Sopas de Tomate de Freixo de Espada à Cinta são uma receita ancestral, cujas origens e autoria são desconhecidas.
Fáceis de preparar, substanciais, com ingredientes extraídos diretamente dos campos, as Sopas de Tomate foram um meio de subsistência em tempos difíceis.
As sopas começaram por ser a merenda de eleição dos segadores que as transportavam em merendeiras para os campos e que as comiam, novamente, à ceia. Atualmente as sopas de tomate de Freixo de Espada à Cinta constituem uma referência na gastronomia freixenista.
Na gastronomia deste território deverá salientar‑se também a importância da caça, sobretudo o Arroz de Lebre com Couves, tradicional de Freixo de Espada à Cinta, bem como Lebrada com Feijão branco, Coelho Bravo guisado, Perdiz estufada com presunto, Guisado de Javali e Tordos Assados.
Sabia que…
O Queijo Terrincho é produzido exclusivamente por leite de ovelha de uma raça específica – a Churra da Terra Quente. A área geográfica da sua produção abrange os concelhos de todo o Douro Superior. É um queijo curado, de pasta semimole branca e uniforme, ligeiramente untuosa, obtida por esgotamento lento da coalhada, após a coagulação do leite cru e puro. É um queijo de sabor suave, limpo e característico e mais forte quando envelhecido. É um alimento que invariavelmente entra na gastronomia portuguesa apimentando o início das refeições.
Entradas
Cogumelos grelhados
Ingredientes
- Cogumelos
- Sal
- Alho moído
- Azeite
- Vinagre
Preparação
Retira‑se o pé do cogumelo.
No interior coloca‑se sal, alho moído, azeite e vinagre.
Leva‑se a grelhar.
Omelete de espargos silvestres
Ingredientes
- 1 molhinho de espargos selvagens
- 6 ovos
- Sal q.b.
- Pimenta q.b.
- Azeite q.b.
Preparação
Lavam‑se os espargos, de seguida cortam- se em pedaços, deixando as cabeças inteiras.
Levam‑se a ferver durante 2 ou 3 minutos em água com um pouco de sal. Depois escorrem‑se bem num passador.
Batem‑se muito bem os ovos com o sal e a pimenta, e adicionam‑se os espargos, envolvendo muito bem.
Leva‑se uma frigideira antiaderente ao lume com um pouco de azeite para aquecer.
Quando estiver quente deitam‑se os ovos, que se deixam prender, começando lentamente a enrolar a omeleta, deixando-a cozinhar enquanto se enrola.
Serve‑se simples com um bom pão ou com uma salada de alface, só levemente temperada.
Sopas
Sopas de tomate
Ingredientes
- 500 g de pão cortado às fatias finas
- (pão de trigo com 2 ou 3 dias)
- 1 cebola média cortada
- 1 dente de alho
- 1 folha de louro
- 4 tomates médios bastante maduros
- 6 colheres de sopa de azeite
- 1 colher de sopa de banha de porco
- 1 malagueta pequena (opcional)
- Sal q.b.
- 1 ramo de hortelã
Preparação
Leva‑se uma panela ao lume com o azeite, alho, cebola, louro, banha de porco e colorau.
Após 10 minutos ao lume, acrescenta‑se o tomate pelado e cortado aos cubos pequenos.
Deixa‑se apurar durante 5 minutos.
Acrescenta‑se água q.b., sal a gosto e a malagueta. Deixa‑se ferver durante 5 minutos.
Com o lume desligado acrescenta‑se o pão e um ramo de hortelã e deixa‑se repousar cerca de 15 minutos. As sopas estão prontas para servir.
(cont.)